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Site americano WikiLeaks denuncia morte de mais 15 mil civis no Iraque

Divulgação de documentos secretos aponta para um número de mortes muito superior ao anteriormente divulgado

Pentágono: "nós deploramos o WikiLeaks por induzir indivíduos a não cumprir a lei" (Wikimedia Commons)

Pentágono: "nós deploramos o WikiLeaks por induzir indivíduos a não cumprir a lei" (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2010 às 09h40.

Londres - O website WikiLeaks informou no sábado que a divulgação de quase 400 mil documentos confidenciais norte-americanos sobre a guerra do Iraque mostrou que morreram 15 mil civis iraquianos a mais do que se pensava até agora.

Publicados no website WikiLeaks, os documentos detalharam casos repugnantes de abuso de prisioneiros pelas forças iraquianas, atos que os Estados Unidos tinham conhecimento, mas se negaram a investigar. Em Bagdá, autoridades iraquianas responderam à divulgação feita pelo WikiLeaks, prometendo investigar qualquer acusação de que a polícia ou soldados cometeram crimes e dizendo que os culpados iriam para a Justiça.

O fundador do portal, Julian Assange, que foi amplamente criticado pelo Pentágono por publicar relatórios secretos, afirmou que a divulgação mostrou o que realmente aconteceu no Iraque. "Esperamos corrigir alguns dos ataques à verdade que ocorreram antes da guerra, durante a guerra e que continuaram desde que a guerra foi oficialmente concluída", afirmou Assange em entrevista coletiva em Londres.

Trabalhando ao lado do Iraq Body Count, um grupo dirigido por acadêmicos e ativistas e que soma o número de mortes no Iraque, o WikiLeaks disse que os documentos revelaram cerca de 15 mil mortes de civis até então desconhecidas, afirmou Assange. "Acrescentando as mortes em combate nesses registros, somos capazes de dizer que mais de 150 mil pessoas foram mortas no total desde 2003, das quais cerca de 80 por cento eram civis", afirmou o cofundador do Iraq Body Count, John Sloboda.


Autoridades norte-americanas afirmaram que o vazamento dos documentos colocou em risco as tropas dos EUA e cerca de 300 colaboradores iraquianos ao expor suas identidades. "Nós deploramos o WikiLeaks por induzir indivíduos a não cumprir leis, vazar documentos secretos e arrogantemente dividir essas informações secretas com o mundo", afirmou o secretário de imprensa do Pentágono, Geoff Morrell.

O ministro da Defesa britânico também condenou a divulgação do material, dizendo que pode colocar a vida dos soldados da Grã-Bretanha em risco. O WikiLeaks disse ter editado informações importantes e está confiante de que os documentos não contêm detalhes que possam causar danos a terceiros.

O relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a tortura, Manfred Nowak, exortou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a abrir uma investigação. "Há uma obrigação em investigar quando houver acusações confiáveis de que ocorreu tortura, e essas acusações são mais do que confiáveis, e isso é dever dos tribunais", afirmou Nowak à BBC.

Em um caso divulgado ocorrido em 2007, tripulantes de um helicóptero Apache mataram dois iraquianos que fizeram sinais de rendição. Os documentos também citaram casos de estupro e assassinato, incluindo a filmagem da execução de um detento sob custódia de soldados iraquianos.

Mais de 4.400 soldados norte-americanos foram mortos desde o início da invasão liderada pelos EUA no Iraque, em 2003. Todas as forças dos Estados Unidos devem deixar o país até o fim do próximo ano.

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