Venezuela fecha fronteira com Colômbia e denuncia 'conspiração internacional'
Anúncio acontece no dia da posse de Maduro, em meio à expectativa sobre a possível chegada do opositor Edmundo González ao país
Agência de notícias
Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 08h17.
Última atualização em 10 de janeiro de 2025 às 09h32.
O governo da Venezuela determinou o fechamento de sua fronteira com a Colômbia nesta sexta-feira, horas antes da posse de Nicolás Maduro, que deve assumir seu terceiro mandato consecutivo como presidente e confirmar o resultado do contestado pleito realizado no ano passado, que a oposição afirma ter vencido e cujas autoridades eleitorais jamais apresentaram os comprovantes oficiais de urna. A fronteira deve permanecer fechada até a segunda-feira, segundo as autoridades. O fechamento da fronteira acontece em um momento de expectativa sobre uma possível chegada do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, que prometeu desembarcar no país e se apresentar para tomar posse.
"Temos informações de uma conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos (...) Vamos determinar, por instruções do presidente Nicolás Maduro, o fechamento da fronteira com a Colômbia a partir das 5h (6h em Brasília) da manhã de hoje até as 5h (locais) da manhã de segunda-feira", anunciou o governador do estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia, Freddy Bernal.
A medida antes da nova posse de Maduro ocorre na esteira de um dia de tensão elevada no país sul-americano, em meio a atos convocados pela oposição para contestar o resultado confirmado pelas autoridades eleitorais indicadas pelo chavismo. Na véspera, figuras da oposição afirmaram que María Corina Machado, principal liderança do movimento que contesta o governo venezuelano, ficou presa temporariamente, após um protesto no município de Chacao. Essa versão foi negada pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello, que acusou a oposição de fabricar a cena para tumultuar o processo.
Em meio aos protestos convocados pela oposição em todo o país, há relatos de repressão e prisões. A ONG Foro Penal, que acompanha e denuncia casos de prisões políticas no país, divulgou um balanço de 16 pessoas presas, nos estados de Zulia, Carabobo, Lara, Trujillo, Portuguesa, Yaracuy e Caracas.
O país também vive a expectativa de um possível retorno de González Urrutia, que disputou a eleição contra Maduro, afirmou ter vencido, mas posteriormente precisou fugir para a Espanha para escapar da repressão chavista. O opositor fez uma turnê por países do continente americano, incluindo EUA, Argentina e República Dominicana, afirmando que "muito em breve" estaria "em liberdade" em Caracas. Alvo de um mandado de prisão, González está com a cabeça a prêmio: autoridades chavistas oferecem um prêmio de R$ 620 mil por sua captura.