99 deslancha sua carteira digital e prevê ser top 3 ainda em 2021
O plano mostra como a companhia comprada há três anos pelo grupo chinês Didi Chuxing planeja ampliar mecanismos para fidelizar clientes
Reuters
Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 12h39.
Última atualização em 27 de janeiro de 2021 às 13h02.
A 99 vai escalar sua carteira digital 99 Pay no Brasil, apostando em um pacote de benefícios e no uso recorrente de seu aplicativo de transporte urbano para enfrentar gigantes com dezenas de milhões de usuários, como PicPay e Mercado Pago.
"Prevemos terminar 2021 como uma das três maiores carteiras digitais do país em usuários ativos", disse à Reuters Maurício Orsolini Filho, diretor da 99 Pay.
O plano mostra como a companhia comprada há três anos pelo grupo chinês Didi Chuxing planeja ampliar mecanismos para fidelizar clientes, na disputa com a rival maior Uber no país e ao mesmo tempo buscar opções para rentabilizar a base.
Lançada no ano passado, a 99 Pay opera hoje em apenas nove cidades, com 500 mil usuários, disse o executivo. Com a guinada neste ano, o objetivo é chegar aos 20 milhões de usuários ativos da 99, grupo atendido pelos cerca de 700 mil motoristas da marca em 1.600 cidades do país.
A ofensiva ocorre meses após uma aceleração das carteiras digitais no país, com as medidas de isolamento social para tentar conter o avanço da pandemia da Covid-19 levando milhões de pessoas a buscarem meios online para pagar compras ou para receber recursos emergenciais do governo.
O PicPay, por exemplo, triplicou sua base no ano passado, chegando a 41 milhões de contas. Além disso, redes varejistas país estão expandindo ou lançando carteiras digitais próprias, campanhas em geral montadas em custosos subsídios.
Embora não revele o valor do investimento, a 99 Pay vai pelo mesmo caminho, com ofertas que incluem desde rentabilidade de 220% do CDI sobre os recursos de clientes que ficarem na conta, até descontos em viagens da 99 e nos pedidos na 99 Food.
Embora vejam o movimento com algum otimismo, dado que isso tem contribuído para reduzir a desbancarização, especialistas do setor bancário têm apontado que o mercado de carteiras digitais no país deve passar por uma consolidação, dado que grande fatia dos clientes dessas redes é redundante, ou seja, uma pessoa pode ser usuário de várias marcas ao mesmo tempo.
No entanto, poucos negócios de contas digitais conseguirão sobreviver rentáveis e isso dependerá bastante de quais empresas conseguirão manter a recorrência de uso da sua base.
Para Orsolini Filho, por ter a carteira digital no mesmo guarda-chuva de uma grupo que inclui aplicativo de transporte urbano e de encomenda de refeições, a 99 tem a vantagem de, mesmo eventualmente tendo uma base menor, ter um nível de utilização superior. E é esse o critério que a empresa usa ao prever que será uma das maiores do país, de contas usadas pelo menos uma vez nos últimos 30 dias.
E para tentar otimizar o uso da carteira, a empresa tem ampliado a prateleira de serviços, incluindo a opção de o passageiro fazer um crédito na conta com o próprio motorista, que por sua vez recebe um bônus de 5% sobre o valor da transferência.
O aplicativo permitirá ainda que a diferença do valor das corridas pagas em dinheiro possa ser devolvida na 99 Pay, e que os usuários da carteira transfiram valores entre si.
O objetivo, claro, é reduzir a quantidade de pagamentos feitos em dinheiro vivo, que representam cerca de 70% das corridas. Segundo o executivo, nas cidades em que a 99 já opera a carteira digital, esse índice caiu para 60%.
As próximas iniciativas para tentar reduzir esse índice ainda mais serão oferecer na carteira digital a recarga para pagamento transporte coletivo, a integração com o PIX, sistema instantâneo de pagamentos, e a oferta de cartão de crédito, ainda no primeiro semestre deste ano.
Orsolini Filho diz, no entanto, que não há planos no momento para ampliar a prateleira de produtos na 99 Pay, como seguros e investimentos, por exemplo.
"Só vamos oferecer serviços financeiros que façam sentido para carteira digital", afirmou.