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UE e Reino Unido concordam em intensificar negociação do Brexit

Reino Unido e União Europeia tem menos de um mês para negociar o acordo do Brexit

Brexit: o Reino Unido deixará a União Europeia no dia 31 de outubro (Henry Nicholls/Reuters)

Brexit: o Reino Unido deixará a União Europeia no dia 31 de outubro (Henry Nicholls/Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de outubro de 2019 às 13h59.

Reino Unido e União Europeia (UE) concordaram, nesta sexta-feira (11), em "intensificar" suas negociações de divórcio na reta final, dias antes de uma cúpula crucial para afastar o temido Brexit sem acordo.

"A Comissão Europeia vai explorar intensamente o que é factível", disse à AFP uma fonte do bloco ligada às negociações, advertindo para o risco de que isso "não leve a nada, ou que seja insuficiente" para um pacto.

A tensão de dias atrás - quando o chefe do Conselho Europeu, Donald Tusk, acusou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de jogar um "jogo estúpido de troca de acusações" - parece ter aberto caminho para o otimismo.

O negociador europeu, Michel Barnier, e seu colega britânico, Steve Barclay, tiveram hoje uma "reunião construtiva" em Bruxelas, segundo ambas as partes, um dia depois de um encontro entre Johnson e seu homólogo irlandês, Leo Varadkar.

Tendo seu país como principal afetado pela saída de seu único vizinho da UE, Varadkar considerou "possível" alcançar um acordo que permita aos britânicos sair "de forma ordenada" em 31 de outubro.

Na prática, os europeus adiam para a próxima semana o limite que haviam estabelecido, para esta sexta, sobre a viabilidade deste cenário. Na terça que vem (15), os ministros de Assuntos Europeus discutem a negociação em Luxemburgo.

A Comissão, que encarregou Barnier de negociar com Londres em nome dos outros 27 países, disse que "voltará a fazer um balanço" com a Eurocâmara e com os países na segunda-feira, antes da reunião de ministros e da cúpula posterior.

Salvo alguns comentários sobre o clima da negociação, o silêncio predomina. "Nesta etapa, quanto menos se falar, melhor. Se as coisas começarem a vazar, significa que não é sério", afirmou um diplomata europeu.

O principal obstáculo é como evitar a reintrodução de uma fronteira para bens entre Irlanda, país-membro da UE, e a província britânica da Irlanda do Norte, preservando o acordo de paz da Sexta-feira Santa, de 1998.

Os britânicos estariam dispostos a avançar na questão de aduanas para uma solução que englobe toda a ilha da Irlanda, disse uma fonte europeia, sem antecipar detalhes da discussão.

"Vigilância, determinação e paciência"

A cúpula de mandatários europeus prevista para 17 e 18 de outubro se anuncia como crucial. Na falta de um acordo em 19 de outubro, uma lei britânica obrigará um reativo Boris Johnson a pedir uma nova prorrogação do divórcio - pela terceira vez.

"Não há garantia de sucesso, e o tempo praticamente acabou (...) Um Brexit sem acordo nunca será a escolha da UE", garantiu Tusk, que está no Chipre, após destacar os "sinais promissores" do encontro entre Varadkar e Johnson.

Diante das reservas do premiê britânico, seus 27 pares poderão lhe propor uma prorrogação - algo permitido pelos tratados europeus -, ainda que, de qualquer maneira, seus sócios ressaltem que precisa de um bom motivo.

Nesta sexta, a ministra francesa de Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin, apontou para um segundo referendo, uma mudança política em Londres, ou novas eleições. Este último cenário parece inevitável diante da crise política no Reino Unido.

Quase 52% dos eleitores britânicos apoiaram o Brexit em uma consulta realizada em junho de 2016. Três anos depois, o Reino Unido ainda não encontrou uma saída para concluir este divórcio inicialmente previsto para acontecer em 31 de outubro.

"Já disse que o Brexit é como escalar uma montanha e que precisamos de vigilância, determinação e paciência", declarou o negociador europeu, antes de informar embaixadores europeus e eurodeputados sobre esta situação.

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