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Venezuela terá pleito antidemocrático, diz autoridade

As eleições serão íntegras do ponto de vista técnico, mas pecam por não respeitar a igualdade de condições entre candidatos, disse reitor de conselho eleitoral

Nicolas Maduro, candidato oficial: nos últimos anos, o reitor apresentou 16 denúncias contra o governo Chávez por comportamentos que o reitor considerava abusivos (Juan Barreto/AFP)
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Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2013 às 13h51.

As eleições presidenciais de 14 de abril serão íntegras e transparentes do ponto de vista técnico, mas a Venezuela terá eleições "profundamente antidemocráticas", uma vez que a igualdade de condições entre os candidatos não será respeitada, segundo Vicente Díaz, reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

"Se nos fixarmos no ecossistema eleitoral nacional, estamos diante de uma eleição profundamente antidemocrática porque o princípio básico é que os candidatos participem em igualdade de condições e não é isso o que está acontecendo", declara Díaz em uma entrevista à AFP.

Sobre os cinco reitores do CNE repousam o poder eleitoral venezuelano e a responsabilidade de velar pelo bom funcionamento da campanha, pelas votações e pela contagem de votos.

Díaz é reconhecido por ser a voz dissonante dentro deste Conselho e o único que denunciou com frequência os supostos abusos cometidos pelo governo.

"O ideal seria que o CNE fosse a representação deste país plural", lamenta o reitor.

Nos últimos anos, Díaz apresentou 16 denúncias contra o governo Chávez por comportamentos que o reitor considerava abusivos. Nenhuma avançou. A entrevista ocorre no primeiro dia da campanha do candidato do governo Nicolás Maduro e do líder opositor Henrique Capriles, uma campanha que será muito delicada, segundo o reitor, por ocorrer pouco tempo após a morte do presidente, no dia 5 de março.


"Maduro assume como estratégia a memória e o tributo ao falecido presidente, defende seu legado e vai utilizar sua imagem como referência. Seu adversário, Capriles, se referirá a uma pessoa falecida quando criticar o governo e terá, por isso, a emoção pela morte de Chávez contra ele", explica.

Díaz admite que é materialmente impossível que a candidatura de Capriles tenha tanta visibilidade quanto a de Maduro. Como exemplo, pega um jornal local e mostra uma página de publicidade de Capriles e outra de Maduro financiada por seu partido, o PSUV. No entanto, o jornal também contém oito páginas de publicidade a favor do candidato governista pagas pelo governo.

"Isto mostra a vantagem esmagadora do governo na campanha, indiscutivelmente, e o CNE está favorecendo esta situação. Se Maduro vencer, o fará no âmbito de uma eleição injusta e desequilibrada", afirma.

Convencido e com um ar grave, o reitor ressalta que o que está em jogo nestas eleições presidenciais atípicas é a paz da Venezuela.

"Qualquer irregularidade irá gerar uma reação tremenda e aqui ninguém é idiota. Acredito que o CNE é consciente da responsabilidade que tem com a tranquilidade e a paz da família venezuelana e estou certo de que manterá as coisas sob controle", afirma.

O órgão eleitoral é criticado frequentemente na Venezuela por ser considerado parcial e a serviço do poder. Díaz admite que esta ideia foi, em parte, favorecida pelo próprio governo e por Chávez, que "colocaram em xeque a credibilidade do CNE" e menosprezaram suas decisões.

"É como se existisse uma política do governo para prejudicar o CNE. Por exemplo, o presidente Chávez nomeou seu comando de campanha para as eleições de outubro de 2012 em rede nacional e todos os meios de comunicação tiveram que divulgar este fato. Isto foi um abuso sem precedentes e o CNE não fez absolutamente nada", lamenta.


No entanto, Díaz ressalta que o processo eleitoral venezuelano está há anos sendo impecável do ponto de vista técnico: os votos são secretos e são contabilizados corretamente. "O sistema demonstrou que quem tiver os votos vencerá e acredito que os venezuelanos acreditam cada dia mais que seu voto decide. Prova disso é que nas presidenciais de outubro de 2012 80% dos venezuelanos foram às urnas", lembra.

Consciente de que o processo eleitoral de 14 de abril gera muito interesse, mas também incerteza fora do país, Díaz insiste que o vencedor será reconhecido e governará. "Não há outra possibilidade. Acredito que, caso Capriles vença, o governo não tem outra opção a não ser reconhecer, porque possui informação e representação no CNE suficientes para saber quais são os resultados. E, se Maduro vencer, acredito que no dia 7 de outubro, quando perdeu para Chávez, Capriles já mostrou seu espírito democrático ao admitir sua derrota", afirma.

Díaz também considera positivo que exista um acompanhamento internacional para as presidenciais, embora não se trate propriamente de uma missão de observação.

"Por um lado, a Venezuela tem razão ao dizer que as relações internacionais são construídas com reciprocidade: a União Europeia não permite missões de observação latino-americanas na Europa, porque existiriam missões de observação europeias na América Latina? Mas também é verdade que na Venezuela nos últimos anos ocorreram greves gerais, tentativas de golpe de Estado, boicote eleitoral, tensão nas ruas e é conveniente para todas as partes que existam observadores internacionais. Lamento que não venham como uma missão qualificada, mas é preferível este acompanhamento que nenhum", considerou.

