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UE não tem interesse em 'confrontação sistemática' com China

No segundo dia de sua cúpula, os líderes europeus discutiram as relações da UE com o gigante asiático, em busca de uma voz unificada para esse diálogo que evite contatos individuais

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em coletiva de imprensa após reunião de líderes do bloco em Bruxelas, em 21 de outubro de 2022 (AFP/AFP Photo)
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AFP

Publicado em 21 de outubro de 2022 às 15h26.

Última atualização em 23 de outubro de 2022 às 10h27.

Os líderes da União Europeia ( UE ) não estão interessados em uma "lógica de confrontação sistemática" com a China — disse nesta sexta-feira, 21, o titular do Conselho Europeu, Charles Michel, ao final de uma cúpula do bloco, em Bruxelas. Ainda assim, reconheceram que Pequim também é "um colaborador necessário".

No segundo dia de sua cúpula, os líderes europeus discutiram as relações da UE com o gigante asiático, em busca de uma voz unificada para esse diálogo que evite contatos individuais.

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Segundo Michel, "a discussão mostrou uma vontade muito clara de evitar ser ingênuo, mas também não queremos embarcar em uma lógica de confrontação sistemática".

Ao resumir as discussões dos líderes europeus, Michel observou que "devemos nos comprometer com obter mais reciprocidade, em particular, um reequilíbrio nas relações econômicas entre China e UE".

A UE, acrescentou ele, reforçou sua vontade de cooperar com a China em temas de interesse comum, como mudança climática e saúde.

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"Temos nosso próprio modelo para desenvolver" essa relação, afirmou, em um contexto de tensão entre Estados Unidos e China.

Para Michel, é importante que a UE desenvolva uma "autonomia estratégica", diversificando suas associações "com o resto do mundo".

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, disse que a China "é um concorrente em potencial, mas também um colaborador necessário para os desafios globais que temos".

Entre as áreas vitais de cooperação com a China, o dirigente espanhol destacou os esforços internacionais para enfrentar a mudança climática.

China e UE negociaram durante vários anos um acordo de proteção mútua de investimentos, com o forte apoio da então chanceler alemã, Angela Merkel.

Em 2020, Berlim impulsionou a realização de uma cúpula da UE com a China, que devido à pandemia de coronavírus se tornou uma videoconferência.

Mais tarde, a UE expressou duras críticas pela repressão aos uigures, na China, e o acordo mútuo de proteção de investimentos ficou literalmente esquecido, em um contexto de tensões das relações.

Voz unificada

Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lembrou que os países da UE devem estar atentos às suas "dependências" em temas como semicondutores, terras raras, cobalto e lítio.

Apesar de deixar o local das reuniões nesta sexta, o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou uma visita oficial à China no próximo mês para iniciar "consultas intergovernamentais".

Durante as discussões em Bruxelas, Scholz foi criticado pelo uso de recursos chineses em um terminal do porto de Hamburgo, apesar da oposição de vários ministros.

A última visita de um chefe de Governo de um país da UE à China remonta a 2019, com o presidente francês Emmanuel Macron.

Um documento recente da diplomacia da UE, o qual a AFP teve acesso, destacou a conveniência de manter uma voz unificada em relação à China.

"A UE e os Estados-membros devem lutar contra as tentativas da China de implementar sua tática de dividir para vencer (...) e evitar iniciativas isoladas e descoordenadas que debilitariam nossa posição comum", indica o documento.

O texto alerta que a China "se tornou um concorrente ainda mais forte" e "portanto, é fundamental avaliar qual é a melhor resposta" a esta nova situação.

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