WikiLeaks: Fidel sofreu grave hemorragia durante voo em 2006
Ex-líder cubano sofreu uma perfuração no intestino grosso, mas se recusou a fazer operação necessária
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2010 às 08h11.
Madri - O ex-governante cubano Fidel Castro sofreu em 2006 uma grave hemorragia durante um voo entre Holguín e Havana, mas não quis ser operado, segundo correspondências diplomáticas secretas do Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana vazadas pelo site WikiLeaks.
"A doença começou no voo de Holguín a Havana (nota: após um dia de intensas atividades, em 26 de julho de 2006. Fim da nota)", diz um relatório médico cubano despachado a Washington pelo Escritório de Interesses e publicado nesta quinta-feira pelo diário espanhol "El País".
Segundo este relatório, assumido como crível pelo Escritório de Interesses, não havia médico no avião quando Fidel sofreu a hemorragia que quase o levou à morte. A aeronave teve de pousar para que o líder fosse hospitalizado, indica "El País".
O jornal acrescenta que Fidel foi diagnosticado com diverticulite de cólon, uma inflamação dos divertículos - protuberâncias no trecho final do intestino - que lhe causou grave hemorragia.
O ex-líder apresentava perfuração no intestino grosso e precisava de uma colostomia, cirurgia que consiste em uma abertura na parte exterior do abdômen para eliminar os produtos de resíduo até que o cólon melhore.
Segundo o relatório, Fidel "se opôs" à operação, "dizendo que (os médicos) deviam cortar a parte infectada e ligar o intestino ao cólon".
"Com o passar do tempo, ao ter o cólon infectado, a cirurgia falhou e a parte conectada se separou. Tiveram de operá-lo novamente, mas encontraram uma fístula, cuja existência desconheciam", acrescenta.
O relatório médico destaca que uma fístula normalmente bloqueia a digestão, levando Fidel a perder cerca de 18 quilos. O líder, então, passou a ser alimentado por soro.
O ex-governante cubano foi tratado com "um aparelho fabricado na Coreia", embora "sem muito êxito".
Um médico espanhol foi chamado para avaliar a situação e descartou a existência de câncer. Segundo ele, o correto "teria sido uma colostomia", de acordo com o telegrama diplomático do Escritório americano.
O Escritório considera que Fidel quase morreu em julho e outubro de 2006 e que, enquanto o ex-governante "continuar vivo, mesmo incapacitado, sua presença tem um assustador e retardador efeito na sociedade cubana".
A documentação diplomática vazada pelo WikiLeaks também expressa dúvidas sobre um eventual retorno de Fidel à atividade pública.