Votação no Afeganistão deixou 435 mortos e feridos, diz ONU
Nos seis meses que antecederam a votação, quase 500 pessoas foram mortas ou feridas e 245 foram sequestradas
AFP
Publicado em 6 de novembro de 2018 às 17h04.
Mais de 400 afegãos foram mortos ou feridos na violência durante três dias de votação em outubro, informou a ONU nesta terça-feira. Esses números indicam que as últimas eleições parlamentares foram as mais violentas já registradas no país.
A grande maioria das 435 vítimas - 56 mortos e 379 feridos - aconteceu no primeiro dia de votação em 20 de outubro, informou a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Unama) em um relatório.
O número foi comparado ao de 251 pessoas mortas ou feridas na eleição presidencial de 2014, marcada pela fraude, e é mais do que qualquer outra pesquisa desde que a Unama começou a documentar mortes de civis em 2009.
Nos seis meses que antecederam a votação, quase 500 pessoas foram mortas ou feridas - mais de um terço delas eram mulheres e crianças - e 245 foram sequestradas.
"Atos deliberados de violência contra civis e locais civis - que incluem centros de votação - bem como ataques indiscriminados, são estritamente proibidos pelo Direito Internacional Humanitário e constituem crimes de guerra", disse a agência.
Dias antes da eleição, o Talibã emitiu vários alertas de que atacaria os centros de votação. O grupo aconselhou eleitores a ficarem em casa e os candidatos a desistirem da disputa.
Segundo a agência da ONU, o Talibã usou principalmente foguetes, granadas, morteiros e bombas para interromper a votação e impedir que as pessoas aparecessem nos locais de votação.
O ataque mais violento, uma explosão suicida em Cabul que matou 13 pessoas e feriu 40, foi reivindicado pelo grupo do Estado Islâmico.
Os números oficiais mostram que cerca de 4,2 milhões de afegãos votaram, em comparação com quase nove milhões que foram registrados para participar.
Muitos suspeitam que um número significativo deles foi baseado em documentos de identificação falsos que os fraudadores planejavam usar para ir às urnas.
A votação foi realizada ao longo de três dias. Problemas com dispositivos de verificação biométricas não testados e cadernos eleitorais ausentes ou incompletos causaram atrasos nos centros de votação. Muitos locais de votação abriram mais tarde ou permaneceram fechados.
A eleição parlamentar, atrasada em mais de três anos, é vista como um teste para as eleições presidenciais do ano que vem.
Também é considerada um marco importante antes da reunião da ONU em Genebra, que acontecerá neste mês. O Afeganistão está sendo pressionado para mostrar progressos em "processos democráticos".
A divulgação dos resultados iniciais foi adiada para 23 de novembro.