4 grandes bancos estrangeiros que se meteram em enrascadas recentes
Barclays é apenas o última na lista dos escorregões do setor financeiro
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2012 às 16h33.
São Paulo - Nesta segunda, o presidente do conselho de administração do banco Barclays , Marcus Agius, foi demitido do cargo como consequência de um escândalo que vem sacudindo o Reino Unido. O Barclays é acusado de manipular a taxa Libor a seu favor. A taxa, que é referência para os juros pagos pelas instituições financeiras em empréstimos feitos umas às outras, acaba balizando contratos nos mercados de derivativos em todo mundo, bem como empréstimos entre empresas.
Na última quarta, o Barclays se comprometeu a pagar 290 milhões de libras para encerrar investigações das autoridades sobre a distorção artificial. A partir de agora, uma auditoria independente contratada pelo banco irá avaliar todos os negócios mantidos pela instituição. O caso vem à tona em meio a um cenário já turvo para o setor bancário britânico, afetado pelas discussões sobre resgates financeiros na Europa.
Por motivos diferentes, outros bancos de renome internacional caíram em maus lençóis nos últimos meses, questionados pelo governo e pela opinião pública. Confira os casos mais recentes que repercutiram mundo afora:
JP Morgan e a perda de 2 bilhão de dólares
Maior banco dos Estados Unidos em ativos, o JP Morgan anunciou perdas de nada menos que 2 bilhões de dólares por causa de uma estratégia de hedge que foi para o brejo.
Tentando usar derivativos para antecipar o comportamento das ações, o banco registrou perdas vultosas e reconheceu que deve sangrar ainda mais, com um prejuízo de até 800 milhões de dólares no segundo trimestre do ano. Jamie Dimon, CEO da instituição, classificou o erro de "maiúsculo", produto da "negligência" e de "más decisões" da sua equipe, em teleconferência a analistas.
O episódio, que tornou-se público em maio, esquentou o debate sobre a implementação da regra Volcker, segundo a qual os bancos ficam proibidos de fazerem investimentos especulativos em benefício próprio. A medida, que faz parte de um pacote aprovado após a crise de 2008, ainda não foi colocada em prática por pressão de grandes instituições de Wall Street.
Morgan Stanley e o controverso IPO do Facebook
Foi também em maio que a rede social de Mark Zuckerberg marcou sua estreia na Nasdaq. Muitíssimo esperado pelo mercado, o IPO levantou 16 bilhões de dólares - e uma avalanche de críticas. Coordenador líder da oferta, o Morgan Stanley foi acusado de esconder previsões rebaixadas de crescimento do Facebook antes da operação, inflando as expectativas positivas do mercado e revelando a verdade apenas a alguns investidores de peso.
Em comunicado ao mercado, o banco alegou ter conduzido o IPO de acordo com a lei. O Morgan Stanley também criticou a Nasdaq pelos atrasos na distribuição de informações no dia que os papéis do Facebook passaram a ser negociados em bolsa.
Goldman Sachs: insider trading e ruidosa demissão
Em junho, a Justiça americana condenou Rajat Gupta, um ex-conselheiro do Goldman Sachs , por uso ilegal de informação privilegiada. Conhecido como um megainvestidor em Wall Street, Gupta teria repassado dados confidenciais do Goldman ao seu amigo e sócio Raj Rajaratnam, o que resultou em bons milhões a mais na conta de ambos. Segundo o The New York Times, o Goldman teria gasto 30 milhões de dólares na defesa do executivo.
Em março, foi a vez de um ex-funcionário insatisfeito botar a boca no trombone na hora de se demitir. Em carta publicada no NYT, Greg Smith criticou a busca desenfreada por dinheiro promovida pelo banco, classificou o ambiente da instituição como tóxico e destrutivo e sustentou que os clientes do Goldman não raro eram chamados de muppets, bichinhos de uma famosa série televisiva que, na Inglaterra, também são conhecidos como sinônimo de fantoches.
"Não é preciso ser um cientista espacial para chegar à conclusão de que, daqui a dez anos, os analistas juniores que se sentam no canto da sala e ouvem sobre muppets e o quanto o banco consegue arrancar de um cliente não se tornarão exatamente cidadãos modelos”, disse Smith, em um trecho da publicação.
