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Vice-presidente do Egito demonizou Irmandade Muçulmana

As ofensas estão em correspondência diplomática vazada pelo serviço anti-segredo WikiLeaks

Omar Suleiman, vice-presidente do Egito, iniciou o diálogo com a oposição, segundo TV estatal (Cherie A. Thurlby/Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2012 às 13h59.

Londres - O novo vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, buscou demonizar a opositora Irmandade Muçulmana em seus contatos com funcionários do governo norte-americano, indica a correspondência diplomática vazada pelo serviço anti-segredo WikiLeaks.

Isso levanta dúvidas sobre se ele pode atuar um fiador honesto para a crise política enfrentada no país.

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As mensagens de embaixadas dos Estados Unidos divulgadas pelo WikiLeaks em maio com 250.000 documentos do Departamento de Estado norte-americano, que a Reuters revisou de forma independente, também mostram que o ex-chefe de inteligência acusou a Irmandade Muçulmana de incentivar extremistas armados e avisou em 2008 que se em algum momento o Irã apoiasse o grupo islâmico, Teerã se transformaria em "nosso inimigo".

A revelação vem justamente no momento em que Suleiman promove encontros com grupos de oposição, incluindo o grupo oficialmente banido Irmandade Muçulmana, para explorar formas de acabar com a pior crise política no Egito em décadas.

Washington tem atuado para acelerar a renúncia do presidente Hosni Mubarak, incluindo um cenário que prevê a passagem de poder para um governo de transição liderado por Suleiman e apoiado por miltares.

Mubarack, que governou sem um vice-presidente por 30 anos, rapidamente nomeou Suleiman, de 74 anos, como seu vice em 29 de janeiro à medida em que os manifestantes pediam a renúncia do líder autocrático.

O desdém privado de Suleiman pela Irmandade não surpreenderá os egípcios, acostumados com o discurso anti-islâmico do governo de Mubarak. Os comentários podem levantar suspeitas, entretanto, já que ele busca trazer o grupo, banido há muito tempo, para um amplo diálogo de reformas em resposta aos protestos em massa.

O governo de Mubarak vinha citando há muito tempo a ameaça islâmica para justificar seu governo autoritário. Uma preocupação mais forte para Washington e seu aliado, Israel, entretanto, é o que acontecerá ao tratado de paz de 1979 entre o Egito e o estado judaico se a Irmandade ganhar espaço na era pós-Mubarak.

Em alguns dos cabos Suleiman aparece adotando uma linha dura sobre Teerã e referindo-se aos iranianos como demônios.

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