Pouca gente sabe, mas existem no Brasil hoje cerca de 30 minúsculas operadoras, que competem com Telemar, Telefônica e Brasil Telecom. Elas se interessaram em adquirir licenças do governo depois que as grandes operadoras e suas principais competidoras, GVT e Vésper, já estavam estabelecidas no mercado. Durante muito tempo, essas empresas, verdadeiras minitelefônicas, não podiam sequer sonhar em competir com as gigantes. Mas agora, graças à tecnologia de telefonia pela internet, elas vislumbram uma saída para seus negócios. São empresas como a Tmais -- que presta serviços de telefonia a 2 500 clientes em Lajeado, no Rio Grande do Sul, e no Rio de Janeiro -- ou a Primeira Escolha, de São Paulo.

A tecnologia da internet, conhecida como voz sobre IP, ou VoIP, barateou em até dez vezes os investimentos em infra-estrutura. Além disso, sem essa tecnologia, as pequenas dependiam do aluguel das redes das grandes para chegar aos domicílios, uma situação pouco sustentável. Com a VoIP, porém, o usuário pode ligar o telefone na rede de TV a cabo ou até na rede elétrica. "Basta que o cliente tenha um acesso de internet em banda larga para contratar nossos serviços", diz José Francisco Cavalcanti, presidente da Tmais. Com a VoIP, a Tmais espera quintuplicar o faturamento atual, hoje em torno de 2,4 milhões de reais.

Inaugurada no final de 2004, a Primeira Escolha pretende investir 15 milhões de dólares até 2006 para oferecer VoIP aos mercados corporativo e residencial. A expectativa é que já neste ano a receita com a telefonia pela internet ultrapasse a gerada pelas ligações tradicionais. "Essa é a real competição da telefonia", diz Mário Leonel, presidente da Primeira Escolha. Para vender no varejo, a estratégia das minitelefônicas é fazer parcerias com grandes provedores de internet em alta velocidade. A Transit Telecom, também de São Paulo, vai vender seu serviço de VoIP residencial com a Hughes Network, o maior provedor de banda larga via satélite do país. A Primeira Escolha fechou parceria com a TVA, empresa de TV paga do Grupo Abril, para oferecer serviços de telefonia. Já há 5 milhões de acessos de internet rápida no Brasil. "Todos são potenciais clientes", afirma Jorge Noboru, vice-presidente da Transit.

Um usuário de uma rede voip custa 30% do preço de um usuário tradicional uma rede voip pode custar 10% do preço de uma rede tradicional de telefonia