Exame Logo

37% das empresas registram crimes econômicos em dois anos

De acordo com pesquisa da PwC, crimes como fraudes, corrupção e propina tem crescido no mundo todo, especialmente no Brasil

Dinheiro: para a maioria das empresas brasileiras (33%) as fraudes custaram entre 100 mil a 1 milhão de dólares nos últimos dois anos (Getty Images)

Luísa Melo

Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 09h50.

São Paulo - O número de empresas que registram casos de corrupção e propina tem aumentado ao longo dos anos, especialmente no Brasil. É o que aponta uma pesquisa feita pela consultoria PwC  com mais de 5 mil executivos de 95 países.

No mundo todo, enquanto em 2011 24% das companhias ouvidas haviam reportado crimes dessa natureza, em 2012 a parcela cresceu para 41% e chegou a 53% em 2013. De uma forma geral, 37% dos respondentes disseram ter vivenciado crimes econômicos nos últimos 24 meses.

No Brasil

O cenário por aqui não é animador. Dentre os brasileiros ouvidos para o estudo, 44% reportaram problemas com fraude em processos de aquisição. Outros 28% disseram ter registrado casos de corrupção ou suborno e 27% afirmaram ter sofrido algum tipo de crime econômico no país. Ainda segundo a pesquisa, para a maioria das empresas brasileiras (33%) as fraudes custaram entre 100 mil a 1 milhão de dólares nos últimos dois anos.

A ocorrência de crimes econômicos cometidos em solo brasileiro é superior à média mundial em todas as modalidades analisadas pela PwC, exceto na de crimes cibernéticos. Confira na tabela:

CrimeGlobalAmérica LatinaPaíses emergentesBrasil
Apropriação indevida de ativos69%74%71%72%
Fraude em aquisição29%27%36%44%
Suborno e corrupção27%25%38%28%
Fraude na contabilidade22%19%22%25%
Cibercrime24%20%22%17%

A evolução do crime econômico

De dois anos para cá, a ocorrência de crimes econômicos tem crescido no Brasil. Os registros de apropriação indevida de ativos, por exemplo, que haviam caído de 87% para 68% entre 2009 e 2011, cresceram para 72% neste ano.  O mesmo aconteceu com as fraudes contábeis, que tinham caído de 27% para 11% entre 2009 e 2011 e mais que dobraram em 2014, com 25% de ocorrências.

Casos de suborno e corrupção também cresceram de 18% para 28% nos últimos dois anos e de lavagem de dinheiro subiram de 0 para 3%.  A única exceção é para as infrações cibernéticas, que caíram de 32% em 2011 para 17% neste ano.  Veja a tabela:

Crime2007200920112014
Lavagem de dinheirox13%x3%
Cibercrimexx32%17%
Suborno e Corrupção8%7%18%28%
Fraude contábil9%27%11%25%
Apropriação indevida de ativos36%87%68%72%

O perfil de quem frauda

De acordo com a pesquisa, 74% dos casos de fraude no Brasil surgem simplesmente da oportunidade de  cometê-la, contra 13% que vêm de pressões e outros 13% que surgem da racionalização dos envolvidos.

Para 64% das empresas, o consenso é de que as fraudes são realizadas por funcionários da própria organização. Apenas 25% delas acreditam que os crimes são cometidos por pessoas externas. Outras 11% não sabem identificar a origem do problema.

Quando o fraudador é alguém de dentro da companhia, na maioria dos casos, ele ocupa cargos juniores ou de média gerência (com um índice de 39% para cada posição). Os gerentes seniores são responsabilizados em 18% das ocorrências e os outros cargos em 4%.

A grande maioria dos fraudadores internos (87%) é do sexo masculino e tem idade entre 31 e 40 anos (52%). Para 35% deles o tempo médio de casa varia entre 6 e 10 anos e 61% deles possuem uma graduação.

Já quando o fraudador é externo, a maioria (44%) é constituída de agentes e intermediários, 22% de clientes e 22% têm relação de outra natureza com as empresas. Em 12% dos casos, as organizações não souberam dizer a origem do criminoso.

