Adiamento de assembleia mantém incerteza sobre ativos da Oi
Os acionistas da Portugal Telecom SGPS decidiram adiar assembleia para analisar venda dos ativos da Oi ao grupo Altice, mantendo dúvidas de investidores
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2015 às 17h41.
Lisboa/Rio de Janeiro - Os acionistas da Portugal Telecom SGPS decidiram nesta segunda-feira adiar em 10 dias a assembleia para analisar a venda dos ativos portugueses da Oi ao grupo Altice, mantendo as dúvidas de investidores sobre a operação de 7,4 bilhões de euros essencial para o futuro da operadora brasileira.
Segundo analistas, o adiamento fará com que investidores penalizem ainda mais as ações da Oi, que fecharam em queda de quase 14 por cento na BM&FBovespa , nesta segunda-feira. Em 2015, os papéis da empresa já acumulam baixa de 34 por cento.
Analistas consideram a possibilidade do grupo francês desistir da compra caso haja novo adiamento na próxima reunião. "Acredito que a Altice vai esperar os 10 dias. Mas se houver novo adiamento dia 22 de janeiro, é grande a chance de desistirem da oferta", disse Celson Plácido, estrategista da XP Investimentos.
"Esse cenário seria muito ruim para a Oi", que até setembro passado tinha dívida líquida de cerca de 48 bilhões de reais e caixa disponível de 3,8 bilhões, acrescentou Plácido.
A venda dos ativos portugueses é uma operação importante para a Oi, que está sob pressão para reduzir sua dívida e ter recursos para seguir investindo em seus negócios no Brasil. A empresa também pretende participar de uma eventual consolidação no mercado de telecomunicações brasileiro.
Em comunicado, a operadora brasileira disse ter apoiado a suspensão da assembleia após pedidos de esclarecimentos do regulador dos mercados de Portugal.
A Oi salientou que a venda é o melhor para todos os acionistas, reafirmando que a operação habilitará a companhia a participar do processo de consolidação no Brasil. A Oi também reafirmou compromisso de migrar suas ações para o segmento Novo Mercado, o de governança mais elevada da BM&FBovespa, mas não informou nesta segunda-feira perspectiva de prazo para isso.
Protesto
A operação de venda dos ativos portugueses vem sofrendo resistência por parte de alguns investidores da Portugal Telecom SGPS, principal acionista da Oi.
Entre os investidores está o banco português BPI, que tem participação indireta na empresa. O presidente da instituição afirmou na semana passada que a venda dos ativos deixa a fusão das empresas sem sentido e que a própria união é "tragédia para os acionistas da PT SGPS" diante da forte desvalorização das ações da Oi que tem arrastado a cotação dos papéis da empresa portuguesa.
O banco é um dos acionistas do Fundo de Resolução, dono do Novo Banco, que ficou com os ativos não tóxicos do BES e que é o maior acionista do grupo de telecomunicações português. O Novo Banco tem 12,6 por cento do capital da Portugal Telecom SGPS.
Acionistas e trabalhadores da Portugal Telecom alegam que a venda dos ativos infringe os acordos firmados na fusão entre a empresa e a Oi, acertada alguns meses atrás. Segundo eles, a venda dos ativos vai desfazer na prática uma fusão que ainda não foi legalmente finalizada.
Nesta segunda-feira, cerca de 100 trabalhadores da Portugal Telecom protestaram do lado de fora da sede da companhia em Lisboa contra a venda dos ativos, com cartazes com dizeres como "Oi fora da PT (Portugal Telecom)".
Para Leila Almeida, gerente de análise da consultoria Lopes Filho, uma eventual reversão da fusão entre as duas empresas não pode ser descartada. "Mas é difícil dizer como uma operação complexa como esta se daria", declarou.
A união das duas companhias foi fortemente abalada em junho do ano passado, quando foi descoberto um polêmico investimento da Portugal Telecom em uma emissão de dívida de 900 milhões de euros da Rioforte, holding do falido grupo português Espírito Santo.
Como resultado, o acordo de fusão foi revisto em detrimento dos acionistas da Portugal Telecom SGPS, que viram sua posição na empresa combinada com a Oi, a CorpCo, reduzida de 38 para 25,6 por cento.
Assembleia
Segundo fontes ligadas à Oi, a proposta de adiamento da assembleia por 10 dias foi aprovada por 90,03 por cento dos votantes na assembleia da Portugal Telecom SGPS, vencendo uma proposta concorrente de adiamento por 21 dias. A Oi e acionistas da Portugal Telecom SGPS, incluindo Novo Banco e o grupo de mídia Ongoing, propuseram o adiamento para 22 de janeiro seguindo posição do regulador dos mercados portugueses e do presidente da mesa da assembleia, que querem que sejam dadas informações adicionais aos acionistas.
A assembleia contou com representação de 50 por cento do capital da empresa. A venda dos ativos portugueses precisa da aprovação de dois terços dos acionistas da Portugal Telecom SGPS para avançar.
As ações da Portugal Telecom SGPS caíram fortemente na semana passada, quando a empresa foi alvo de buscas policiais por suspeitas de fraude qualificada. As investigações do governo português são focadas nas aplicações financeiras realizadas pela empresa. Nesta segunda-feira as ações tiveram negociações suspensas e só serão retomadas na terça-feira.
A nova assembleia de acionistas da Portugal Telecom SGPS ocorrerá quatro dias antes de outra assembleia importante para a Oi, em 26 de janeiro, quando a operadora pedirá a debenturistas permissão para descumprir métricas de endividamento para ter recursos e flexibilidade financeira este ano.
