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Vazamento de gasodutos russos pode virar desastre ‘sem precedentes’

Cientistas tentam estimar impacto climático, mas há uma série de incertezas

Gasoduto NordStream 1: vazamento pode virar desastre ‘sem precedentes’ (Stefan Sauer/picture alliance via Getty Images/Getty Images)

Gasoduto NordStream 1: vazamento pode virar desastre ‘sem precedentes’ (Stefan Sauer/picture alliance via Getty Images/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 28 de setembro de 2022 às 08h49.

Por John Ainger (Bloomberg)

Uma piscina de água borbulhante de 700 metros de largura no Mar Báltico, causada pela ruptura de gasodutos do sistema Nord Stream, sugere um desastre climático de proporções enormes.

É o resultado mais visível dos três grandes vazamentos de gás que emanam dos dutos que transportam gás da Rússia à Alemanha. Cientistas tentam descobrir quanto metano, um dos gases de efeito estufa mais poderosos, escapou para a atmosfera. O temor é que possa ser uma das piores emissões de todos os tempos.

A causa das três rupturas de dutos quase simultâneas não foi confirmada, mas autoridades alemãs e americanas disseram que o incidente parecia sabotagem.

Embora os fluxos dos gasodutos do sistema Nord Stream 1 tenham sido interrompidos — e os do Nordstream 2 nem sequer começaram — todos eles continham gás pressurizado, na maioria metano.

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O que pode acontecer?

“Dado que, ao longo de vinte anos, uma tonelada de metano tem um impacto climático mais de 80 vezes pior do que o CO2, o potencial para um evento de emissão maciço e altamente prejudicial é muito preocupante”, disse David McCabe, cientista sênior da Clean Air Task Force, uma organização sem fins lucrativos. “Há uma série de incertezas, mas, se esses gasodutos falharem, o impacto no clima será desastroso e pode até ser sem precedentes.”

Estimar a quantidade exata de metano que escapou para a atmosfera é uma tarefa extremamente desafiadora. Muitos dos chamados eventos superemissores — grandes descargas contínuas de metano — são capturados por imagens de satélite em dutos terrestres ou locais de produção de combustível fóssil. Mas capturar dados precisos sobre a água é muito mais difícil por causa da luz que reflete na superfície.

Há uma série de outras incertezas — quanto gás havia nos dutos no momento do vazamento, a que temperatura e pressão estava sendo mantido e o tamanho da ruptura nos tubos. Quando o gás escapa, é provável que uma parte se dissipe na água, mas isso também depende da densidade do microbioma e da profundidade. Para obter leituras precisas, um avião provavelmente teria que fazer medições no ar.

Apesar disso, cientistas nas mídias sociais foram rápidos em fazer alguns cálculos. Andrew Baxter, diretor de estratégia energética do Fundo de Defesa Ambiental, estimou que cerca de 115.000 toneladas de metano escaparam, o equivalente a cerca de 9,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Seria o mesmo impacto climático que as emissões de 2 milhões de carros a gasolina ao longo de um ano, ou duas termoelétricas a carvão e meia.

Se a emissão real estiver perto desta estimativa, seria um dos maiores vazamentos de metano de todos os tempos. O maior vazamento conhecido nos EUA aconteceu na instalação de armazenamento de gás de Aliso Canyon, em Los Angeles, em 2015, onde cerca de 97.100 toneladas de metano foram emitidas ao longo de vários meses.

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