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Acordo da GM para acabar greve inclui fechamento de fábricas nos EUA

Greve que chegou ao fim foi a maior contra uma montadora de Detroit desde 1970

A greve custou à GM cerca de 2 bilhões de dólares, de acordo com analistas, (Anthony Lanzilote/Bloomberg)

A greve custou à GM cerca de 2 bilhões de dólares, de acordo com analistas, (Anthony Lanzilote/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 16h18.

Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 16h27.

Detroit — O sindicato United Auto Workers pressionou por salários mais altos e uma melhor cobertura para os trabalhadores temporários da General Motors como parte de sua tentativa de acordo para acabar com uma greve de um mês de duração nos EUA, mas o negócio também permite à montadora avançar com o fechamento de três fábricas, informou o sindicato nesta quinta-feira.

Os destaques do acordo foram divulgados pelo UAW depois que o conselho nacional do sindicato, representando as fábricas da GM nos Estados Unidos, revisou os termos do acordo de quatro anos. Caberá agora aos 48 mil trabalhadores ratificar o acordo.

Não ficou claro imediatamente se os trabalhadores encerrariam a greve naquele ponto ou permanecerão nas linhas de piquete durante a votação - um processo que pode durar até duas semanas.

A greve começou em 16 de setembro, com os negociadores do UAW buscando salários mais altos para os trabalhadores, maior segurança no emprego, maior participação nos lucros e proteção dos benefícios de saúde. Outras questões incluíram o destino das fábricas que a GM indicou que pode fechar, e o uso de trabalhadores temporários.

A greve custou à GM cerca de 2 bilhões de dólares, de acordo com analistas, prejudicou os fornecedores de automóveis e teve um papel na queda acima do esperado da produção industrial dos EUA em setembro.

A maior greve nacional contra uma montadora de Detroit desde 1970 se tornou um evento político. Candidatos presidenciais democratas se uniram às linhas de piquete do UAW, ansiosos por obter votos dos sindicatos nos Estados do centro-oeste do país. Por sua parte, o presidente dos EUA, Donald Trump, pressionou a presidente-executiva da GM, Mary Barra, antes da greve, para preservar empregos em uma fábrica de automóveis em Lordstown, Ohio, que ela pretendia fechar.

No entanto, com o acordo, a GM avançará com o fechamento de Lordstown e duas fábricas em Baltimore e Warren, Michigan. Os trabalhadores de Lordstown nesta quinta-feira protestaram o acordo planejado do lado de fora da sede da GM em Detroit, onde os líderes do UAW estavam reunidos.

A GM também parece ter se esquivado de um acréscimo significativo ao seu passivo patrimonial de longo prazo ao concordar em fazer uma distribuição única em dinheiro aos membros do UAW elegíveis para pensões.

A montadora está avançando com planos de investir 9 bilhões de dólares em suas fábricas nos EUA ao longo do acordo com o UAW, disseram fontes. Também criaria ou manteria 9 mil empregos no UAW, dos quais teriam um número substancial de novas vagas, disse uma pessoa familiarizada com os planos. O resumo do contrato do UAW não abordou esses números.

O acordo inclui aumentos salariais de 3% no segundo e quarto anos de contrato e pagamentos únicos de 4% no primeiro e terceiro anos, informou o UAW. A GM também concordou em tornar trabalhadores temporários com três anos de serviço permanentes.

Como parte do esforço para proteger empregos, o UAW disse que o sindicato e a empresa formarão um comitê que se reunirá pelo menos trimestralmente para discutir o impacto de futuras tecnologias como veículos elétricos e autônomos e seu efeito sobre os membros do UAW. Este grupo tratará de casos em que funções não seriam mais executadas pelo sindicato devido a novos processos de fabricação.

Se o acordo for aprovado pelos trabalhadores, o sindicato começará a negociar com a Ford ou a Fiat Chrysler sobre muitos dos mesmos problemas. O UAW concordou anteriormente em prorrogar temporariamente os contratos com as duas montadoras enquanto focava na GM.

Uma ratificação bem-sucedida não é certa, já que os trabalhadores durante as negociações de 2015 inicialmente rejeitaram um acordo com a FCA antes de finalmente aprovar uma oferta revisada.

As negociações deste ano foram ofuscadas por uma investigação federal mais ampla sobre corrupção no sindicato, embora funcionários e trabalhadores tenham dito que estavam concentrados nas negociações.

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