"Xamã" que invadiu Capitólio para impedir eleição de Biden é preso
Jake Angeli, membro do grupo online QAnon, que espalha teorias conspiratórias, estava em ato incitado pelo presidente Trump para impedir posse de Biden
Leo Branco
Publicado em 9 de janeiro de 2021 às 17h14.
Última atualização em 9 de janeiro de 2021 às 18h54.
A Justiça federal dos Estados Unidos prendeu três homens vistos invadindo o Capitólio, sede do Congresso americano, na última quarta-feira, 6, numa tentativa de impedir o processo de certificação do democrata Joe Biden como vencedor das eleições de 2020.
A decisão está num comunicado divulgado neste sábado pelo Departamento de Justiça americano (equivalente ao ministério da Justiça no Brasil).
Entre os presos está Jacob A. Chansley, também conhecido como Jake Angeli, cuja imagem circulou pelo mundo nesta semana ao entrar no Capitólio sem camisa e usando chifres, um cocar de pele de urso e uma pintura facial nas cores vermelho-branco e azul da bandeira norte-americana.
Angeli foi preso em Washington sob a alegação de haver violado a propriedade do Estado americano sem a devida autorização e ter permanecido no local de maneira violenta na última quarta-feira. A invasão resultou na morte de cinco pessoas, entre elas a de um policial em confronto com os vândalos.
Incitado pelo presidente republicano Donald Trump, que recusa a admitir ter perdido as eleições presidenciais de novembro do ano passado, o tumulto no Capitólio é inédito em mais de dois séculos de democracia nos Estados Unidos. Por isso, tem sido visto pela opinião pública global como um ato de terrorismo doméstico ao desestabilizar a transição de poder entre Trump e Biden.
Chamado de "Q Shaman", Angeli é uma das faces mais conhecidas do QAnon , grupos de extrema-direita reunidos em sites obscuros da internet e nas redes sociais para troca de mensagens sobre teorias conspiratórias.
Uma das principais daria conta de uma rede global de pedofilia envolvendo bilionários e lideranças políticas de cunho liberal, a exemplo de expoentes do partido democrático dos Estados Unidos.
Em boa parte de sua estadia pela Casa Branca, o presidente republicano Donald Trump demonstrou simpatia por grupos de extrema-direita com visões supremacistas, a exemplo do QAnon e do Proud Boys, cujos integrantes também invadiram o Capitólio na última quarta-feira.
Além de Angeli, o FBI, polícia federal americana, prendeu Adam Johnson, um dos invasores do Capitólio fotografado carregando o púlpito usado pelos parlamentares americano. O terceiro preso é Derrick Evans, deputado pelo estado da Virgínia Ocidental que fez uma live no Facebook durante a invasão ao Capitólio encorajando seguidores a fazer o mesmo.
Os três serão processados pela Procuradoria federal dos Estados Unidos no Distrito de Columbia, onde está a capital Washington, além de serem investigados pelo FBI.