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Vaticano nega envolvimento de cardeal em divulgação de documentos

O Vaticano desmentiu que um cardeal esteja entre as pessoas que vazaram documentos, e que seja responsável por manipular Paolo Gabriele, mordomo do Papa preso semana passada

Vaticano pode ser o menor Estado do mundo, mas até a sua diplomacia foi escancarada pelos vazamentos no WikiLeaks (Max Rossi/ Reuters)

Vaticano pode ser o menor Estado do mundo, mas até a sua diplomacia foi escancarada pelos vazamentos no WikiLeaks (Max Rossi/ Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2012 às 21h03.

Cidade do Vaticano - O Vaticano desmentiu que um cardeal esteja entre as pessoas que vazaram documentos secretos da Santa Sé, e que seja responsável por manipular Paolo Gabriele, mordomo do Papa Bento XVI, preso na última quarta-feira.

"Nego categoricamente que se suspeite de um cardeal, italiano ou não", afirmou o porta-voz do Papa, padre Federico Lombardi. "Nenhum cardeal italiano está sendo investigado, muito menos uma mulher, como publicou a imprensa."

O escândalo que atinge a hierarquia da Igreja Católica, comparável ao que sacudiu o pontificado de João Paulo II com a morte misteriosa do chamado "banqueiro de Deus" na década de 1980, afeta a credibilidade da instituição e constrange católicos de todo o mundo.

Os vazamentos, que envolvem a divulgação de cartas particulares e documentos internos dirigidos ao Papa e a seu secretário particular, ilustram a guerra entre os setores conservadores que lutam pelo poder e para ocupar postos importantes dentro da instituição, diante da possibilidade de uma eleição pontifícia, levando em conta a idade avançada de Bento XVI (85 anos).

"Os interrogatórios continuam. Várias pessoas foram ouvidas na Cúria Romana e nos ministérios pela comissão de cardeais formada pelo Papa", afirmou Lombardi. "Ela recolhe informações e depoimentos, e tem a tarefa de passar tudo para o Santo Padre", explicou, sem dizer quanto tempo levará a investigação.

O porta-voz do Papa pediu que os jornalistas mantenham a calma e "objetividade", diante do escândalo.


Preso no palácio apostólico, o mordomo que traiu o Papa, conhecido como Paoletto, mantêm-se em silêncio, reza, e, após cinco dias de prisão, pôde falar com a mulher.

"Ele está tranquilo", disse seu advogado, Carlo Fusco, acrescentando que o cliente "está disposto a colaborar".

O espião e traidor, uma pessoa simples e educada, é, para muitos observadores, um bode expiatório, e se teme que, caso decida falar, acabe acusando os hierarcas instigadores.

"Ele era apenas o braço que atuou, deve-se buscar o cabeça", publicou o jornal "Il Fatto Quotidiano".

Para o vaticanista Marco Politi, os vazamentos têm o objetivo de derrubar o número dois do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, 78, um salesiano sem experiência diplomática, que cometeu erros graves no início de sua gestão, mas que goza da confiança do Papa alemão.

"Os documentos são tiros contra Bertone, querem afundá-lo, um pedido de renúncia", explicou o teólogo Vito Mancuso.

Para os vaticanistas, por trás dos escândalos, vazamentos e acusações, esconde-se um confronto entre a corrente ligada ao cardeal Bertone e a velha-guarda, saudosa de João Paulo II, que não se resigna em soltar as rédeas do poder.

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