“Adotem as novas tecnologias. Resistir é inútil”, diz CEO brasileiro de uma das big techs dos EUA
Cristiano Amon lidera a Qualcomm, a gigante de semicondutores com um valor de mercado estimado em US$ 191 bilhões
Repórter de Negócios
Publicado em 8 de abril de 2024 às 17h31.
Última atualização em 11 de abril de 2024 às 16h08.
SUNNYVALE (Estados Unidos) - “A melhor coisa para fazer agora é abraçar a tecnologia de inteligência artificial. Resistir é inútil”, afirma Cristiano Amon. O brasileiro é o CEO global daQualcomm, uma das maiores empresas de chips para smartphones dos Estados Unidos e um dos líderes globais no setor.
O executivo falou no Brazil at Silicon Valle y, evento realizado nos Estados Unidos, para conectar empreendedores brasileiros ao ecossistema de inovação americana no Vale do Silício.
“O que vai acontecer com a velocidade de desenvolvimento e quão impactante vai ser? Não sabemos. Eu digo muitas vezes que às pessoas que alguns dos casos de uso que vemos agora estão apenas nos estágios iniciais. Não sabemos o que os desenvolvedores serão capazes de fazer. Mas eu acho que a tecnologia é muito transformadora”, diz o executivo, na liderança da companhia desde 2021 - desde 2018, ele já ocupava a posição de presidente.
Amon chegou à companhia americana em 1995, num período que chamou de “diáspora de engenheiros eletrônicos brasileiros”.
De lá para lá, ele acompanhou a transformação da companhia, que passou de um sistema de radiocomunicação para uma empresa de computação, ocupando lugar de destaque global no mercado de chips para celulares e redes de computação ao entregar produtos com alta capacidade de processamento e velocidade, como o Snapdragon, um dos sucessos da casa.
Segundo dados a consultoria do mercado móvel Counterpoint, a empresa detém uma participação de 32% no mercado de semicondutores para smartphones.A Qualcomm tem um valor de mercado de US$ 191 bilhões.
“Nós estamos desenvolvendo tecnologias internamente, estamos abraçando iniciativas externas, usando em cada produto. E acho que será uma corrida, com os vencedores e perdedores. As empresas que conseguirem encontrar uma maneira de aproveitar essa tecnologia serão as mais bem-sucedidas”, diz.
Qual é o momento da Qualcomm
A própria Qualcomm está neste processo de transformação. Após evoluir nos celulares, entregando chips que possibilitaram dar velocidade à adoção de tecnologias como 3G, 4G e 5G, a empresa tem buscado se posicionar na área de computacional espacial, integrando os universos físicos e digitais, e investido no mercado automotivo.
É uma visão de evolução das tecnologias, mas também um movimento para diversificar as estratégias diante de um cenário em que novos competidores começaram a penetrar neste mercado.
Caso da chinesa Huawei e da própria Nvidia, que se tornou a terceira empresa mais valiosa dos Estados Unidos com a ampla adoção dos seus processadores para suportar os LLMs (grandes volumes de dados) das inteligências artificiais.“Se você observar um carro, elétrico ou não, é um espaço de computação digital”, diz. “Nós estamos trabalhando com todas as empresas automobilísticas, incluindo todas as novas montadoras chinesas, porque o carro está realmente se tornando um computador sobre rodas. Outra coisa que estamos olhando com em computação espacial é nos óculos, que eu sou um grande crente, de que serão os próximos telefones”.
Por trás dos investimentos da companhia, está a ideia de conectar os momentos, por exemplo, usando soluções como IA para facilitar a vida dos motoristas, identificar problemas rapidamente dos veículos e a definição de rotas a partir de contextos de conversas.
"É onde nós estamos tentando chegar nesta nova fase de computação. É sobre levar a inteligência artificial a todos os dispositivos", diz Amon.
*O jornalista viajou a convite da organização do Brazil at Silicon Valley
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