Banco do Brasil: retorno sobre o patrimônio líquido para o acionista do BB ficou em 10,2% no 2º trimestre (Pilar Olivares/Reuters)
Luísa Melo
Publicado em 24 de agosto de 2016 às 11h54.
São Paulo - O novo presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, assumiu como missão elevar a rentabilidade da empresa.
"Vamos retomar o nível dos nossos pares privados, essa será uma marca da nossa gestão", disse em entrevista a jornalistas na quinta-feira (11), para divulgar o desempenho da instituição no segundo trimestre.
Esse é o primeiro balanço que o banco apresenta sob o comando do executivo, que assumiu o cargo em maio, nomeado pelo presidente interino Michel Temer.
Caffarelli evitou sinalizar quando o BB conseguirá alcançar os concorrentes, mas afirmou que, em 2017, os resultados já devem ser "mais consistentes".
"Isso não vai acontecer de um dia para o outro, mas estamos no caminho certo".
Segundo ele, a evolução da rentabilidade será conquistada com o aumento da margem financeira e das receitas com serviços, além do controle rígido das despesas e das provisões para cobrir calotes.
O desafio é grande. De abril a junho, o retorno sobre o patrimônio líquido para o acionista do BB ficou em 10,2%, bem abaixo dos números do Itaú (20,6%) e do Bradesco (17,5%).
Porém, o indicador, que mede como um banco remunera o capital de seus investidores, apresentou melhora frente aos três meses anteriores, quando havia ficado em 7,3%. No segundo trimestre do ano passado, ele estava em 17,6%.
Obstáculos
O lucro líquido ajustado do Banco do Brasil, que exclui efeitos extraordinários, ficou em 1,8 bilhão de reais, 40,8% menor que em igual período de 2015. De janeiro a março, o número havia sido de 1,28 bilhão.
O resultado foi impactado, principalmente, por uma provisão relacionada a um caso específico de uma empresa do segmento de óleo e gás. O nome desse cliente não foi revelado, mas especula-se que seja a Sete Brasil.
As despesas para cobertura de empréstimos que podem não ser pagos somaram 8,2 bilhões de reais no trimestre, número 59,5% maior que o reportado em igual intervalo do ano passado, mas 9,5% menor que o do trimestre anterior.
Pelo mesmo motivo, o índice de inadimplência para dívidas vencidas há mais de 90 dias cresceu. Ele ficou em 3,7% em junho, 1,38 ponto percentual acima dos 12 meses anteriores e 0,67 ponto percentual superior a março.
Excluído o efeito excepcional do calote da companhia citada, a taxa de atrasos ficaria em 2,85% no trimestre.
Segundo o vice-presidente de relações com investidores do banco, José Mauricio Coelho, esse crédito já está 100% provisionado e será baixado como perda até o fim do ano, o que deve fazer com que inadimplência caia.
A carteira de crédito ampliada do Banco do Brasil totalizou 751,2 bilhões de reais em junho, queda de 1,2% no confronto anual.
O encolhimento é resultado de menos financiamentos concedidos a empresas, que caíram 5,4% na mesma comparação. Já os empréstimos a pessoas físicas e ao agronegócio cresceram 6,3% e 9,6%, respectivamente.
Números positivos
A margem financeira bruta (diferença entre os juros cobrados e o custo de captação) do Banco do Brasil ficou em 14,6 bilhões de reais no segundo trimestre, alta de 17,5% ante igual período de 2015.
A companhia também teve uma boa performance nas rendas com tarifas, que alcançaram 6,1 bilhões de reais de abril a junho, um salto de 12,8% em 12 meses.
Os destaques foram as receitas com conta corrente, que cresceram 22,6%, e com cartões de crédito e débito, que subiram 21,3%.
"É importante frisar que vamos ter mais serviços e não aumentar as tarifas", disse Caffarelli.
O banco tem se esforçado para conquistar mais clientes de alta renda, segmento com produtos e atendimento exclusivos – e também taxas mais caras.
Outro ponto positivo do resultado foi o controle das despesas administrativas, que cresceram apenas 2,7% entre junho de 2015 e o mesmo mês deste ano, bem abaixo da inflação acumulada para o período, de 8,84%.
Perspectivas para 2016
Diante dos resultados do trimestre, o banco revisou algumas perspectivas para o ano.
Antes, esperava-se que a margem financeira avançasse entre 7% e 11% e agora a expectativa é de que ela cresça de 11% a 15%.
Já as previsões para a carteira de crédito pioraram de um crescimento entre 3% e 6% para uma queda de 2% a uma expansão de 1%.
O impacto maior deve-se aos empréstimos a pessoas jurídicas, para os quais é estimada uma contração de 6% a 10%, ante crescimento de 1% a 4% anteriormente.