A punição

No Brasil, nos casos em que o agente corruptor é alguém de dentro da empresa, a principal punição aplicada é a demissão, citada por 87% dos respondentes. Outros 30% disseram informar à Justiça para a aplicação da lei e 30% afirmaram tomar medidas civis, incluindo a recuperação do fraudador. A advertência foi citada por 13% dos pesquisados e 4% disseram não ter feito nada a respeito dos crimes. Apenas 4% adimitiram ter informado as autoridades regulatórias competentes.

Quando quem comete a infração é externo à companhia, a principal atitude tomada pelas empresas é a denúncia à Justiça para a aplicação da lei (citada por 44%). Em seguida, aparecem o término da realação de negócios (22%), a notificação às autoridades regulatórias competentes (22%) e as ações civis (22%). Além disso, 33% afirmaram tomar outras medidas e 11% disseram não saber informar sobre.

Como os crimes são descobertos

Tanto no Brasil quanto no mundo, o meio mais eficiente de identificar irregularidades é o controle feito pelas próprias empresas. No total, 52% das fraudes foram detectadas por ações dessa natureza.

Por aqui, por exemplo, o principal mecanismo de descoberta de corrupção é a auditoria interna de rotina, apontada por 17% dos pesquisados. Globalmente, essa ferramenta foi citada por 12% dos respondentes.

A notificação de transações suspeitas aparece em seguida, apontada por 16% dos repondentes no mundo e 14% no Brasil.

Instituir uma cultura interna também aparece como um ponto forte para conter casos de corrupção, já que as delações internas foram citadas por 14% dos pesquisados no Brasil e 11% no mundo como a origem da descoberta de irregularidades.

As delações externas também foram apontadas por 10% dos ouvidos no Brasil e 7% no mundo, e os sistemas para denúncia aparecem citados por 10% e 5% dos respondentes por aqui e a nível mundial, respectivamente. Confira nas tabelas:

Medidas de controle corporativo

MecanismoBrasilMundo
Auditorias internas de rotina17%12%
Notificação de transações suspeitas14%16%
Rotação de pessoal7%2%
Segurança corporativa (física ou de TI)7%5%
Análise de dados7%9%
Gestão de fraudes e riscox11%

Medidas de cultura corporativa

MecanismoBrasilMundo
Delações internas14%11%
Sistema de denúncia10%5%
Delações externas10%7%

Outras medidas

MecanismoBrasilMundo
Por acidente7%7%
Mídia investigativa3%2%
Aplicação da leix3%
Outros métodosx5%
Não sabe3%4%

Veja também

São Paulo - O número de empresas que registram casos de corrupção e propina tem aumentado ao longo dos anos, especialmente no Brasil. É o que aponta uma pesquisa feita pela consultoria PwC  com mais de 5 mil executivos de 95 países.

No mundo todo, enquanto em 2011 24% das companhias ouvidas haviam reportado crimes dessa natureza, em 2012 a parcela cresceu para 41% e chegou a 53% em 2013. De uma forma geral, 37% dos respondentes disseram ter vivenciado crimes econômicos nos últimos 24 meses.

No Brasil

O cenário por aqui não é animador. Dentre os brasileiros ouvidos para o estudo, 44% reportaram problemas com fraude em processos de aquisição. Outros 28% disseram ter registrado casos de corrupção ou suborno e 27% afirmaram ter sofrido algum tipo de crime econômico no país. Ainda segundo a pesquisa, para a maioria das empresas brasileiras (33%) as fraudes custaram entre 100 mil a 1 milhão de dólares nos últimos dois anos.

A ocorrência de crimes econômicos cometidos em solo brasileiro é superior à média mundial em todas as modalidades analisadas pela PwC, exceto na de crimes cibernéticos. Confira na tabela:

CrimeGlobalAmérica LatinaPaíses emergentesBrasil
Apropriação indevida de ativos69%74%71%72%
Fraude em aquisição29%27%36%44%
Suborno e corrupção27%25%38%28%
Fraude na contabilidade22%19%22%25%
Cibercrime24%20%22%17%

A evolução do crime econômico

De dois anos para cá, a ocorrência de crimes econômicos tem crescido no Brasil. Os registros de apropriação indevida de ativos, por exemplo, que haviam caído de 87% para 68% entre 2009 e 2011, cresceram para 72% neste ano.  O mesmo aconteceu com as fraudes contábeis, que tinham caído de 27% para 11% entre 2009 e 2011 e mais que dobraram em 2014, com 25% de ocorrências.

