OverA: gestora quer focar em mercado desassistido (Nuthawut Somsuk/Getty Images)
Uma parceria entre a Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) e a aceleradora de startups Grow+ pretende levar o corporate venture capital (CVC) brasileiro a outro patamar. Juntas, as instituições irão ajudar empresas a criarem seus veículos de investimento em startups a partir de uma metodologia própria e que considera, entre outras coisas, os recursos à disposição para isso.
O projeto é resultado de um trabalho conjunto entre o LinkLab, laboratório de inovação aberta da Acate, e a aceleradora — que também atua como gestora de investimentos.
Esse formato de investimento consiste na criação de veículos de investimento corporativos, pelos quais grandes empresas costumam destinar cheques a startups consideradas estratégicas — para o business ou para o mercado.
A conexão entre essas companhias costuma acontecer por meio de desafios de inovação, anunciados rotineiramente por empresas como forma de atrair startups com propostas de valor que respondam a uma necessidade específica da companhia.
A união das duas instituição visa facilitar o dia a dia de empresas ainda carentes de um veículo próprio para investimento nas pequenas tecnológicas, mas que já enxergam o imenso potencial nesse tipo de negócio.
No modelo desenvolvido para a parceria, a Grow+ se encarrega de ouvir as grandes empresas com o intuito de entender suas dores e necessidades e então estruturar o braço de CVC interno e seus regulamentos, respeitando a tese de investimentos que a empresa deseja seguir, o prazo para destinação de recursos — e é claro, o montante que irá dedicar à essa frente.
Depois de estruturar os veículos, a Grow+ deve gerí-los por um prazo mínimo de sete anos e que pode chegar a 10, a depender do volume dedicado à vertical de CVC, explica Paulo Beck, líder de CVC. "Vamos ajudar essas empresas a darem os primeiros passos. Em troca, não cogitamos valorização menor do que três vezes o valor investido no início do ciclo", diz.
Já a Acate ficará a cargo de conectar essas grandes empresas às startups mais promissoras e com maior afinidade com as propostas de cada um dos fundos.
A ideia é impactar neste primeiro momento, cerca de 40 empresas com faturamento acima de R$ 100 milhões. "São empresas que têm condições de tirar dinheiro no caixa, e enxergam os investimentos em startups como forma de inovar", diz Beck. "Vamos alcançar todo tipo de empresa que está encarando esse processo de transformação digital”.
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Na Acate, a intenção de ajudar empresas a avançar em suas agendas de inovação a partir da conexão com startups motivou a criação do LinkLab, há cinco anos. Desde então, a associação lança mão de uma extensa rede de contatos provenientes do ecossistema de inovação e empreendedorismo catarinense, conectando diretamente essas grandes empresas a diferentes agentes — como startups, por exemplo. Ao menos 50 companhias já passaram por esse processo, nos cálculos da associação.
Nessa toada, há um ano perceberam a necessidade de ter uma vertical direcionada ao corporate venture capital, auxiliando empresas a criar suas verticais próprias de investimentos em startups. “É algo que temos percebido há alguns anos, mas que ganhou força há um ano”, diz Silvio Kotujansky, diretor de inovação e novos negócios da Acate.
O movimento também acompanha o atual momento do mercado. Os investimentos corporativos em empresas são apontados como uma alternativa ao atual cenário de escassez no mercado de investimentos de risco.
O resultado disso é um volume três vezes maior de investimentos corporativos em startups entre os anos de 2020 e 2021, somando US$ 622 milhões, segundo o Distrito. Um estudo da consultoria Bain & Company indica que iniciativas de CVC crescem em média 30% ao mês no Brasil.