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WikiLeaks: Uribe autoriza 'operações clandestinas' na Venezuela

Segundo os documentos diplomáticos, objetivo era combater as Farc e proteger a Colômbia de ataques terroristas

Uribe, ex-presidente da Colômbia, considerava enfoque anti-EUA de Chávez um problema (Chip Somodevilla/Getty Images/Getty Images)

Uribe, ex-presidente da Colômbia, considerava enfoque anti-EUA de Chávez um problema (Chip Somodevilla/Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 12h01.

Bogotá - O Governo do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe autorizou a realização de "operações clandestinas" contra a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território venezuelano, conforme documentos diplomáticos da embaixada americana em Bogotá publicados nesta quarta-feira pelo jornal "El Espectador".

Os documentos, que fazem parte dos arquivos vazados pelos responsáveis do site WikiLeaks, mostram que Uribe deu a autorização enquanto, ao mesmo tempo, assumia uma postura amistosa frente seu colega venezuelano, Hugo Chávez.

Segundo os despachos diplomáticos, que datam o fim de 2006, "o então presidente Uribe não tinha ilusões com Chávez e via seu enfoque anti Estados Unidos como um sério problema".

Apesar disso, agregam, o colombiano "preferia conduzir o presidente da Venezuela e inclusive colaborar com uma atmosfera bilateral positiva com projetos de energia e comércio, para conduzir seu comportamento".

"No entanto, o relatório da embaixada dos Estados Unidos em Bogotá deixa claro que essa postura de Uribe, de ênfase na união antes que o confronto, lhe permitia a opção de realizar as ações armadas na Venezuela para proteger a Colômbia de ataques terroristas", segundo "El Espectador".


Se tratava da autorização de "operações clandestinas contra as Farc ao outro lado da fronteira segundo fora apropriado", acrescenta a publicação, que explica que nisso deviam ser evitados casos como o do guerrilheiro Rodrigo Granda, que suscitou uma grave crise diplomática entre Colômbia e Venezuela.

Granda, da chamada Comissão Internacional das Farc, foi detido no dia 13 de dezembro de 2004 em Caracas em uma ação encoberta das autoridades colombianas e transportado imediatamente à fronteira comum e, depois, a Bogotá.

O caso do rebelde entrou nas gestões da França tendentes à libertação de Ingrid Betancourt, refém das Farc resgatada em julho de 2008, até o ponto que Uribe, por um pedido do presidente francês, Nicolas Sarkozy, o libertou em 5 de junho de 2007.

Segundo a versão do jornal bogotano, "a embaixada (dos Estados Unidos) reportou que Uribe utilizava o espaço político de suas aproximações com Chávez 'e autorizava operações clandestinas do outro lado da fronteira contra as Farc'".

"Uma estratégia mencionada com um comentário atribuído ao assessor presidencial José Obdulio Gaviria: 'Somos os perfeitos hipócritas'", publicou a publicação.

O jornal também oferece detalhes de documentos relacionados com as denúncias de presença de rebeldes das Farc e, também, do Exército de Libertação Nacional, em território venezuelano, e com gestões para um eventual processo de paz com esta segunda guerrilha.

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