São Paulo - Nesta segunda, o presidente do conselho de administração do banco Barclays , Marcus Agius, foi demitido do cargo como consequência de um escândalo que vem sacudindo o Reino Unido. O Barclays é acusado de manipular a taxa Libor a seu favor. A taxa, que é referência para os juros pagos pelas instituições financeiras em empréstimos feitos umas às outras, acaba balizando contratos nos mercados de derivativos em todo mundo, bem como empréstimos entre empresas.
Na última quarta, o Barclays se comprometeu a pagar 290 milhões de libras para encerrar investigações das autoridades sobre a distorção artificial. A partir de agora, uma auditoria independente contratada pelo banco irá avaliar todos os negócios mantidos pela instituição. O caso vem à tona em meio a um cenário já turvo para o setor bancário britânico, afetado pelas discussões sobre resgates financeiros na Europa.
Por motivos diferentes, outros bancos de renome internacional caíram em maus lençóis nos últimos meses, questionados pelo governo e pela opinião pública. Confira os casos mais recentes que repercutiram mundo afora:
JP Morgan e a perda de 2 bilhão de dólares
Maior banco dos Estados Unidos em ativos, o JP Morgan anunciou perdas de nada menos que 2 bilhões de dólares por causa de uma estratégia de hedge que foi para o brejo.
Tentando usar derivativos para antecipar o comportamento das ações, o banco registrou perdas vultosas e reconheceu que deve sangrar ainda mais, com um prejuízo de até 800 milhões de dólares no segundo trimestre do ano. Jamie Dimon, CEO da instituição, classificou o erro de "maiúsculo", produto da "negligência" e de "más decisões" da sua equipe, em teleconferência a analistas.
O episódio, que tornou-se público em maio, esquentou o debate sobre a implementação da regra Volcker, segundo a qual os bancos ficam proibidos de fazerem investimentos especulativos em benefício próprio. A medida, que faz parte de um pacote aprovado após a crise de 2008, ainda não foi colocada em prática por pressão de grandes instituições de Wall Street.
Morgan Stanley e o controverso IPO do Facebook
Foi também em maio que a rede social de Mark Zuckerberg marcou sua estreia na Nasdaq. Muitíssimo esperado pelo mercado, o IPO levantou 16 bilhões de dólares - e uma avalanche de críticas. Coordenador líder da oferta, o Morgan Stanley foi acusado de esconder previsões rebaixadas de crescimento do Facebook antes da operação, inflando as expectativas positivas do mercado e revelando a verdade apenas a alguns investidores de peso.
Em comunicado ao mercado, o banco alegou ter conduzido o IPO de acordo com a lei. O Morgan Stanley também criticou a Nasdaq pelos atrasos na distribuição de informações no dia que os papéis do Facebook passaram a ser negociados em bolsa.
Goldman Sachs: insider trading e ruidosa demissão
Em junho, a Justiça americana condenou Rajat Gupta, um ex-conselheiro do Goldman Sachs , por uso ilegal de informação privilegiada. Conhecido como um megainvestidor em Wall Street, Gupta teria repassado dados confidenciais do Goldman ao seu amigo e sócio Raj Rajaratnam, o que resultou em bons milhões a mais na conta de ambos. Segundo o The New York Times, o Goldman teria gasto 30 milhões de dólares na defesa do executivo.
Em março, foi a vez de um ex-funcionário insatisfeito botar a boca no trombone na hora de se demitir. Em carta publicada no NYT, Greg Smith criticou a busca desenfreada por dinheiro promovida pelo banco, classificou o ambiente da instituição como tóxico e destrutivo e sustentou que os clientes do Goldman não raro eram chamados de muppets, bichinhos de uma famosa série televisiva que, na Inglaterra, também são conhecidos como sinônimo de fantoches.
"Não é preciso ser um cientista espacial para chegar à conclusão de que, daqui a dez anos, os analistas juniores que se sentam no canto da sala e ouvem sobre muppets e o quanto o banco consegue arrancar de um cliente não se tornarão exatamente cidadãos modelos”, disse Smith, em um trecho da publicação.