Negócios

A startup que pretende usar um fundo de R$ 150 milhões para salvar negócios no Rio Grande do Sul

Criada em 2017, a O2 Inc. atua com duas verticais de negócios: uma boutique de recuperação de empresas e uma operação de CFO as a service para pequenas e médias empresas

Pedro Albite, da O2 Inc.: "A estratégia é pegar negócios grandes nos quais teremos o poder de impactar todo o ecossistema de negócios" (02.Inc/Divulgação)

Pedro Albite, da O2 Inc.: "A estratégia é pegar negócios grandes nos quais teremos o poder de impactar todo o ecossistema de negócios" (02.Inc/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 20 de maio de 2024 às 10h01.

Última atualização em 27 de maio de 2024 às 14h01.

Tudo sobreNegócios em Luta RS
Saiba mais

Quando a consultoria Oriz Partners se uniu à gestora americana Albright Capital para levantar um fundo de R$ 150 milhões e encontrar empresas em situações difíceis, nem de longe imaginavam o cenário pelo qual passa o Rio Grande do Sul. 

As fortes chuvas nas últimas semanas afetaram mais de 2,3 milhões de pessoas e desalojaram mais de 500 mil. Atingiram ainda 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Mas os recursos captados podem ir em socorro a empresas do estado sulista, que começam a descobrir o tamanho do impacto e do estrago deixados pelos temporais. Do valor pretendido, a Oriz, de Carlos Kawall, ex-secretário de Tesouro Nacional, e a Albright, fundada pela ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright, já têm no caixa R$ 92 milhões e continuam em captação do restante.

Como funciona o modelo de investimento

Quem lidera a busca pelo resgate dos empreendimentos é a O2 Inc., startup criada pelo administrador de empresas gaúcho Pedro Albite, em 2017. O negócio da O2 está estruturado em duas verticais: uma boutique especializada em movimentos de turnaround  e uma operação de CFO as a service para pequenas e médias empresas, com faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 300 milhões por ano. 

Faz pouco mais de três anos que a O2 atua em projetos com a Oriz e a Albright e a ainda a T&SS, assessoria de Pedro Guizzo e João Lencioni. O que une as quatro empresas é a tese de “special situation”. Em português, significa encontrar aqueles ativos depreciados e estressados, em complexa situação financeira, mas que apresentam elevado potencial de turnaround e, por consequência, retorno. No novo fundo, a O2 era a representante no Sul do país.

“Em termos de direcionamento do fundo, não mudou nada, a não ser uma catástrofe que potencializa e aumenta o leque de opções de empresas que vão precisar”, diz Albite. “E um capital que não seria nem necessário na época, hoje passa a ser. Então, pelo ocorrido, passamos a ter os olhos mais voltados para as empresas gaúchas e com um volume representativo de capital”.

A diferença deste tipo de operação para modelos mais tradicionais, como empréstimos ou linhas de crédito, é a compreensão do tamanho da “dor de cabeça” enfrentada por essas companhias. Em geral, diante de crises, as instituições financeiras puxam o freio e o acesso a recursos fica mais limitado. 

Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal EXAME Empreenda

Quais os próximos passos

“Para encontrar oportunidades em ativos estressados, você precisa saber o funcionamento de um ativo estressado. E para saber, um dos principais fatores é compreender o porquê e o que precisa para ele deixar de ser estressado e virar um ativo potencial. Quem trabalha nesse setor consegue fazer o diagnóstico correto e encontrar esses caminhos de tornar e de potencializar esse negócio”, diz Albite. 

De acordo com números internos da fintech, a O2 já atuou em mais de 150 processos de turnaround e recuperação de empresas, incluindo nomes como Credeal, conhecida por cadernos, e a Gatron, do Paraná. Em casos de reestruturação, além do time para reposicionar os negócios, a startup vai atrás do capital para sustentar a operação. 

Neste momento, o objetivo é encontrar empresas mais maduras e com portes entre médio e grande para investir valores a partir de R$ 10 milhões. “A nossa estratégia é pegar negócios grandes nos quais teremos o poder também de impactar todo o ecossistema que aquela empresa acaba movimentando, como insumos e fornecedores”, afirma Albite.

O empreendedor conta que as conversas começaram na última semana, com empresas que já estavam no portfólio da O2, e devem ganhar um novo ritmo a partir de agora. Nesta semana, os times das quatro empresas iniciam as análises em conjunto de companhias que buscam um novo futuro após os impactos das chuvas. 

Negócios em Luta

A série de reportagens Negócios em Luta é uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Cerca de 700 mil micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolam o estado desde o fim de abril.

São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a água das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Os textos do Negócios em Luta mostram como os negócios gaúchos foram impactados pela enchente histórica e, mais do que isso, de que forma eles serão uma força vital na reconstrução do Rio Grande do Sul daqui para frente. Tem uma história? Mande para negociosemluta@exame.com.

Acompanhe tudo sobre:Negócios em Luta RSRio Grande do SulEnchentes no RS

Mais de Negócios

Dono de empresa de água engarrafada é o mais rico da China, com fortuna de R$ 344,99 bi; veja lista

ARTIGO: O que aprender com a Capital Nacional das Startups

Isak Andic, fundador da Mango, morre em acidente na Espanha

Jumbo Eletro: o que aconteceu com o primeiro hipermercado do Brasil