Mundo

'Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária', diz Lula

Na cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, presidente defende saída diplomática após escalada entre EUA e Caracas

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil: "Os limites do direito internacional estão sendo testados" (EVARISTO SA / Colaborador/Getty Images)

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil: "Os limites do direito internacional estão sendo testados" (EVARISTO SA / Colaborador/Getty Images)

Publicado em 20 de dezembro de 2025 às 12h27.

Última atualização em 20 de dezembro de 2025 às 12h44.

Tudo sobreGoverno Lula
Saiba mais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado, 20, durante a abertura da Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, no Paraná, que uma eventual intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela representaria uma “catástrofe humanitária” e um risco ao equilíbrio do direito internacional.

“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Os limites do direito internacional estão sendo testados. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, disse Lula em seu discurso aos chefes de Estado do bloco.

A fala ocorre em meio à escalada de tensões envolvendo Washington e Caracas e deu o tom político a uma reunião que, inicialmente, estava planejada como um marco econômico. O encontro previa a assinatura do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, negociação que se arrasta há mais de duas décadas, mas que voltou a ser adiada após pedido da Itália.

Acordo com a União Europeia segue indefinido

Segundo Lula, a falta de consenso interno na Europa — sobretudo por pressões de setores agrícolas — continua travando o avanço do tratado. O presidente afirmou ter recebido, na véspera, uma carta dos presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu indicando a expectativa de aprovação do acordo em janeiro de 2026.

“Sem vontade política e coragem dos dirigentes não será possível concluir uma negociação que se arrasta por 26 anos. Enquanto isso, o Mercosul seguirá trabalhando com outros parceiros”, disse.

Apesar do impasse, Lula ressaltou o peso estratégico do bloco sul-americano no cenário internacional. “O mundo está ávido para fazer acordos com o Mercosul. Muitos países querem negociar conosco, e certamente vamos conseguir avançar nos entendimentos que não foram possíveis em outros momentos”, afirmou.

Governo mantém otimismo com agenda comercial

Na sexta-feira, 19, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse esperar que o adiamento do acordo com a União Europeia seja curto. “É importante para a União Europeia, para o Mercosul e para o mundo, porque sinaliza que ainda é possível avançar com o livre comércio e o multilateralismo”, afirmou.

Alckmin também destacou outras frentes da política comercial brasileira. Segundo ele, o governo trabalha para ampliar as linhas tarifárias de preferência com o México — impacto que, segundo estimativas atualizadas, deve ficar em torno de US$ 600 milhões em exportações — além de negociar acordos com Canadá e Emirados Árabes Unidos. O Brasil também busca avançar em entendimentos comerciais com a Índia.

Enquanto o acordo com a União Europeia segue no compasso da política interna europeia, o governo brasileiro tenta reforçar o protagonismo do Mercosul como plataforma de integração econômica e diplomática, em um cenário global marcado por tensões geopolíticas e disputas comerciais crescentes.

Acompanhe tudo sobre:Governo LulaVenezuelaDonald Trump

Mais de Mundo

Governo dos EUA começa a publicar documentos do caso Epstein

Mercosul se reúne em Foz do Iguaçu e espera assinar acordo com UE em 12/1

EUA atacam alvos suspeitos de pertecerem ao Estado Islâmico na Síria

Agressor armado com faca mata três pessoas em Taiwan e morre durante perseguição policial