A atuação dos militares, que utilizaram munição real para dispersar os manifestantes, deixou pelo menos sete mortos (Mike Hutchings/Reuters)
EFE
Publicado em 7 de agosto de 2018 às 10h52.
Harare - As embaixadas da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos no Zimbábue condenaram nesta terça-feira as "graves violações de direitos humanos" registradas no país após a publicação do resultado das eleições de 30 de julho, que a oposição classifica como fraudulento.
Ambas as embaixadas expressaram "sérias preocupações" pela situação no Zimbábue, em comunicado conjunto assinado também pelas missões de Suíça e Canadá.
Os chefes dessas delegações "condenam a violência, os ataques e os atos de intimidação dirigidos para simpatizantes e dirigentes da oposição", e consideram que "tais violações dos direitos humanos não têm lugar em uma sociedade democrática, pois transgridem os princípios fundamentais dos padrões internacionais".
Além disso, as embaixadas pediram ao exército zimbabuano, que interveio após os protestos de quarta-feira, que "atue de forma controlada".
As missões diplomáticas também se dirigiram ao governo e exigiram que o mesmo "respeite os direitos da população do Zimbábue consagrados na Constituição".
A Comissão Eleitoral do Zimbábue (ZEC, na sigla em inglês) publicou os resultados das eleições presidenciais na quinta-feira passada e outorgou a vitória no primeiro turno ao presidente e candidato governista, Emmerson Mnangagwa, com 50,8% dos votos.
No entanto, seu principal rival, o líder opositor Nelson Chamisa, qualificou de ilegítima a proclamação e garantiu que os resultados são fraudulentos.
Desde o dia de votação, Chamisa assegurou reiteradamente que ele é o autêntico ganhador nas urnas e acusou a ZEC de adiar a proclamação doa resultados por estar manipulando os mesmos.
Isso provocou graves distúrbios na capital, Harare, onde na quarta-feira foram registrados episódios de violência enquanto centenas de pessoas se manifestavam, o que levou à intervenção da polícia e, posteriormente, do exército.
A atuação dos militares, que utilizaram munição real para dispersar os manifestantes, deixou pelo menos sete mortos.
Mnangagwa, que ocupa a presidência desde a queda de Robert Mugabe via golpe militar em novembro de 2017, prometeu eleições "livres, justas e críveis", que são cruciais para recuperar a confiança internacional após anos de isolamento.