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Uma prisão militar sem memória e 171 homens sem destino certo

Desde o início de 2002, o Pentágono começou a levar para a prisão de Guantánamo, em Cuba, os supostos membros da Al Qaeda detidos em diferentes lugares do planeta

A operação dos diferentes campos de prisioneiros dispersos nos 120 quilômetros quadrados da base americana custa US$ 150 milhões anuais (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2011 às 12h42.

Base Naval de Guantánamo - A prisão da Base Naval da Baía de Guantánamo para supostos terroristas, inaugurada há quase uma década, e os 171 homens ainda encarcerados nela encaram um futuro incerto.

Na quarta-feira, após mais de nove anos desde sua captura pela CIA (agência de inteligência americana), o saudita Abd al Rahim al Nashiri, escutou as acusações pelas quais um tribunal militar o julgará e poderia condená-lo à morte.

São acusações de 'traição e perfídia', 'homicídio em violação das leis de guerra', 'atos terroristas', entre outras coisas, por planejar, segundo os Estados Unidos, o ataque em 2000 contra o destróier americano Cole no porto de Áden, no Iêmen, que causou a morte de 17 marinheiros.

O caso de Nashiri ilustra a complexidade legal e política da 'guerra global contra o terrorismo', declarada pelos EUA depois que se tornou alvo de ataques terroristas e empreendida contra um inimigo sem território, sem soberania, sem as hierarquias e instituições de um Estado.

Desde o início de 2002, o Pentágono começou a levar para a prisão de Guantánamo, em Cuba, os supostos membros da Al Qaeda detidos em diferentes lugares do planeta.

O que em princípio foi um conjunto de jaulas e barracas se transformou, após várias reformas, em uma das prisões mais modernas a um custo que um recente artigo do jornal 'The Washington Post' assinalou em US$ 500 milhões.

A operação dos diferentes campos de prisioneiros dispersos nos 120 quilômetros quadrados da base americana custa US$ 150 milhões anuais.

A base, que inclui outras operações da Marinha de Guerra e do Serviço de Guarda-Costeira dos EUA, abriga dez mil militares americanos e suas famílias.


Embora a população da prisão de Guantánamo já tenha atingido quase 800 homens, agora restam 171, dos quais a maioria está no Campo VI, onde há celas individuais e áreas para a vida comunitária.

Para os homens reclusos primeiro pelas grades e hoje pelas grossas paredes de concreto, Guantánamo deve ser um lugar repleto de memórias que eles dividem apenas entre si.

Para os militares que os custodiam, não existe muita memória: em termos gerais o Pentágono empreende uma constante troca no quadro dos soldados que trabalham ali.

Se um jornalista pergunta por comparações entre a prisão de hoje e a situação do passado, guardas e oficiais respondem que não estão ali há muito tempo e não poderiam comparar.

O Governo dos EUA, que qualificou os prisioneiros de Guantánamo como 'combatentes inimigos' não amparados pelas Convenções de Genebra, enviou pelo menos 598 deles a outros países ou os deixou em liberdade por ausência de provas.

O presidente Barack Obama não cumpriu nem está perto de cumprir sua promessa de três anos atrás, quando disse que fecharia a prisão de Guantánamo.

A verdade é que os EUA não sabem o que fazer com estes homens, dos quais pelo menos 50 deles Washington considera tão perigosos que é incapaz de considerar sua libertação.

Um número não determinado de supostos terroristas, que um guarda do 'Campo VI' descreveu como indivíduos que 'cooperaram muito', reside em um local à parte, e 20 deles estão no 'Campo V', onde as condições de reclusão são mais severas.

O 'Campo V' abriga prisioneiros que tiveram conflitos com os guardas, ou indivíduos que, segundo o oficial a cargo do local durante uma visita de jornalistas, preferem se alojar em celas individuais, de 8,8 metros quadrados.

Já os reclusos no 'Campo VI' têm quatro horas diárias de atividades ao ar livre, enquanto os detentos do 'Campo I' saem da cela uma ou duas horas por dia.

Existe, em alguma parte da base, um 'Campo VII' onde 17 homens que os EUA consideram como 'prisioneiros de alto valor' estão presos em condições não divulgadas.