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As eleições presidenciais de 14 de abril serão íntegras e transparentes do ponto de vista técnico, mas a Venezuela terá eleições "profundamente antidemocráticas", uma vez que a igualdade de condições entre os candidatos não será respeitada, segundo Vicente Díaz, reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

"Se nos fixarmos no ecossistema eleitoral nacional, estamos diante de uma eleição profundamente antidemocrática porque o princípio básico é que os candidatos participem em igualdade de condições e não é isso o que está acontecendo", declara Díaz em uma entrevista à AFP.

Sobre os cinco reitores do CNE repousam o poder eleitoral venezuelano e a responsabilidade de velar pelo bom funcionamento da campanha, pelas votações e pela contagem de votos.

Díaz é reconhecido por ser a voz dissonante dentro deste Conselho e o único que denunciou com frequência os supostos abusos cometidos pelo governo.

"O ideal seria que o CNE fosse a representação deste país plural", lamenta o reitor.

Nos últimos anos, Díaz apresentou 16 denúncias contra o governo Chávez por comportamentos que o reitor considerava abusivos. Nenhuma avançou. A entrevista ocorre no primeiro dia da campanha do candidato do governo Nicolás Maduro e do líder opositor Henrique Capriles, uma campanha que será muito delicada, segundo o reitor, por ocorrer pouco tempo após a morte do presidente, no dia 5 de março.


"Maduro assume como estratégia a memória e o tributo ao falecido presidente, defende seu legado e vai utilizar sua imagem como referência. Seu adversário, Capriles, se referirá a uma pessoa falecida quando criticar o governo e terá, por isso, a emoção pela morte de Chávez contra ele", explica.

Díaz admite que é materialmente impossível que a candidatura de Capriles tenha tanta visibilidade quanto a de Maduro. Como exemplo, pega um jornal local e mostra uma página de publicidade de Capriles e outra de Maduro financiada por seu partido, o PSUV. No entanto, o jornal também contém oito páginas de publicidade a favor do candidato governista pagas pelo governo.

"Isto mostra a vantagem esmagadora do governo na campanha, indiscutivelmente, e o CNE está favorecendo esta situação. Se Maduro vencer, o fará no âmbito de uma eleição injusta e desequilibrada", afirma.

Convencido e com um ar grave, o reitor ressalta que o que está em jogo nestas eleições presidenciais atípicas é a paz da Venezuela.

"Qualquer irregularidade irá gerar uma reação tremenda e aqui ninguém é idiota. Acredito que o CNE é consciente da responsabilidade que tem com a tranquilidade e a paz da família venezuelana e estou certo de que manterá as coisas sob controle", afirma.

O órgão eleitoral é criticado frequentemente na Venezuela por ser considerado parcial e a serviço do poder. Díaz admite que esta ideia foi, em parte, favorecida pelo próprio governo e por Chávez, que "colocaram em xeque a credibilidade do CNE" e menosprezaram suas decisões.

"É como se existisse uma política do governo para prejudicar o CNE. Por exemplo, o presidente Chávez nomeou seu comando de campanha para as eleições de outubro de 2012 em rede nacional e todos os meios de comunicação tiveram que divulgar este fato. Isto foi um abuso sem precedentes e o CNE não fez absolutamente nada", lamenta.


No entanto, Díaz ressalta que o processo eleitoral venezuelano está há anos sendo impecável do ponto de vista técnico: os votos são secretos e são contabilizados corretamente. "O sistema demonstrou que quem tiver os votos vencerá e acredito que os venezuelanos acreditam cada dia mais que seu voto decide. Prova disso é que nas presidenciais de outubro de 2012 80% dos venezuelanos foram às urnas", lembra.

Consciente de que o processo eleitoral de 14 de abril gera muito interesse, mas também incerteza fora do país, Díaz insiste que o vencedor será reconhecido e governará. "Não há outra possibilidade. Acredito que, caso Capriles vença, o governo não tem outra opção a não ser reconhecer, porque possui informação e representação no CNE suficientes para saber quais são os resultados. E, se Maduro vencer, acredito que no dia 7 de outubro, quando perdeu para Chávez, Capriles já mostrou seu espírito democrático ao admitir sua derrota", afirma.

Díaz também considera positivo que exista um acompanhamento internacional para as presidenciais, embora não se trate propriamente de uma missão de observação.

"Por um lado, a Venezuela tem razão ao dizer que as relações internacionais são construídas com reciprocidade: a União Europeia não permite missões de observação latino-americanas na Europa, porque existiriam missões de observação europeias na América Latina? Mas também é verdade que na Venezuela nos últimos anos ocorreram greves gerais, tentativas de golpe de Estado, boicote eleitoral, tensão nas ruas e é conveniente para todas as partes que existam observadores internacionais. Lamento que não venham como uma missão qualificada, mas é preferível este acompanhamento que nenhum", considerou.

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