São Paulo, 4 de abril (Portal EXAME) A AES Corporation, que no Brasil controla a Eletropaulo, anunciou nesta sexta-feira nos Estados Unidos que pretende emitir US$ 1 bilhão em papéis. Desse total, US$ 475 milhões devem ser usados para saldar dívidas já contraídas pela empresa, que enfrenta dificuldades financeiras.

Na última segunda-feira, dia 31, a Eletropaulo deixou de pagar uma parcela de US$ 85 milhões de sua dívida com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A empresa deve ao banco US$ 1,2 bilhão, capital emprestado para os compradores da Eletropaulo há cinco anos. Como foram dadas ao BNDES as próprias ações da Eletropaulo como garantia ao empréstimo, teoricamente o BNDES poderia assumir o controle da empresa, que então voltaria a ser estatizada. Também especula-se no mercado que o dinheiro que a matriz usaria para saldar dívidas não seria utilizado para abater seus débitos no Brasil.

De acordo com o analista Fábio Mota, da Sul América Investimentos, caso isso venha a acontecer, a notícia poderá até ser bem recebida pelo mercado. A Eletropaulo é uma ótima geradora de caixa e está enfrentando problemas por causa da situação da matriz , diz Mota. Na sua opinião, se ela passasse para as mãos do BNDES, seu risco de crédito cairia praticamente a zero e o custo para novos financiamentos baixaria drasticamente.

A Eletropaulo é a maior empresa de distribuição de energia elétrica da América Latina. Atua em 24 municípios do Estado de São Paulo, incluindo a capital, e atende a cerca de 14 milhões de pessoas. Em 1998, quando foi privatizada, a Eletropaulo passou a ser administrada pela AES, a brasileira CSN, a Eletricité de France (EDF) e a americana Reliant Energy. Em 2001, a AES assumiu o controle sobre a Eletropaulo.