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Vítimas de implantes mamários entre a impaciência e revolta

Várias autoras da ação judicial vaiaram o anúncio do valor da aposentadoria de Mas e se revoltaram contra os que as chamam de "histéricas"

Mulheres aguardam no tribunal de Marselha: o advogado de 2.800 vítimas, Philippe Courtois, afirmou que suas clientes "estão ansiosas porque desejam que o processo aconteça" (Anne-Christine Poujoulat/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2013 às 13h58.

Marselha - As mulheres portadoras de próteses mamárias PIP presentes nesta quarta-feira na abertura, em Marselha, do processo contra o fundador da empresa, Jean-Claude Mas, manifestavam impaciência para testemunhar, angústia ante a possibilidade de adiamento, e revolta contra os que as chamam de "histéricas".

A exasperação foi manifestada logo no início da audiência, quando várias autoras da ação judicial vaiaram o anúncio do valor da aposentadoria de Mas.

Muitas esperaram por várias horas a abertura do parque de exposições de Marselha, transformado em tribunal para este processo, que conta 5.250 demandantes portadoras de próteses da empresa Poly Implant Prothèse (PIP) e no qual foram indiciados cinco diretores da empresa, que foi liquidada.

"O que esperamos deste processo é que os culpados tenham a punição que merecem, apesar de sabermos que não estarão à altura do que fizeram", afirmou Alexandra Blanchère, que preside a associação PPP (Portadoras de Próteses PIP).

Ela disse que o processo tem que permitir também "um reconhecimento" das vítimas, que "muitas vezes são apontadas com o dedo".

"E, evidentemente, esperamos uma indenização", completou Blanchère antes de entrar na sala de audiências.

O advogado de 2.800 vítimas, Philippe Courtois, afirmou que suas clientes "estão ansiosas porque desejam o processo aconteça" - foram apresentados vários pedidos de adiamento ou cancelamento - "e impacientes porque têm muitas coisas a falar".

"Algumas querem testemunhar porque isto faz parte da terapia, falar e acabar com tantos sofrimentos", completou.


Um grupo de mulheres aguardava ao lado da advogada Sigrid Preissl, que representa 73 austríacas.

Elas também pediram justiça porque "sofreram prejuízo material e moral importante", segundo a advogada.

Uma das vítimas, Isabelle Traeger, residente em Paris, contou sua história: em 1992, quando tinha 35 anos, foi diagnosticada com câncer de mama, do qual foi operada e logo depois foi submetida a uma cirurgia reparatória.

Ela foi curada da doença, a ponto de disputar corridas de longa distância, mas em 2004 seu médico anunciou que a prótese de soro fisiológico deveria ser trocada. Então ela teve implantada uma prótese PIP.

Em 2010, o desembarcar de um avião sentiu "uma dor muito forte, intensa". A ecografia revelou que a prótese havia rompido e o silicone vazado, mas recebeu a informação de que "não era grave, que poderia viver assim".

Ela teve que insistir para ter o implante retirado. A operação custou 1.500 euros. Hoje, Isabelle faz campanha para que todas as afetadas façam o mesmo.

Isabelle não consegue esconder a revolta.

"Se fossem próteses testiculares, já estariam todas retiradas, mas como somos mulheres, somos todas consideradas histéricas", disse.

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Marselha - As mulheres portadoras de próteses mamárias PIP presentes nesta quarta-feira na abertura, em Marselha, do processo contra o fundador da empresa, Jean-Claude Mas, manifestavam impaciência para testemunhar, angústia ante a possibilidade de adiamento, e revolta contra os que as chamam de "histéricas".

A exasperação foi manifestada logo no início da audiência, quando várias autoras da ação judicial vaiaram o anúncio do valor da aposentadoria de Mas.

Muitas esperaram por várias horas a abertura do parque de exposições de Marselha, transformado em tribunal para este processo, que conta 5.250 demandantes portadoras de próteses da empresa Poly Implant Prothèse (PIP) e no qual foram indiciados cinco diretores da empresa, que foi liquidada.

"O que esperamos deste processo é que os culpados tenham a punição que merecem, apesar de sabermos que não estarão à altura do que fizeram", afirmou Alexandra Blanchère, que preside a associação PPP (Portadoras de Próteses PIP).

Ela disse que o processo tem que permitir também "um reconhecimento" das vítimas, que "muitas vezes são apontadas com o dedo".

"E, evidentemente, esperamos uma indenização", completou Blanchère antes de entrar na sala de audiências.

O advogado de 2.800 vítimas, Philippe Courtois, afirmou que suas clientes "estão ansiosas porque desejam o processo aconteça" - foram apresentados vários pedidos de adiamento ou cancelamento - "e impacientes porque têm muitas coisas a falar".

"Algumas querem testemunhar porque isto faz parte da terapia, falar e acabar com tantos sofrimentos", completou.


Um grupo de mulheres aguardava ao lado da advogada Sigrid Preissl, que representa 73 austríacas.

Elas também pediram justiça porque "sofreram prejuízo material e moral importante", segundo a advogada.

Uma das vítimas, Isabelle Traeger, residente em Paris, contou sua história: em 1992, quando tinha 35 anos, foi diagnosticada com câncer de mama, do qual foi operada e logo depois foi submetida a uma cirurgia reparatória.

Ela foi curada da doença, a ponto de disputar corridas de longa distância, mas em 2004 seu médico anunciou que a prótese de soro fisiológico deveria ser trocada. Então ela teve implantada uma prótese PIP.

Em 2010, o desembarcar de um avião sentiu "uma dor muito forte, intensa". A ecografia revelou que a prótese havia rompido e o silicone vazado, mas recebeu a informação de que "não era grave, que poderia viver assim".

Ela teve que insistir para ter o implante retirado. A operação custou 1.500 euros. Hoje, Isabelle faz campanha para que todas as afetadas façam o mesmo.

Isabelle não consegue esconder a revolta.

"Se fossem próteses testiculares, já estariam todas retiradas, mas como somos mulheres, somos todas consideradas histéricas", disse.

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