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A B2W, que despenca na bolsa, está tão mal assim?

A empresa sofre com cenário mais competitivo, com fortalecimento de Mercado Livre e Amazon, mas está no caminho certo para, enfim, gerar caixa positivo

B2W: empresa foca em marketplace para ganhar rentabilidade (Luis Ushirobira/Site Exame)

Karin Salomão

Publicado em 22 de março de 2019 às 17h40.

Última atualização em 22 de março de 2019 às 18h27.

A varejista online B2W passa por um sufoco nesta sexta-feira, 22. A companhia é pressionada por diversos fatores, alguns dos quais fogem do seu controle. Mas, por ser uma empresa que dá prejuízo e queima caixa há anos, é mais impactada pelas oscilações do mercado e suas ações caíram 9% hoje. A queda já havia sido de 6% ontem, mas, desde o início do ano, a ação se manteve estável.

Controlada pela Lojas Americanas, a varejista divulgou os resultados anuais no dia 20, com crescimento nas vendas de 32%, aquém do esperado pelo mercado. A dona dos sites Submarino.com, Americanas.com, Shoptime e Sou Barato consumiu 239 milhões de reais em caixa no ano passado, redução de 75% em relação ao período anterior. Em 2018, o prejuízo foi de 397,4 milhões de reais, comparado com as perdas de 411,4 milhões de reais em 2017.

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A empresa sofre com um mercado mais competitivo. A Amazon amplia sua presença no mercado brasileiro e o Mercado Livre levantou 1,85 bilhão de dólares de recursos em ofertas de capital, para investir, principalmente, em seu marketplace e em sua divisão financeira, Mercado Pago.

Além disso, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de valores, caiu 3% hoje, com as repercussões das prisões do ex-presidente Michel Temer e de Moreira Franco, ex-ministro de Minas e Energia, que deram início ao receio em relação ao andamento da reforma da Previdência. O movimento ampliou a queda da varejista.

A B2W afirma que continuará firme em seu plano de crescimento em 2019. "No ano passado crescemos acima do mercado e a expectativa é manter. Já vivemos em um ambiente competitivo há um tempo e não achamos que 2019 será diferente. Será um ano de ganho em participação de mercado", disse Carlos Eduardo Rosalba Padilha, diretor operacional em teleconferência com investidores.

Apesar dos percalços de curto prazo, analistas afirmam que a empresa está no caminho certo para alcançar lucro e, enfim, ser uma empresa autossustentável, sem depender da injeção de capital de sua controladora.

Desde 2017, a varejista online está desacelerando as vendas próprias em sua plataforma e dependendo cada vez mais fortemente do marketplace, em que terceiros colocam seus produtos à venda. O marketplace é uma operação menos arriscada e com menor necessidade de caixa, já que a empresa não precisa comprar ou estocar os produtos.

"Há uma preocupação maior com o mercado de vendas online, que está mais competitivo, que aumenta as incertezas para a empresa", afirma Betina Roxo, analista da XP Investimentos. "Mas temos uma visão positiva da empresa. A estratégia no marketplace permite que a empresa melhore o capital de giro", diz.

Para o BTG Pactual, a estratégia é o caminho para a geração de caixa positivo. "Com o aumento da penetração do marketplace no total das vendas e uma operação própria mais saudável, estimamos geração positiva de caixa em 250 milhões de reais em 2019", escreveu o banco em relatório.

O avanço do marketplace também é apontado pelo Credit Suisse como uma estratégia importante para melhorar a rentabilidade. "Os resultados do quarto trimestre de 2018 reforçam que a B2W está promovendo uma bem sucedida transformação em seu modelo de negócio, de um comércio eletrônico voltado à operação própria para um modelo híbrido, no qual o marketplace ganha importância”, diz documento.

A estratégia deve ajudar a companhia a ganhar mercado em cima dos concorrentes, acredita o Itaú. "O crescimento da B2W é realmente impressionante e está se tornando cada vez mais sustentável. Com a operação própria recuperando força e as margens se acelerando, a empresa está em uma posição muito boa para continuar ganhando participação", diz relatório.

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