Vazamento expõe planos de campanha dos trabalhistas britânicos
O programa, que seria divulgado apenas em um ato de campanha na próxima semana, teve seus principais pontos publicados por dois jornais
AFP
Publicado em 11 de maio de 2017 às 09h49.
Os trabalhistas britânicos devem propor em seu programa eleitoral reestatizar setores como as ferrovias, energia e correios, e não pretendem sair da União Europeia (UE) sem um acordo com Bruxelas, de acordo com um rascunho de seus planos divulgado pela imprensa.
O programa para as eleições gerais de 8 de junho seria divulgado apenas em um ato de campanha na próxima semana, mas os jornais Daily Telegraph e Daily Mirror conseguiram uma cópia e publicaram os principais pontos.
O rascunho, um documento de 43 páginas, ainda precisa ser aprovado pelo partido.
Entre as promessas de campanha, que ainda não engrenou, o partido afirma que iria garantir uma que haja uma "votação significativa" para o acordo final do Brexit, descartando sair da UE sem ter um acordo firmado.
No texto, o Partido Trabalhista reconhece que deixar a UE 'sem um acordo' é o pior cenário possível para o Reino Unido e que isso prejudicaria nossa economia e o comércio".
"Vamos rejeitar o 'não acordo'", insiste o programa, "e negociar acertos de transição para evitar deixar a economia britânica à beira do abismo".
Os trabalhistas liderados por Jeremy Corbyn estão mais de 20 pontos atráes dos conservadores da primeira-ministra Theresa May nas pesquisas, o que pode ampliar ainda mais a maioria absoluta dos 'tories' na Câmara dos Comuns.
Muitos creditam o fraco desempenho ao fato de seu líder, Jeremy Corbyn, não ter um plano preciso para o Brexit.
O Telegraph, conservador, resumiu o programa como um "retorno aos anos 1970", antes de Margaret Thatcher privatizar grande parte dos serviços públicos.
De acordo com o documento, os trabalhistas desejam reestatizar as ferrovias à medida que expirem os contratos com as empresas que administram o sistema. Também pretendem congelar os preços das passagens, que estão entre os maiores do mundo.
Além disso, o plano prevê a criação de uma empresa de energia pública "para competir com as seis grandes existentes". O partido também pretende devolver ao setor público o Royal Mail, que foi privatizado pelo ex-primeiro-ministro conservador David Cameron.
Os trabalhistas almejam ainda aumentar consideravelmente o financiamento da saúde pública e eliminar as taxas universitárias.
O documento também contém pistas sobre a postura dos trabalhistas no tema migratório, afirmando que o partido não fará "falsas promessas", em alusão aos oponentes conservadores.
Andrew Gwynne, coordenador eleitoral do Partido Trabalhista, minimizou a importância do vazamento.
"Nao é ideal, mas a vantagem é que hoje estamos todos falando do Partido Trabalhista, estamos falando de sua visão para que o país seja melhor", afirmou à rádio BBC.