Lisboa/Rio de Janeiro - Os acionistas da Portugal Telecom SGPS decidiram nesta segunda-feira adiar em 10 dias a assembleia para analisar a venda dos ativos portugueses da Oi ao grupo Altice, mantendo as dúvidas de investidores sobre a operação de 7,4 bilhões de euros essencial para o futuro da operadora brasileira.
Segundo analistas, o adiamento fará com que investidores penalizem ainda mais as ações da Oi, que fecharam em queda de quase 14 por cento na BM&FBovespa , nesta segunda-feira. Em 2015, os papéis da empresa já acumulam baixa de 34 por cento.
Analistas consideram a possibilidade do grupo francês desistir da compra caso haja novo adiamento na próxima reunião. "Acredito que a Altice vai esperar os 10 dias. Mas se houver novo adiamento dia 22 de janeiro, é grande a chance de desistirem da oferta", disse Celson Plácido, estrategista da XP Investimentos.
"Esse cenário seria muito ruim para a Oi", que até setembro passado tinha dívida líquida de cerca de 48 bilhões de reais e caixa disponível de 3,8 bilhões, acrescentou Plácido.
A venda dos ativos portugueses é uma operação importante para a Oi, que está sob pressão para reduzir sua dívida e ter recursos para seguir investindo em seus negócios no Brasil. A empresa também pretende participar de uma eventual consolidação no mercado de telecomunicações brasileiro.
Em comunicado, a operadora brasileira disse ter apoiado a suspensão da assembleia após pedidos de esclarecimentos do regulador dos mercados de Portugal.
A Oi salientou que a venda é o melhor para todos os acionistas, reafirmando que a operação habilitará a companhia a participar do processo de consolidação no Brasil. A Oi também reafirmou compromisso de migrar suas ações para o segmento Novo Mercado, o de governança mais elevada da BM&FBovespa, mas não informou nesta segunda-feira perspectiva de prazo para isso.
Protesto
A operação de venda dos ativos portugueses vem sofrendo resistência por parte de alguns investidores da Portugal Telecom SGPS, principal acionista da Oi.
Entre os investidores está o banco português BPI, que tem participação indireta na empresa. O presidente da instituição afirmou na semana passada que a venda dos ativos deixa a fusão das empresas sem sentido e que a própria união é "tragédia para os acionistas da PT SGPS" diante da forte desvalorização das ações da Oi que tem arrastado a cotação dos papéis da empresa portuguesa.
O banco é um dos acionistas do Fundo de Resolução, dono do Novo Banco, que ficou com os ativos não tóxicos do BES e que é o maior acionista do grupo de telecomunicações português. O Novo Banco tem 12,6 por cento do capital da Portugal Telecom SGPS.
Acionistas e trabalhadores da Portugal Telecom alegam que a venda dos ativos infringe os acordos firmados na fusão entre a empresa e a Oi, acertada alguns meses atrás. Segundo eles, a venda dos ativos vai desfazer na prática uma fusão que ainda não foi legalmente finalizada.
Nesta segunda-feira, cerca de 100 trabalhadores da Portugal Telecom protestaram do lado de fora da sede da companhia em Lisboa contra a venda dos ativos, com cartazes com dizeres como "Oi fora da PT (Portugal Telecom)".
Para Leila Almeida, gerente de análise da consultoria Lopes Filho, uma eventual reversão da fusão entre as duas empresas não pode ser descartada. "Mas é difícil dizer como uma operação complexa como esta se daria", declarou.
A união das duas companhias foi fortemente abalada em junho do ano passado, quando foi descoberto um polêmico investimento da Portugal Telecom em uma emissão de dívida de 900 milhões de euros da Rioforte, holding do falido grupo português Espírito Santo.
Como resultado, o acordo de fusão foi revisto em detrimento dos acionistas da Portugal Telecom SGPS, que viram sua posição na empresa combinada com a Oi, a CorpCo, reduzida de 38 para 25,6 por cento.
Assembleia
Segundo fontes ligadas à Oi, a proposta de adiamento da assembleia por 10 dias foi aprovada por 90,03 por cento dos votantes na assembleia da Portugal Telecom SGPS, vencendo uma proposta concorrente de adiamento por 21 dias. A Oi e acionistas da Portugal Telecom SGPS, incluindo Novo Banco e o grupo de mídia Ongoing, propuseram o adiamento para 22 de janeiro seguindo posição do regulador dos mercados portugueses e do presidente da mesa da assembleia, que querem que sejam dadas informações adicionais aos acionistas.
A assembleia contou com representação de 50 por cento do capital da empresa. A venda dos ativos portugueses precisa da aprovação de dois terços dos acionistas da Portugal Telecom SGPS para avançar.
As ações da Portugal Telecom SGPS caíram fortemente na semana passada, quando a empresa foi alvo de buscas policiais por suspeitas de fraude qualificada. As investigações do governo português são focadas nas aplicações financeiras realizadas pela empresa. Nesta segunda-feira as ações tiveram negociações suspensas e só serão retomadas na terça-feira.
A nova assembleia de acionistas da Portugal Telecom SGPS ocorrerá quatro dias antes de outra assembleia importante para a Oi, em 26 de janeiro, quando a operadora pedirá a debenturistas permissão para descumprir métricas de endividamento para ter recursos e flexibilidade financeira este ano.