As negociações para o período de transição estão em risco. (Robin Pope/Getty Images)
AFP
Publicado em 11 de setembro de 2020 às 07h01.
Última atualização em 11 de setembro de 2020 às 08h09.
A União Europeia (UE) completará as negociações com o Reino Unido para tentar alcançar um acordo sobre sua futura relação, afirmou nesta sexta-feira o comissário do Mercado Interno, Thierry Breton.
"Estamos na reta final das negociações. Do nosso lado, as negociações seguirão até o fim. Não praticaremos a política da cadeira vazia, está muito claro", declarou ao canal francês BFM Business.
"Toda a Europa, e isto é suficientemente sem precedentes para destacar, está ao lado do nosso negociador Michel Barnier, que está fazendo um trabalho bastante notável e que pode ser apreciado (...) com calma", completou.
"Mas também é certo que estamos decididos", insistiu Breton, antes de acrescentar que se britânicos querem os benefícios do mercado interno europeu depois da saída da UE, "terão que aceitar e respeitar todas as normas".
O governo do Reino Unido confirmou na quinta-feira a intenção de apoiar um projeto de lei que questionaria alguns compromissos assumidos no acordo de saída da UE, apesar do ultimato de Bruxelas apresentado a Londres até o fim do mês para renunciar ao projeto ou enfrentar recursos jurídicos.
O governo britânico apresentou, na quarta-feira, seu projeto de lei, que aproveita uma harmonização pós-Brexit do comércio entre as quatro nações do Reino Unido para modificar a aplicação de tarifas e possíveis controles aduaneiros na Irlanda do Norte, segundo o acordo de divórcio com a UE.
Este tratado internacional, em vigor desde 31 de janeiro, prevê um dispositivo pelo qual essa província britânica manterá as regras do mercado comum europeu para evitar reimpor uma fronteira com a vizinha República da Irlanda.
Seu objetivo é não colocar em risco a frágil paz que reina na ilha desde o Acordo de Belfast de 1998, que encerrou três décadas de um conflito violento entre republicanos católicos e unionistas republicanos.
As autoridades europeias, lideradas por Dublin, denunciam os planos do primeiro-ministro britânico Boris Johnson como uma ameaça à essa estabilidade.
Nesta sexta-feira, o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, afirmou que "os acordos devem ser respeitados".
"Está claro que todos devem ater-se ao que foi aceito", insistiu, antes de uma reunião de ministros das Finanças da UE em Berlim.
O ministro das Finanças da Irlanda, Paschal Donohoe, também enfatizou que o respeito aos tratados "é um requisito prévio para o aspecto de qualquer relação futura".
"Todo este processo de negociação me lembra um pouco o filme 'Groundhog Day' (Feitiço do Tempo no Brasil), no qual o protagonista acorda todas as manhãs para viver eternamente o mesmo dia", declarou o ministro austríaco das Finanças, Gernot Blümel.