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Venezuela faz referendo extraoficial para desafiar Maduro

Oposição faz referendo num momento em que o presidente busca criar um super órgão legislador, considerado por adversários um instrumento ditatorial

Venezuela: Consulta simbólica quer diminuir legitimidade de Nicolás Maduro (Marco Bello/Reuters)

Venezuela: Consulta simbólica quer diminuir legitimidade de Nicolás Maduro (Marco Bello/Reuters)

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Reuters

Publicado em 16 de julho de 2017 às 16h10.

Última atualização em 16 de julho de 2017 às 17h50.

Caracas - A oposição da Venezuela realiza um referendo extraoficial neste domingo (16) para aumentar a pressão sobre o presidente Nicolás Maduro, num momento em que ele busca criar um super órgão legislador que já é considerado por seus adversários um instrumento ditatorial.

A consulta simbólica, que também pergunta aos eleitores se eles querem eleições antecipadas, tem como objetivo diminuir a legitimidade de Maduro em meio a uma enorme crise econômica e a meses de protestos contrários ao governo que resultaram em cerca de 100 mortes.

A votação, que ocorre em cerca de 2.000 postos em todo o país, é considerada um ato de desobediência civil que deverá ser seguida por uma eventual greve nacional e outras ações escalonadas contra o Maduro.

Filas foram formadas logo cedo nos locais de votação improvisados em teatros e outros espaços desta nação rica em petróleo de 30 milhões de habitantes, numa época de crise, com venezuelanos protestando contra a escassez de alimentos e a inflação desenfreada. Mas a atmosfera era de festa sob o sol caribenho, com gente tocando música alta, buzinando de seus carros e tremulando suas bandeiras.

"Queremos que este governo de Nicolás (Maduro) saia. Estamos cansados ​​de não ver soluções, há pessoas morrendo de fome", disse Mercedes Guerrero de Ramirez, uma ex-funcionária hospitalar de 80 anos, que era a primeira na fila de votação às 5h30 da manhã na cidade de San Cristóbal.

Mas esta eleição não parece configurar mudança de governo a curto prazo ou uma solução para o impasse político do país.

Maduro disse que o plebiscito é ilegal e não tem sentido. Ele está fazendo campanha para uma votação oficial no dia 30 de julho para a nova Assembléia Legislativa, que poderá reescrever a Constituição e dissolver instituições estatais.

As duas eleições deste mês são uma demonstração de força de cada lado. Tanto o governo quanto a oposição estão efetivamente boicotando um ao outro, na esperança de legitimarem-se neste ambiente polarizado.

"A Assembléia Constituinte é uma besteira. Maduro quer mais poder, mais dinheiro e nos deixar malucos", disse a funcionária de um estacionamento Maolis Coronado, 26, depois de votar em um distrito pobre de Caracas, antes de afirmar que estava apenas conseguindo se alimentar de salgadinhos baratos e havia abdicado de ter um filho devido à crise econômica.

Os eleitores do referendo deste domingo estão sendo questionados se rejeitam a Assembleia Constituinte, se querem que as Forças Armadas defendam a Constituição existente, e se querem eleições antes do fim do mandato de Maduro.

Alguns funcionários públicos, sob pressão do governo para não participarem de eventos de oposição, estão buscando maneiras criativas de votar no plebiscito sem serem notados.

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