A Advent vê com bons olhos os setores de materiais de construção e farmácias (Alexandre Battibugli/EXAME/Exame)
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2011 às 16h59.
São Paulo - A Advent International Corp. tem US$ 2 bilhões para fazer aquisições no Brasil no setor de varejo para se aproveitar do crescimento mais rápido da economia do País e da pulverização de alguns segmentos do comércio.
“Estamos olhando várias empresas nos setores de varejo de nicho”, disse Patrice Etlin, principal executivo da firma no País, em uma entrevista por telefone de São Paulo ontem. “O varejo alimentício e o de eletrodomésticos, o das linhas branca e marrom, já passaram por uma consolidação. Já o varejo especializado está extremamente pulverizado ainda”.
Os setores de materiais de construção e farmácias são exemplos de varejo de nicho, segundo Etlin. A empresa, que é especializada em compra de participações em companhias de capital fechado, vai fechar negócios este ano, disse Etlin, sem dar mais detalhes sobre prazos.
As vendas no varejo no Brasil cresceram 17 por cento nos 12 meses encerrados em novembro, segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Neste ano, o Produto Interno Bruto deve se expandir 4,6 por cento, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, publicada no dia 31 de janeiro. O desemprego, por sua vez, continua em queda. Em dezembro, a taxa caiu para 5,3 por cento, segundo o IBGE, menor nível da série histórica.
O fundo de private equity Advent International atua no Brasil desde a década de 90 com foco em varejo e serviços. O grupo fez investimentos em companhias como a rede de lojas de aeroportos Dufry Group, na Cetip SA - Balcão Organizado de Ativos e Derivativos e na International Meal Co. Holdings SA, controladora de redes de restaurantes, como o Viena e Frango Assado.
‘Valuations subiram’
Etlin disse que a taxa de crescimento do consumo do Brasil é o que mais atrai o grupo para esse setor. Segundo ele, o crescimento é suficiente para mais do que compensar o encarecimento dos ativos, resultado da maior concorrência dos fundos de private equity e de investidores nessa corrida por aquisições.
“Os ‘valuations’ subiram. O contrapeso desse preço exigido maior pelos ativos é o crescimento”, disse Etlin. “A gente está embutindo um crescimento maior e consegue justificar um preço de entrada maior.”
A estratégia de aquisições que a Advent International vai adotar em 2011 segue a linha usada em outras operações, como a que envolveu a Quero-Quero, na Região Sul, em 2008. O grupo, que vende materiais para casa e construção, aumentou o número de lojas de 164 para 182 desde que foi assumida pela Advent.
No ano passado, o fundo comprou três concorrentes locais da Quero-Quero, agregando 12 pontos de venda. Para este ano, outras aquisições vão somar mais 35 lojas, disse Etlin. A expansão vai ocorrer nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
“Se você constrói uma plataforma inicial, que tenha um múltiplo mais elevado e que permita a você entrar no setor, então em seguida existe um mar de oportunidades de empresas médias com múltiplos razoáveis.”