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Ucrânia tem ofensiva militar no leste e tumultos no sul

Na cidade portuária de Odessa, às margens do Mar Negro, uma manifestação em favor da unidade da Ucrânia foi violentamente atacada por militantes pró-russos

Soldados ucranianos: perto de Slaviansk, dois soldados ucranianos foram mortos durante "intensos combates" com militantes separatistas, segundo Ministério da Defesa (AFP)

Soldados ucranianos: perto de Slaviansk, dois soldados ucranianos foram mortos durante "intensos combates" com militantes separatistas, segundo Ministério da Defesa (AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2014 às 21h07.

O Exército ucraniano lançou nesta sexta-feira uma ofensiva para recuperar a cidade separatista de Slaviansk, no leste do país, em uma operação que deixou "muitos mortos e feridos" e levou a Rússia a convocar uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU.

Em Slaviansk, onde a população acordou com o estrondo de canhões, o prefeito autoproclamado da cidade, Viacheslav Ponomarev, pediu em um vídeo que "mulheres, crianças e idosos não saiam de casa" e que "todos os homens ajudem" os insurgentes.

"Nossa cidade foi atacada, começou a invasão, sofremos baixas", declarou.

O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, disse que dois soldados ucranianos morreram na ofensiva, enquanto uma porta-voz insurgente indicou a morte de três rebeldes e dois civis.

O Ministério da Defesa também anunciou que dois soldados haviam sido mortos perto de Slaviansk.

Na cidade portuária de Odessa, às margens do Mar Negro, uma manifestação em favor da unidade da Ucrânia foi violentamente atacada por militantes pró-russos.

Quatro pessoas morreram e pelo menos 15 ficaram feridas. Logo depois, um incêndio causado pelos confrontos deixou 31 mortos.

Esse registro revisa um anterior que indicava 38 mortes.

A maioria das vítimas morreu intoxicada por monóxido de carbono, enquanto outras vítimas se jogaram pela janela.

"Hoje, a nossa querida Odessa foi atingida. Manifestantes pacíficos foram atacados por aqueles que querem transformar a Ucrânia em uma zona de guerra e desmantelar o país", havia protestado Yulia Timoshenko, ex-primeira-ministra e candidata à eleição presidencial prevista para 25 de maio, antes do anúncio do incêndio.

O avanço da insurreição na Ucrânia começou exatamente no sul, depois da rápida anexação da península da Crimeia à Federação Russa, em março. O temor agora é que os movimentos separatistas do leste voltem para aquela região.

Já em Slaviansk, a ofensiva militar iniciada durante a madrugada (01h30 GMT, 22h30 de quinta em Brasília) nesse reduto rebelde e na localidade próxima de Kramatorsk deixou "muitos mortos e feridos" entre os ativistas, declarou o presidente interino em um discurso à nação.

Perto de Slaviansk, dois soldados ucranianos foram mortos durante "intensos combates" com militantes separatistas, de acordo com o Ministério da Defesa.

"Um grupo de extremistas armados atacou os militares ucranianos da 95ª Brigada Aerotransportada (...) Intensos combates foram travados. Dois soldados ucranianos morreram", indicou o ministério em um comunicado.

O presidente interino ucraniano pediu que a Rússia "pare com a histeria, as ameaças e a intimidação" em torno dos acontecimentos na Ucrânia.

Diante desta "grave escalada de violência no leste da Ucrânia", a Rússia convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, programada para esta tarde em Nova York, informaram diplomatas.

Moscou também manifestou sua "indignação" com a violência em Odessa, denunciando a "irresponsabilidade criminosa" das autoridades pró-ocidentais de Kiev.

"A Rússia recebe com indignação as informações sobre o novo crime cometido em Odessa e pede a Kiev e a seus aliados ocidentais que ponham fim à anarquia e assumam sua responsabilidade com o povo ucraniano", indicou o Ministério russo das Relações Exteriores.

"Estes eventos trágicos (...) são considerados por Moscou um novo sinal da irresponsabilidade criminosa das autoridades de Kiev, que favorecem os radicais nacionalistas, incluindo o Pravy Sektor (Setor Direita), que realizam uma campanha de terror contra aqueles que defendem uma federalização e reais mudanças constitucionais".

O secretário americano de Estado, John Kerry, que deveria conversar por telefone nesta sexta com seu homólogo russo, Serguei Lavrov, sobre a situação na Síria, cancelou o contato diante de um pedido russo para incluir na pauta a crise ucraniana, informou uma fonte diplomática russa, qualificando a decisão de "irresponsável".

"Isto demonstra que os Estados Unidos não estão dispostos a trabalhar seriamente visando uma solução para a aguda crise. Esta falta de ação é algo muito irresponsável".


Nesta sexta, o Exército tomou o controle de nove postos de controle que estavam em poder dos separatistas, segundo o Ministério do Interior.

Nas localidades ao redor de Slaviansk, os militares ucranianos foram recebidos com hostilidade pela população local, que gritava "Voltem para casa" e tentavam bloquear a passagem dos veículos blindados, constatou a AFP.

As autoridades ucranianas exigem que os "terroristas libertem os reféns, entreguem suas armas e desocupem os prédios públicos", indicou em sua conta no Facebook o ministro do Interior, Arsen Avakov, que disse estar no lugar dos fatos com o ministro da Defesa, Mihailo Koval.

No início da ofensiva, forças ucranianas perderam dois militares na derrubada dos helicópteros Mi-24, atingidos por lança-foguetes portáteis, segundo o Ministério da Defesa, que acusou "grupos profissionais de sabotagem" e "militares ou mercenários estrangeiros".

A Rússia, acusada por Kiev e pelos países ocidentais de estar por trás do movimento separatista, classificou a ofensiva militar de "operação de represália" e de "golpe mortal no acordo de Genebra", assinado em meados de abril entre Moscou, Kiev e os ocidentais.

Ao apoiar as autoridades de Kiev, "os Estados Unidos e a União Europeia assumem uma grande responsabilidade e bloqueiam de fato a via para uma solução pacífica da crise", denunciou Moscou.

EUA e Alemanha ameaçam com novas sanções

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, ameaçaram a Rússia nesta sexta com novas sanções que atingiriam determinados setores econômicos, caso a crise na Ucrânia se agrave ainda mais.

Durante uma entrevista coletiva à imprensa na Casa Branca, Obama advertiu Moscou para possíveis sanções "setorizadas", se a eleição presidencial de 25 de maio na Ucrânia for comprometida ou impedida pelos rebeldes pró-russos.

A chanceler alemã advertiu que a Europa está preparada para iniciar uma "terceira etapa" de sanções econômicas contra a Rússia, mesmo diante da oposição de empresários de seu país.

"Estamos preparados para este passo", afirmou Merkel. A segunda etapa afetou indivíduos, enquanto a terceira seria destinada a atingir setores econômicos.

Essas medidas, que especialistas dos Estados Unidos e da Europa já avaliam, teriam como alvo setores como finanças, energia e mineração, vitais para a economia russa.

O presidente americano também pediu que a Rússia ajude na libertação dos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), mantidos como reféns em Slaviansk.

Os separatistas exigem a saída do governo pró-ocidental instaurado em Kiev após a queda do presidente Viktor Yanukovich, em 22 de fevereiro.

As negociações pela libertação dos 11 homens (sete estrangeiros e quatro ucranianos) ainda não deram resultado.

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