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Votação na Catalunha expõe divisão na polícia

No coração do movimento pró-independência, entre as cidades agrícolas, as forças fizeram pouco esforço para retirar as pessoas dos locais de votação

Catalunha: “Nós não usaremos a força para entrar, mas ficaremos do lado de fora durante o dia todo caso tenhamos acesso” (David Gonzalez/Reuters)

Catalunha: “Nós não usaremos a força para entrar, mas ficaremos do lado de fora durante o dia todo caso tenhamos acesso” (David Gonzalez/Reuters)

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Reuters

Publicado em 1 de outubro de 2017 às 16h39.

Sant Pere de Torello, Espanha - Enquanto a polícia espanhola empunhava cacetetes e disparava balas de borracha contra grupos que tentavam voltar no referendo sobre a independência catalã, que foi proibido, a polícia da região dava uma recepção muito mais gentil aos eleitores.

No coração do movimento pró-independência da Catalunha, entre as cidades agrícolas do condado de Osona, ao norte de Barcelona, as forças catalãs fizeram pouco esforço para retirar as pessoas dos locais de votação, apesar de terem recebido a mesma ordem para fechá-las.

Os tribunais locais receberam várias queixas contra a polícia catalã, acusando-a de inatividade e de não fechar as zonas eleitorais, apesar de uma ordem judicial, disse o Superior Tribunal da região em um comunicado.

A polícia regional recebeu pedidos para dar mais informações sobre as queixas.

Em Sant Pere e em Vic, capital de Osona, multidões aguardavam organizadamente em filas para votar nas urnas montadas em escolas, embora a atmosfera era nervosa devido às fotos de eleitores ensanguentados nas cidades de Barcelona e Girona que estavam circulando nas redes sociais.

A vice-primeira-ministra da Espanha, Soraya Saenz de Santamaría, disse que a polícia agiu de maneira proporcional na região.

Em Sant Pere, as crianças corriam pela rua brincando, enquanto aposentados em uma casa de repouso acenavam na janela com bandeiras da Catalunha.

"Se não ganharmos hoje, nunca seremos capazes de fazê-lo. Esta é a oportunidade ", disse Ramon Jordana, um ex-taxista de 92 anos, quando deixou seu voto em uma urna que os organizadores haviam contrabandeado para a cidade no meio da noite.

Em uma estação de votação em Sant Pere, uma cidade de cerca de 2.500 habitantes perto dos Pirenéus, que simbolicamente declarou a independência da Espanha em 2012, os eleitores chegaram antes do nascer do sol e Jordana foi o primeiro a votar às 9h.

Soldados da polícia regional da Catalunha, a Mossos d'Esquadra ,tentaram entrar nas zonas eleitorais de Vic e Sant Pere antes do início da votação, mas uma multidão ficou em frente às entradas para impedi-los. Eles se retiram ao som de aplausos e vivas.

“Nós não usaremos a força para entrar, mas ficaremos do lado de fora durante o dia todo caso tenhamos acesso”, disse um dos policiais de Sant Pere à Reuters. Ele pediu para não ser identificado.

Única cadeia de comando

Dois policiais em Sant Pere conversaram casualmente com os moradores locais fora da mesa de votação, e um deles posou com uma criança para uma foto. Depois de uma segunda tentativa de entrar no centro de votação, a multidão resistiu e eles .

Nos municípios predominantemente controlados por separatistas, as pesquisas de opinião mostram apoio para a independência, em média, em torno de 80 por cento, cerca de o dobro do apoio geral entre os 7,5 milhões de habitantes da Catalunha.

O referendo foi declarado ilegal pelo governo central em Madri, que diz que a constituição afirma que o país é indivisível e enviou policiais à Catalunha para apreender as urnas e impedir que as pessoas votassem.

No entanto, a Guarda Civil e os Mossos adotaram abordagens muito diferentes, apesar de o procurador espanhol ter dito aos Mossos recentemente que eles são submetidos a uma única cadeia de comando, que se reporta diretamente ao ministério do Interior, em Madri.

Os Mossos são queridos pelos catalães, especialmente depois de perseguir islamitas acusados de organizar ataques coordenados em Barcelona em agosto, que mataram 16 pessoas.

A Guarda Civil, no entanto, foi apelidada de “bandidos do Rajoy” no Twitter neste domingo, em uma referência ao primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, que adotou uma abordagem linha dura contra a votação.

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