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Acionistas da Petrobras devem ficar sem dividendos

O lançamento de perdas nos balanços dos terceiro e quarto trimestres da estatal deve zerar lucro da companhia em 2014 e impedir pagamento de dividendos


	Petrobras: no balanço, serão registradas perdas referentes à reavaliação de seus ativos (imparidade) e também prejuízos decorrentes de corrupção
 (REUTERS/Paulo Whitaker)

Petrobras: no balanço, serão registradas perdas referentes à reavaliação de seus ativos (imparidade) e também prejuízos decorrentes de corrupção (REUTERS/Paulo Whitaker)

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Da Redação

Publicado em 16 de abril de 2015 às 21h52.

Rio - O lançamento de perdas nos balanços dos terceiro e quarto trimestres da Petrobras deve zerar o lucro da companhia em 2014 e impedir que a estatal pague dividendos sobre o resultado do ano passado aos acionistas.

No balanço, que será publicado na próxima quarta-feira, serão registradas perdas referentes à reavaliação de seus ativos (imparidade) e também prejuízos decorrentes de corrupção, calculados no cruzamento de dados judiciais da Operação Lava Jato com os arquivos de transações comerciais da companhia.

Depois de seis sessões seguidas de alta, as ações da Petrobras fecharam nesta quinta-feira, 16, em queda acentuada depois da informação de que a estatal não deve mesmo distribuir dividendos referentes a 2014.

A informação foi antecipada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Os papéis preferenciais da estatal, os mais negociados e sem direito a voto, caíram 3%; os ordinários, com direito a voto, recuaram 1,86%.

O jornal "O Estado de S. Paulo" apurou com fontes que acompanharam os trabalhos de adequação dos balanços que, sem o registro das perdas, a estatal registraria em 2014 lucro ligeiramente menor aos R$ 23,6 bilhões registrados em 2013.

Como irá zerar o resultado, a contabilização das perdas deve ficar em torno de R$ 20 bilhões. Uma grande preocupação na empresa é deixar claro, no balanço, o que foi registrado como perda natural no valor dos ativos - decorrente de mudanças no setor, especialmente a queda drástica no preço do barril de petróleo nos últimos anos - e o que representa perda com atividades sob suspeita de corrupção.

O suposto cartel que está sendo investigado pela Polícia Federal, formado por empreiteiras que prestavam serviços à Petrobras, instituiu, sob o comando de executivos da estatal que também estão sendo investigados, o que está sendo chamado na empresa de "ambiente artificializado de preços".

O volume envolvido no pagamento de propinas aos executivos da estatal deve ficar numa faixa bem mais baixa de valores, mas o processo de identificação foi dificultado pela ausência registros dessas ações.

Com a divulgação do balanço, a convicção na Petrobras é de que, ao contrário do que argumenta boa parte dos analistas de mercado, o momento é propício para levar a cabo o seu plano de venda de ativos, com o objetivo de fazer caixa e diminuir a dívida. A avaliação do mercado é de que a Petrobras precisará se desfazer de boa parte dos ativos com preços depreciados para conseguir levantar com urgência até US$ 13,7 bilhões para melhorar as finanças da companhia. Bancos já foram encarregados de encontrar compradores no Brasil e no exterior para esses ativos.

O jornalo apurou que a compra da gigante BG Group pela petrolífera anglo-holandesa Shell reforçou na Petrobras o sinal de que a venda dos próprios ativos reunirá potenciais interessados, mesmo que haja uma barganha nos preços por causa do momento atual, em que a companhia precisa levantar recursos.

A atuação da Petrobras como provedora de suprimento de energia do pré-sal - uma das mais importantes fronteiras de produção de petróleo recém-descobertas no mundo - será o trunfo usado pela direção da estatal para atrair investidores com perfil semelhante ao dos chineses, segundo informou uma fonte que participa das negociações.

No caso do financiamento de US$ 3,5 bilhões obtidos no início do mês do Banco de Desenvolvimento da China, a estatal deve pagar com o fornecimento de petróleo, em padrões semelhantes ao acordo feito em 2009, quando o banco de fomento chinês financiou US$ 10 bilhões à estatal brasileira, num contrato de dez anos.

A negociação previa a exportação de petróleo a uma subsidiária da petroleira chinesa Sinopec em volume de 150 mil barris por dia no primeiro ano e 200 mil barris pelos nove anos seguintes.

Alegando sigilo comercial, a Petrobras não informou os termos do acordo bilateral firmado com a China este ano. O jornal apurou que as condições do contrato, assinado em 1º de abril, foram consideradas "excelentes" pela atual diretoria da estatal.

No fato relevante divulgado na ocasião, a companhia frisou que o contrato dá continuidade à parceria entre o CDB e a Petrobras e é o primeiro de uma cooperação prevista para este ano e para 2016.

Com isso, o Brasil reforça seu comprometimento com o fornecimento de petróleo à China, que já estava firmado até 2019. E os chineses aumentam o investimento direto no Brasil.

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