Venezuela expropria sucursal de empresa americana
Empresa produtora de vidro é acusada de poluir o meio ambiente; Chavez ameaçou estatizar bancos
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2010 às 09h17.
Caracas - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou na noite de segunda-feira a expropriação da filial da fabricante americana de embalagens de vidro Owens Illinois, que acusou de causar danos ambientais e explorar os trabalhadores.
Chávez também aproveitou a oportunidade para ameaçar com a nacionalização os bancos privados que, na opinião do governo, não colaborarem no desenvolvimento do país com a concessão de créditos.
"Já está pronta a expropriação, Owens Illinois, exproprie-se", disse Chávez em um ato de governo transmitido em rede nacional de rádio e televisão.
"É uma empresa de capital americano, tem anos explorando os trabalhadores, destruindo o ambiente no estado Trujillo (oeste) e levando o dinheiro dos venezuelanos", acrescentou Chávez.
A Owens Illinois é líder mundial na fabricação de embalagens de vidro, com 22.000 funcionários e presença em 21 países.
A empresa americana está presente há 52 anos na Venezuela, onde tem duas fábricas, que produzem embalagens de vidro e garrafas para cervejas e bebidas, além de recipientes para alimentos.
Chávez destacou ainda que o governo tem uma lista com mais nomes de empresas para expropriação, mas não revelou os nomes.
Em seguida fez as ameaças aos bancos presentes no país.
"Banco que não quiser colaborar no desenvolvimento nacional deve ser estatizado sem atraso de nenhum tipo. Os bancos privados são obrigados a assumir isto. Não há volta atrás".
Ele citou como exemplo a necessidade de que os bancos concedam créditos para a habitação, uma das principais necessidades dos venezuelanos no momento.
"Não podemos fazer nenhuma concessão aos que não querem contribuir podendo fazê-lo (...), porque nós, sozinhos, não podemos fazer tudo", completou Chávez.
Desde novembro de 2009, mais de 10 bancos, todos de pequeno e médio porte, sofreram intervenção e posteriormente foram liquidados ou nacionalizados por Caracas.
O governo venezuelano alega que o objetivo é "garantir o saneamento do sistema bancário".
O papel do Estado no setor bancário do país ganhou força nos últimos meses, e atualmente concentraria mais de 25% do panorama financeiro nacional, principalmente em função da nacionalização do Banco da Venezuela, concluída em 2009.
Nos último 30 dias, Caracas nacionalizou a produtora de lubrificantes Venoco, a empresa de fertilizantes Fertinitro e a Agroisleña, uma empresa com capital espanhol dedicada à produção de químicos agropecuários e suporte tecnológico à agricultura.
Desde 2007, a Venezuela nacionalizou mais de 340 empresas em setores estratégicos como energia elétrica, bancos, cimentos, aço, petróleo e alimentos.
Além disso, três milhões de hectares de terras consideradas improdutivas foram "resgatadas", nas palavras do governo, desde a chegada de Chávez ao poder.