Negócios

Além do iogurte, Danone encara queda nas vendas de água

Assim como no mercado de iogurtes, empresas engarrafadoras de água se deparam com desafios estruturais, como a crescente rejeição a embalagens plásticas

Danone: esforços de recuperação do presidente estão centrados em diversificar a linha de produtos para longe dos laticínios. (Andrey Rudakov/Bloomberg)

Danone: esforços de recuperação do presidente estão centrados em diversificar a linha de produtos para longe dos laticínios. (Andrey Rudakov/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 22 de outubro de 2019 às 06h00.

Com a migração de consumidores para alternativas veganas, a Danone já enfrentava a queda nas vendas de iogurte. Agora, encara o recuo da operação de garrafas d’água.

As ações apontavam para o maior tombo em mais de uma década depois que a maior fabricante mundial de iogurte reduziu a projeção para o faturamento anual. Trata-se de um grande revés nos esforços de recuperação do presidente Emmanuel Faber, centrados em diversificar a linha de produtos para longe dos laticínios.

“Foi uma decepção em termos de qualidade e quantidade. Nossa confiança na narrativa de recuperação no longo prazo foi abalada”, escreveu James Edwardes Jones, analista da RBC, em nota enviada a clientes.

A atualização da perspectiva da Danone vem um dia depois de a rival Nestlé anunciar planos para reestruturar a divisão de água, que deve registrar um segundo ano consecutivo de queda nas vendas. Assim como no mercado de iogurtes, empresas engarrafadoras de água se deparam com desafios estruturais, incluindo a crescente rejeição a embalagens plásticas e a ascensão de concorrentes que vendem com desconto.

As vendas de garrafas d’água pela companhia francesa caíram 0,9% no terceiro trimestre, o que analistas da Sanford C. Bernstein consideram o pior desempenho em uma década. Havia expectativa de desaceleração e a Danone informou que o tempo mais fresco que o normal em agosto, durante o verão no Hemisfério Norte, prejudicou o consumo. No entanto, os investidores não previam uma queda.

A receita total comparável aumentará de 2,5% a 3% neste ano, informou a empresa nesta sexta-feira. A previsão anterior de Faber, de crescimento ao redor de 3% em 2019, já era vista como fraca pelos investidores.

As ações chegaram a recuar mais de 8%.

Tentativa de recuperação

Em seu quinto ano no cargo, o presidente ainda não conseguiu chegar a uma retomada sustentável na operação de laticínios na Europa, que registrou crescimento mínimo no trimestre. Agora, a fraqueza se espalhou para a operação de iogurtes nos EUA, que perdeu participação de mercado. Na Rússia, os consumidores migraram para marcas mais baratas. O volume total de vendas em todas as categorias de produtos diminuiu pelo sexto trimestre seguido.

A expansão das vendas de 3% no terceiro trimestre ficou aquém da projeção dos analistas, de 3,8%. Segundo a diretora financeira, Cecile Cabanis, a Danone acredita que o crescimento vai se acelerar e mantém a previsão de aumento das vendas de 4% a 5% no ano que vem.

“É preciso que os novos produtos da Danone em laticínios e iogurtes ganhem impulso para haver uma retomada”, afirmou Duncan Fox, analista da Bloomberg Intelligence.

A aquisição da WhiteWave, por US$ 10 bilhões, começa a valer a pena com o avanço dos alimentos alternativos à base de plantas. A receita da marca Alpro subiu mais de 10%.

--Com a colaboração de Albertina Torsoli.

Acompanhe tudo sobre:BloombergDanoneLaticíniosReestruturação

Mais de Negócios

Os planos da Voz dos Oceanos, a nova aventura da família Schurmann para livrar os mares de plásticos

Depois do Playcenter, a nova aposta milionária da Cacau Show: calçados infantis

Prof G Pod e as perspectivas provocativas de Scott Galloway

Há três meses, marca de hair care Braé lançou produtos para magazines que já são 10% das vendas

Mais na Exame