10 capítulos importantes da briga do varejo no Brasil
Pão de Açúcar, Casas Bahia, Magazine Luiza, Máquina de Vendas e sua luta para crescer
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2011 às 06h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h33.
São Paulo - Em junho de 2009, o Pão de Açúcar anunciou a compra do Ponto Frio por 824,5 milhões de reais. O negócio marcou a decisão do empresário Abílio Diniz, dono do Pão de Açúcar, de investir pesado nas vendas de eletro-eletrônicos – um mercado em que o grupo tinha uma participação pequena, por meio do Extra Eletro e das áreas dedicadas a esses produtos em seus hipermercados. Além de vencer o Magazine Luiza na disputa pelo Ponto Frio, o acordo também marcou o início da corrida das varejistas brasileiras para comprar seus rivais, crescer ou, pelo menos, não fechar as portas.
Sinal dos tempos, a briga pela consolidação do setor envolveu até a Lojas do Baú Crediário, que vivia uma espécie de letargia, com suas 20 lojas e seu maior garoto-propaganda: o empresário e apresentados Silvio Santos, dono da rede. Em junho de 2009, a Lojas do Baú comprou a paranaense Dudony por 33 milhões de reais. A Dudony contava com 110 lojas, sendo 99 no Paraná e 11 em São Paulo. Com isso, o Baú saltou de 20 para 130 lojas. Fundada há 22 anos, a Dudony encontrava-se em recuperação judicial desde o final de 2008. O negócio foi fechado em um leilão promovido pelos credores.
O lance mais surpreendente de Abílio, porém, veio seis meses depois. Em dezembro de 2009, o Pão de Açúcar anunciou uma associação com a Casas Bahia, então a maior rede de varejo do país. O negócio foi efetuado por meio da Globex, a holding que controla o Ponto Frio e que se tornou o veículo de investimentos de Abílio no setor de eletro-eletrônicos. O acordo criou um gigante com faturamento perto de 40 bilhões de reais e foi realizada por meio da transferência de ativos para a Nova Casas Bahia, empresa resultante da associação. Estava declarada a guerra dos varejistas contra o avanço de Abílio no setor – e a resposta seria uma acelerada consolidação.
A primeira reação de peso foi a fusão das redes Ricardo Eletro e Insinuante em março de 2010. A empresa criada pela parceria foi a Máquina de Vendas, que já nasceu como a segunda maior rede de varejo do país. Com 480 lojas em 17 estados, a rede nascia com um faturamento de 4,6 bilhões de reais, deixando o Magazine Luiza agora na terceira posição. Um de seus trunfos é a forte posição no Nordeste, o mercado que apresenta a maior taxa de crescimento do setor. A vantagem vem do fato de a Insinuante ter sido fundada em Vitória da Conquista, na Bahia, em 1959, e ter se espalhado pela região. A rede contribuiu com 220 lojas para a parceria.
Em abril de 2010, EXAME antecipou que nem tudo ia bem no líder do setor. A família Klein, dona da Casas Bahia, estava insatisfeita com o acordo assinado com Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar. Os Klein alegaram que sua fatia na sociedade foi subestimada, e exigiram uma revisão dos termos. Caso contrário, ameaçavam desfazer o negócio. A notícia assustou os investidores e as ações do Pão de Açúcar caíram fortemente nos dias seguintes. Para não perder o acordo, Abílio concordou, entre outras coisas, a injetar mais 1 bilhão de reais na parceria.
Em junho de 2010, a Máquina de Vendas ganhou o reforço da rede mato-grossense City Lar. Fundada em 1979, a City Lar era a maior varejista do centro-oeste do país, com 170 lojas em 14 estados. A incorporação da City Lar consolidou a Máquina de Vendas como a segunda maior varejista do país. Criada no início de 2010 pela fusão entre a Ricardo Eletro e a Insinuante, a empresa espera alcançar um faturamento de 10 bilhões de reais até 2014.
Depois de perder a briga com Abílio Diniz pelo Ponto Frio e de ver a Máquina de Vendas pular na sua frente, o Magazine Luiza esboçou sua primeira reação – a compra da paraibana Lojas Maia em julho de 2010. Com 150 lojas, o negócio foi fechado por cerca de 300 milhões de reais e marcou a entrada do Magazine Luiza no mercado nordestino. O acordo encurtou a distância entre o Luiza e a Máquina de Vendas.
Depois de um movimento agressivo em 2009, quando saltou de 20 para 130 lojas com a compra da Dudony, a Lojas do Baú Crediário foi tragada pela crise do Grupo Silvio Santos. Em novembro de 2009, o Banco Central descobriu um rombo bilionário nas contas do banco PanAmericano, então controlado pelo grupo. Inicialmente avaliado em 2,5 bilhões de reais, o buraco foi revisto para 4,3 bilhões nos meses seguintes. Para salvá-lo, o empresário e apresentador Silvio Santos tomou um empréstimo junto do Fundo Garantidor de Crédito e deu, como garantia, todas as suas empresas. Entre as companhias postas à venda para pagar a dívida, estava a Lojas do Baú.
O Magazine Luiza abriu seu capital e estreou na Bovespa em maio de 2011. Entre as ofertas primária e secundária, a empresa captou 886,4 milhões de reais. A operação não deixou de causar uma certa frustração para a rede, já que as ações saíram pelo piso da faixa sugerida – 16 reais. Se todos os papéis tivessem sido vendidos pelo valor máximo, o Magazine teria conseguido 1,2 bilhão de reais. De qualquer modo, o IPO representou uma forte injeção de caixa na companhia, que já havia declarado sua intenção de ir às compras. Em seu prospecto, o Magazine informou que 30% do dinheiro será usado para aquisições e expansão da rede.
A primeira aquisição do Magazine Luiza, após sua abertura de capital em maio, foi anunciada nesta segunda-feira (13/6). Por 83 milhões de reais, a empresa adquiriu a Lojas do Baú Crediário e faturamento estimado de 415 milhões de reais no ano passado. Segundo o especialista em varejo Claudio Felisoni, o negócio já permitiria ao Magazine passar na frente da Máquina de Vendas. A rede criada pelo empresário e apresentador Silvio Santos elevaria o faturamento do Magazine para 6,4 bilhões de reais, ante 6,1 bilhões da Máquina de Vendas.
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