Jiabao: a luta contra a corrupção foi um dos temas mais destacados no discurso (Jason Lee/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2013 às 08h54.
Pequim - O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, pronunciou nesta terça-feira seu último discurso como chefe de governo, no qual fixou o objetivo de crescimento de 7,5% em 2013 e se despediu do poder assegurando que a China "tem diante de si um futuro com um brilho sem precedentes".
Em um discurso que durou mais de uma hora meia na Assembleia Nacional Popular (Legislativo) e no qual repassou as conquistas de cinco anos de Governo e estabeleceu os objetivos para 2013, o primeiro-ministro em fim de mandato também previu uma inflação de até 3,5% e a criação de nove milhões de postos de trabalho.
A meta de crescimento - que costuma ser superada em alguns décimos - é a mesma estabelecida em 2012, quando o PIB chinês aumentou 7,8%.
Trata-se de uma meta mais prudente que os 8% de exercícios anteriores, por considerar que as "investidas da crise mundial" seguirão afetando a China, de acordo com Wen.
Perante 2.900 membros da ANP, na inauguração do plenário legislativo anual que na semana que vem confirmará Xi Jinping como novo presidente da China e Li Keqiang como sucessor de Wen, esse último defendeu uma "grande revitalização da nação chinesa" e sugeriu que o país "se entregue de corpo e alma ao desenvolvimento".
A luta contra a corrupção foi um dos temas mais destacados no discurso, em que Wen ressaltou que o regime deve "combater a ostentação e o desperdício", assim como "desfazer-se do formalismo e da burocracia".
Wen, acusado no ano passado pelo jornal "The New York Times" de ter acumulado uma grande fortuna junto a sua família, reconheceu uma "elevada incidência da corrupção em certos terrenos", e também aludiu aos problemas ambientais, em um momento no qual a poluição em cidades como Pequim preocupa os cidadãos.
Durante seu discurso, o primeiro-ministro prometeu que a China manterá um "desenvolvimento pacífico", mas também defendeu a construção de "um Exército poderoso".
Em sua despedida do Executivo, Wen repassou a última meia década, no qual destacou conquistas como os Jogos Olímpicos de Pequim, a Expo Universal de Xangai, o primeiro porta-aviões da China e o desenvolvimento dos trens de alta velocidade.
Nesse período, o país passou do terceiro ao segundo lugar no "ranking" das economias mundiais, superando o Japão, com um PIB de US$ 8,3 trilhões no ano passado, frente aos US$ 4,2 trilhões de 2008.
Ele próprio reconheceu, porém, que essas conquistas não escondem "contradições e problemas", como as mencionadas corrupção e degradação ambiental, mas também as "disparidades notáveis entre o desenvolvimento da cidade e o do campo".
A abertura da sessão anual, no Grande Palácio do Povo, correu pela primeira vez a cargo de Zhang Dejiang, o substituto de Wu Bangguo à frente do Poder Legislativo.
Desde hoje até 17 de março, os 2.987 delegados que representam as 30 divisões administrativas e as 56 etnias do país debaterão as políticas nacionais para este ano e a composição do novo Governo.
Com Xi Jinping e Li Keqiang garantidos como sucessores à frente do Estado e do Governo, as maiores expectativas estão em saber quem será o novo vice-presidente do país em substituição a Xi, assim como os novos vice-primeiros-ministros, conselheiros de Estado, ministros, chefes do Tribunal Supremo e da Procuradoria Geral.