'Negociar comacionistas é maisdifícil do que com credores'
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h27.
Leia as demais questões respondidas por Antonio C. Alvarez, sócio da mais conhecida companhia americana de reestruturação:
EXAME - Por que as empresas aéreas de baixo custo têm tantas vantagens?
Antonio C. Alvarez - Quando olhamos o setor, percebemos que o que a grande maioria dos passageiros quer é um serviço de transporte eficiente. O cliente quer que a companhia aérea o leve para onde ele quer ir em um horário razoável e com segurança. Cerca de 80% dos clientes não faz questão de luxo, pelo menos em viagens curtas, que são o principal nicho das empresas de baixo custo.
EXAME - E no caso das empresas internacionais?
Alvarez - A proporção muda um pouco. Não muito, só um pouco. Digamos que, em uma viagem de longa distância, 70% dos clientes não faz questão de luxo. É um percentual apenas um pouco menor do que nas empresas de baixo custo.
EXAME - Luxo, então, é dispensável em transporte aéreo?
Alvarez - Para a grande maioria, sim. Claro, sempre haverá espaço para empresas que operem em nichos específicos. Há algumas companhias, nos Estados Unidos que cobram mil dólares por uma passagem que custa a metade disso em uma empresa de baixo custo. Mas essas empresas têm pequena escala, levam celebridades e artistas de Hollywood, e vendem basicamente sofisticação. Sua intenção não é competir com as empresas tradicionais, que vão continuar com problemas.
EXAME - Qual é a negociação mais difícil em um processo de recuperação de uma empresa?
Alvarez - Costuma ser com os acionistas da empresa, que precisam tomar a decisão de fazer mudanças em algo que foi construído há muito tempo.
EXAME - E os credores?
Alvarez - É uma negociação mais fácil. Muitas vezes, só o fato de você afastar o acionista controlador e trocar os executivos da empresa basta para recuperar o crédito bancário.