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Venezuelanos protestam com receita médica por ajuda internacional

A Venezuela enfrenta uma aguda escassez de medicamentos que, segundo a Federação Farmacêutica local, alcança os 85%

Protesto: o desabastecimento se viu agravado por uma drástica redução das importações (Marco Bello/Reuters)

Protesto: o desabastecimento se viu agravado por uma drástica redução das importações (Marco Bello/Reuters)

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AFP

Publicado em 18 de novembro de 2016 às 09h23.

Agitando receitas médicas, centenas de venezuelanos participaram em um protesto na capital Caracas para exigir do governo que permita a entrada de medicamentos doados ao país.

A escassez de remédios e alimentos faz parte da agenda de diálogos entre o governo e a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), que busca resolver a grave crise política e econômica do país.

Convocada pelo Partido Primeiro Justiça, a manifestação chegou até a Nunciatura Apostólica, onde seus participantes prenderam as receitas em uma grade, na esperança de que alguma autoridade lhes dê uma resposta.

O Vaticano promove as negociações com o governo junto à União das Nações Sul-americanas (Unasul).

Nelson Álvarez, corretor imobiliário e um dos mutios manifestantes que chora, desesperado por ver o fillho sofrer convulsões por falta de medicamento.

Ele explica que o rapaz de 29 anos sofre da Síndrome de Lennox Gastaut, uma das variações mais severas da epilepsia.

"Ocasiona retardamento mental e mais de cem convulsões diárias. Precisamos de quatro remédios e não achamos em lugar algum! Ajuda humanitária já!", grita o homem junto aos manifestantes que tomaram o centro na noite de quinta-feira.

Luisa Morales também se uniu ao protesto com seu neto de seis meses nos braços, pois precisa de remédios para vários de seus familiares.

"Tenho um irmão operado de um tumor na cabeça, uma sobrinha com problema de tireóide e nem para este bebê consigo as vacinas de que precisa. A Constituição nos garante saúde e o presidente Nicolás Maduro a tira de nós porque não quer ajudainternacional", critica.

A Venezuela enfrenta uma aguda escassez de medicamentos que, segundo a Federação Farmacêutica local, alcança os 85%.

O desabastecimento se viu agravado por uma drástica redução das importações por causa da queda dos preços do petróleo.

O governo socialista nega que na Venezuela exista uma crise humanitária, como denuncia a MUD, e afirma que esse argumento visa a abrir caminho para uma intervenção militar dos Estados Unidos.

Durante o protesto, dirigentes opositores se reuniram com o núncio apostólico Aldo Giordano, a quem pediram que o Vaticano interceda para que o governo aceite os medicamentos doados pela organização católica Cáritas.

Também pediram que seja criado um fundo complementar com a Organização Mundial da Saúde, para que cheguem medicamentos à Venezuela.

A oposição igualmente pediu para que se aceite a doação de remédios de venezuelanos residentes no exterior e propôs aos países da União Europeia ou qualquer outro lugar possam "adotar um hospital" na Venezuela" para equipá-lo apropriadamente.

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