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6 empresas que já sofreram com a disparada do dólar no passado

Comemorada pelos exportadores, alta da moeda americana também pode gerar pesados prejuízos para companhias que não tomam cuidado

Eucaliptos da então Aracruz: dívidas maiores que as copas das árvores (Arquivo/EXAME.com)

Eucaliptos da então Aracruz: dívidas maiores que as copas das árvores (Arquivo/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2011 às 17h51.

São Paulo – A forte alta do dólar, nesta semana, é algo há muito desejado pelos exportadores brasileiros. Com o real enfraquecido, a competitividade dos produtos nacionais aumenta no exterior. Mas, a contrapartida é que as empresas endividadas em dólar sofrem – e algumas podem agonizar até a morte.

Foi o que ocorreu em 2008, quando a quebra do banco americano Lehman Brothers deixou o mundo em pânico e jogou a economia global em uma profunda crise – da qual a que estamos passando agora é uma consequência.

Naquele momento, empresas brasileiras registraram pesados prejuízos causados pelos derivativos cambiais. Os contratos davam lucro às companhias sempre que o real se valorizava. O problema é que, quando a direção inverteu, as perdas foram exponenciais. Veja, a seguir, seis exemplos de como o dólar alto pode abater companhias desavisadas:

Sadia sofreu prejuízo recorde

A Sadia entrou para a história como o exemplo clássico de perdas com derivativos cambiais. Em 2008, a empresa registrou um prejuízo de 2,5 bilhões de reais – o primeiro de seus então 64 anos de existência. O motivo foram as pesadas perdas com operações de câmbio. Somente no quarto trimestre daquele ano, a empresa contabilizou 2 bilhões de reais em perdas.

Abatida pelas perdas, a Sadia acabou se fundindo à Perdigão em 2009. O acordo, assinado em maio daquele ano, criou a Brasil Foods, nova líder do mercado brasileiro de alimentos processados – e uma das maiores do mundo.

Aracruz perdeu US$ 2,13 bilhões

A Aracruz foi outra vítima do repique do dólar há três anos. Na época, a então maior produtora de celulose de eucalipto do mundo divulgou perdas de 2,13 bilhões de dólares com derivativos cambiais.

O resultado levou a empresa a registrar prejuízo recorde naquele ano – 4,2 bilhões de reais. Duramente atingida pelo caso, a Aracruz acabou se fundindo com a VCP no ano seguinte, dando origem à Fibria.


Votorantim também foi atingida

Na esteira da disparada do dólar, em outubro de 2008, o Grupo Votorantim reconheceu perdas de 2,2 bilhões de reais. Na época, o grupo contava com 10 bilhões de reais em caixa. A situação ficou ainda mais complicada, porque a Votorantim negociava a compra da Aracruz, outra vítima dos derivativos de câmbio.

Em janeiro do ano seguinte, o Banco do Brasil comprou 49,99% das ações ordinárias do Banco Votorantim por 4,2 bilhões de reais. O mercado interpretou o negócio como uma medida do Grupo Votorantim para reequilibrar suas contas, após o vendaval do câmbio.

Ajinomoto do Brasil

Empresas de capital fechado no país, como a Ajinomoto, também foram atingidas naquele momento. A companhia contabilizou perdas de 180 milhões de reais com a flutuação do câmbio.

Do total, 70 milhões decorreram de dívidas atreladas à moeda estrangeira. A grande parte, porém, veio de operações com derivativos cambiais. Foi mais uma empresa pega no contrapé, ao apostar na valorização do real e ver a situação virar de ponta-cabeça.

Frigorífico Arantes

As perdas que o Arantes teve com o câmbio naquela época vieram a público, quando o frigorífico entrou em recuperação judicial e suas contas foram expostas aos credores. A empresa sofreu perdas estimadas entre 200 milhões e 250 milhões de reais.

Com o crédito escasso pela crise mundial e pela sua própria situação, o Arantes acumulou dívidas avaliadas em 1,5 bilhão de reais – e precisou recorrer à proteção da lei de falências.

Tok & Stok

Um exemplo de como a economia é interligada e suas oscilações atingem empresas insuspeitas é a Tok & Stok, uma das maiores varejistas de móveis e decoração do país. Seu caso tornou-se conhecido quando recorreu à Justiça para contestar uma dívida de até 55 milhões de reais cobrada pelo Itaú BBA.

A Tok & Stok argumentou, na época, que contratou um empréstimo de 23 milhões de reais com o Itaú BBA. O banco teria, então, montado operações de derivativos cambiais que atrelavam os juros da dívida à oscilação do dólar. Se a moeda americana caísse, os juros seriam menores. Se ultrapasse os 2 reais, porém, o montante a ser pago seria muito maior. E foi o que aconteceu.

Guru Buffett

Os seis casos acima mostram como variações repentinas do câmbio atrapalham a vida das empresas mais vulneráveis. Desde então, companhias de todos os setores afirmam que redobraram os cuidados com a exposição cambial.

Mas, como já disse o megainvestidor Warren Buffett, só quando a maré baixa é que se descobre quem estava nadando nu. Agora, é esperar para ver se o repique do dólar não vai deixar algumas empresas com uma mão na frente e a outra atrás.

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