Os campos V e VI estão rodeados por cercas metálicas de quase quatro metros de altura, coroadas por espirais de arame, e revestidas com lonas que impedem que os prisioneiros desfrutem da beleza da paisagem da costa cubana.

Também é impossível ver os prisioneiros, exceto para os guardas e ocasionais visitantes que percorrem as entranhas dos edifícios por corredores escurecidos por trás de janelas refletivas: os presos estão sempre sob observação, mas nunca sabem quantos olhos estão sobre ele.

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São acusações de 'traição e perfídia', 'homicídio em violação das leis de guerra', 'atos terroristas', entre outras coisas, por planejar, segundo os Estados Unidos, o ataque em 2000 contra o destróier americano Cole no porto de Áden, no Iêmen, que causou a morte de 17 marinheiros.

O caso de Nashiri ilustra a complexidade legal e política da 'guerra global contra o terrorismo', declarada pelos EUA depois que se tornou alvo de ataques terroristas e empreendida contra um inimigo sem território, sem soberania, sem as hierarquias e instituições de um Estado.

Desde o início de 2002, o Pentágono começou a levar para a prisão de Guantánamo, em Cuba, os supostos membros da Al Qaeda detidos em diferentes lugares do planeta.

O que em princípio foi um conjunto de jaulas e barracas se transformou, após várias reformas, em uma das prisões mais modernas a um custo que um recente artigo do jornal 'The Washington Post' assinalou em US$ 500 milhões.

A operação dos diferentes campos de prisioneiros dispersos nos 120 quilômetros quadrados da base americana custa US$ 150 milhões anuais.

A base, que inclui outras operações da Marinha de Guerra e do Serviço de Guarda-Costeira dos EUA, abriga dez mil militares americanos e suas famílias.


Embora a população da prisão de Guantánamo já tenha atingido quase 800 homens, agora restam 171, dos quais a maioria está no Campo VI, onde há celas individuais e áreas para a vida comunitária.

Para os homens reclusos primeiro pelas grades e hoje pelas grossas paredes de concreto, Guantánamo deve ser um lugar repleto de memórias que eles dividem apenas entre si.

Para os militares que os custodiam, não existe muita memória: em termos gerais o Pentágono empreende uma constante troca no quadro dos soldados que trabalham ali.

Se um jornalista pergunta por comparações entre a prisão de hoje e a situação do passado, guardas e oficiais respondem que não estão ali há muito tempo e não poderiam comparar.

O Governo dos EUA, que qualificou os prisioneiros de Guantánamo como 'combatentes inimigos' não amparados pelas Convenções de Genebra, enviou pelo menos 598 deles a outros países ou os deixou em liberdade por ausência de provas.

O presidente Barack Obama não cumpriu nem está perto de cumprir sua promessa de três anos atrás, quando disse que fecharia a prisão de Guantánamo.

A verdade é que os EUA não sabem o que fazer com estes homens, dos quais pelo menos 50 deles Washington considera tão perigosos que é incapaz de considerar sua libertação.

Um número não determinado de supostos terroristas, que um guarda do 'Campo VI' descreveu como indivíduos que 'cooperaram muito', reside em um local à parte, e 20 deles estão no 'Campo V', onde as condições de reclusão são mais severas.

O 'Campo V' abriga prisioneiros que tiveram conflitos com os guardas, ou indivíduos que, segundo o oficial a cargo do local durante uma visita de jornalistas, preferem se alojar em celas individuais, de 8,8 metros quadrados.

Já os reclusos no 'Campo VI' têm quatro horas diárias de atividades ao ar livre, enquanto os detentos do 'Campo I' saem da cela uma ou duas horas por dia.

Existe, em alguma parte da base, um 'Campo VII' onde 17 homens que os EUA consideram como 'prisioneiros de alto valor' estão presos em condições não divulgadas.

Os campos V e VI estão rodeados por cercas metálicas de quase quatro metros de altura, coroadas por espirais de arame, e revestidas com lonas que impedem que os prisioneiros desfrutem da beleza da paisagem da costa cubana.

Também é impossível ver os prisioneiros, exceto para os guardas e ocasionais visitantes que percorrem as entranhas dos edifícios por corredores escurecidos por trás de janelas refletivas: os presos estão sempre sob observação, mas nunca sabem quantos olhos estão sobre ele.

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