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UE apresenta plano para reconstruir sua indústria de defesa

Nova estratégia terá um orçamento inicial de 1,5 bilhão de euros

A vice-presidente da Comissão Europeia Margrethe Vestager  (Aldo Gamboa, Olivier Baube/AFP Photo)

A vice-presidente da Comissão Europeia Margrethe Vestager (Aldo Gamboa, Olivier Baube/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 5 de março de 2024 às 13h34.

A União Europeia apresentou, nesta terça-feira, 5, a sua nova estratégia de defesa que contempla compras conjuntas de armamento e equipamentos e um importante reforço da indústria europeia de armas para reduzir a dependência dos Estados Unidos.

"Precisamos assumir mais responsabilidades por nossa própria segurança, e ao mesmo tempo seguir plenamente comprometidos com a Otan", disse Margrethe Vestager, vice-presidente da Comissão Europeia, na apresentação da nova estratégia.

"Precisamos de um equilíbrio transatlântico adequado, independentemente da dinâmica eleitoral nos Estados Unidos", acrescentou.

"Propomos atingir o objetivo até 2030 de adquirir 40% dos equipamentos de forma colaborativa e adquirir 50% dos equipamentos dentro da União Europeia", disse Vestager.

Esta nova estratégia europeia de defesa terá um orçamento inicial de 1,5 bilhão de euros (cerca de 7,9 bilhões de reais).

Vestager admitiu que "não é muito dinheiro", mas acrescentou que "o financiamento real virá dos Estados-membros" do bloco.

De acordo com Vestager, desde fevereiro de 2022, no início das operações da Rússia em território ucraniano, até junho de 2023, 80% das compras europeias de armas para ajudar a Ucrânia foram feitas fora da UE.

No total, cerca de 68% de todas essas compras foram nos Estados Unidos. "Isso não é sustentável", disse.

Grandes recursos

O Comissário Europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, relembrou que este plano de reforço da indústria europeia de armamento requer uma importante estrutura financeira.

"Financiar tudo isso significa mobilizar recursos financeiros, do setor financeiro, para o setor da defesa, o que também é sempre muito difícil", acrescentou.

A guerra na Ucrânia colocou os países da UE ante a urgência de definir e renovar uma estratégia europeia de Defesa, apoiada em um novo impulso à indústria.

Após os países europeus concordarem usar suas próprias reservas estratégicas para ajudar a Ucrânia, o bloco percebeu que os depósitos militares estavam no limite, e que a indústria ligada à Defesa não estava preparada para reagir rapidamente.

Uma das metas do novo plano é aumentar a capacidade de produção anual europeia até dois milhões de obuses em 2025, sendo que antes da invasão russa da Ucrânia não chegava a meio milhão.

A ideia é que para o ano 2030 pelo menos 50% das compras de armas dos países da UE sejam em empresas do bloco, e esse percentual aumente a 60% em 2035.

Para isto, a nova estratégia impulsiona compras conjuntas. Um modelo a repetir seria o implementado com as vacinas durante a pandemia de coronavírus.

Durante a crise, um contrato modelo foi adotado com o qual a Comissão Europeia adiantou pagamentos para permitir que os países do bloco reativassem sua indústria.

Em um prazo maior, a UE também pretende participar de lançamentos de projetos europeus de defesa em áreas como a cibernética, o espaço e a proteção dos fundos marinhos.

A nova estratégia também sugere utilizar os benefícios gerados dos ativos russos congelados na Europa, que alcançaram os 50 bilhões de euros (cerca de  US$ 54 bilhões de dólares ou R$ 267 bilhões na cotação atual).

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