Casos de suborno e corrupção também cresceram de 18% para 28% nos últimos dois anos e de lavagem de dinheiro subiram de 0 para 3%.  A única exceção é para as infrações cibernéticas, que caíram de 32% em 2011 para 17% neste ano.  Veja a tabela:

Crime2007200920112014
Lavagem de dinheirox13%x3%
Cibercrimexx32%17%
Suborno e Corrupção8%7%18%28%
Fraude contábil9%27%11%25%
Apropriação indevida de ativos36%87%68%72%

O perfil de quem frauda

De acordo com a pesquisa, 74% dos casos de fraude no Brasil surgem simplesmente da oportunidade de  cometê-la, contra 13% que vêm de pressões e outros 13% que surgem da racionalização dos envolvidos.

Para 64% das empresas, o consenso é de que as fraudes são realizadas por funcionários da própria organização. Apenas 25% delas acreditam que os crimes são cometidos por pessoas externas. Outras 11% não sabem identificar a origem do problema.

Quando o fraudador é alguém de dentro da companhia, na maioria dos casos, ele ocupa cargos juniores ou de média gerência (com um índice de 39% para cada posição). Os gerentes seniores são responsabilizados em 18% das ocorrências e os outros cargos em 4%.

A grande maioria dos fraudadores internos (87%) é do sexo masculino e tem idade entre 31 e 40 anos (52%). Para 35% deles o tempo médio de casa varia entre 6 e 10 anos e 61% deles possuem uma graduação.

Já quando o fraudador é externo, a maioria (44%) é constituída de agentes e intermediários, 22% de clientes e 22% têm relação de outra natureza com as empresas. Em 12% dos casos, as organizações não souberam dizer a origem do criminoso.

A punição

No Brasil, nos casos em que o agente corruptor é alguém de dentro da empresa, a principal punição aplicada é a demissão, citada por 87% dos respondentes. Outros 30% disseram informar à Justiça para a aplicação da lei e 30% afirmaram tomar medidas civis, incluindo a recuperação do fraudador. A advertência foi citada por 13% dos pesquisados e 4% disseram não ter feito nada a respeito dos crimes. Apenas 4% adimitiram ter informado as autoridades regulatórias competentes.

Quando quem comete a infração é externo à companhia, a principal atitude tomada pelas empresas é a denúncia à Justiça para a aplicação da lei (citada por 44%). Em seguida, aparecem o término da realação de negócios (22%), a notificação às autoridades regulatórias competentes (22%) e as ações civis (22%). Além disso, 33% afirmaram tomar outras medidas e 11% disseram não saber informar sobre.

Como os crimes são descobertos

Tanto no Brasil quanto no mundo, o meio mais eficiente de identificar irregularidades é o controle feito pelas próprias empresas. No total, 52% das fraudes foram detectadas por ações dessa natureza.

Por aqui, por exemplo, o principal mecanismo de descoberta de corrupção é a auditoria interna de rotina, apontada por 17% dos pesquisados. Globalmente, essa ferramenta foi citada por 12% dos respondentes.

A notificação de transações suspeitas aparece em seguida, apontada por 16% dos repondentes no mundo e 14% no Brasil.

Instituir uma cultura interna também aparece como um ponto forte para conter casos de corrupção, já que as delações internas foram citadas por 14% dos pesquisados no Brasil e 11% no mundo como a origem da descoberta de irregularidades.

As delações externas também foram apontadas por 10% dos ouvidos no Brasil e 7% no mundo, e os sistemas para denúncia aparecem citados por 10% e 5% dos respondentes por aqui e a nível mundial, respectivamente. Confira nas tabelas:

Medidas de controle corporativo

MecanismoBrasilMundo
Auditorias internas de rotina17%12%
Notificação de transações suspeitas14%16%
Rotação de pessoal7%2%
Segurança corporativa (física ou de TI)7%5%
Análise de dados7%9%
Gestão de fraudes e riscox11%

Medidas de cultura corporativa

MecanismoBrasilMundo
Delações internas14%11%
Sistema de denúncia10%5%
Delações externas10%7%

Outras medidas

MecanismoBrasilMundo
Por acidente7%7%
Mídia investigativa3%2%
Aplicação da leix3%
Outros métodosx5%
Não sabe3%4%
Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEmpresasEscândalosFraudesgestao-de-negociosPwC

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame