Guerra na ucrânia: autoridades ucranianas planejam evacuar mais civis de Mariupol em 2 de maio de 2022, depois que dezenas foram finalmente resgatados após semanas presos sob fogo pesado no complexo siderúrgico Azovstal da cidade portuária estratégica (Ed JONES/AFP)
AFP
Publicado em 3 de maio de 2022 às 10h12.
A Ucrânia anunciou nesta terça-feira (3) a retomada das operações de retirada de civis da cidade devastada de Mariupol, ao mesmo tempo que a Rússia prossegue com a ofensiva no leste do país, em meio aos temores dos países ocidentais de uma possível anexação dos territórios separatistas do Donbass.
"Mariupol: a retirada continua", anunciou a presidência ucraniana em um comunicado, que tem como base as informações divulgadas pelos governos regionais.
Autoridades municipais da cidade portuária ao sul do Donbass, quase totalmente ocupada pelos russos, anunciaram na segunda-feira à noite um acordo para a retirada com o apoio da ONU e da Cruz Vermelha.
O ponto de encontro foi estabelecido em Berdiansk, a 70 km de Mariupol.
O governo ucraniano informou que mais de 100 civis conseguiram sair no fim de semana da siderúrgica de Azovstal, o último reduto ucraniano em Mariupol, onde soldados e civis permanecem refugiados em um labirinto de túneis subterrâneos.
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Mas na segunda-feira, na cidade de Zaporizhzhia, a uma distância de 200 km, um estacionamento transformado em centro de recepção não registrou a chegada de nenhum comboio procedente de Mariupol, localidade crucial nos planos russos de unir os territórios sob seu controle no Donbass (leste) e na Crimeia (sul).
Durante a noite, o batalhão Azov, que defende a siderúrgica de Azovstal, denunciou novos bombardeios russos, inclusive contra edifícios com civis. Um subcomandante de regimento afirmou que os ataques prejudicaram a saída dos moradores.
A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, afirmou que centenas de civis permanecem "bloqueados em Azovstal".
No restante do país, "o inimigo continuou atacando Kharkiv (segunda maior cidade do país) e localidades vizinhas", afirmou o Estado-Maior do exército ucraniano em uma nota.
Ao sul, perto de Izium, os russos bombardearam as posições ucranianas e no Donbass "tentam tomar o pleno controle das localidades de Popasna e Rubizhne, além de avançar para Liman e Sloviansk".
No sudoeste da Ucrânia, a cidade portuária de Odessa voltou a ser atingida por mísseis russos que, segundo presidente Volodymyr Zelensky, provocaram a morte de um adolescente de 15 anos.
EM seu avanço no Donbass, os russos assumiram o controle de importantes áreas do sul da Ucrânia, como a cidade de Kherson, a 130 km de Odessa e próxima da península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
A Procuradoria Geral da Ucrânia anunciou a abertura de uma investigação por "possíveis torturas e assassinatos" depois que dois corpos foram encontrados em uma vala na localidade de Novofontanka.
Depois de mais de dois meses guerra, os países ocidentais e Kiev temem que Moscou aproveite o feriado de 9 de maio, quando a Rússia comemora a vitória sobre a Alemanha nazista, para tentar mostrar avanços na Ucrânia.
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O ministro da Defensa ucraniano citou uma possível tentativa de integração à Rússia das autoproclamadas repúblicas pró-Moscou de Donetsk y Lugansk, reconhecidas por Vladimir Putin pouco antes da guerra.
O embaixador dos Estados Unidos na Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), Michael Carpenter, afirmou que a anexação pode acontecer com a organização de referendos ainda em maio, uma estratégia que recorda o que aconteceu na Crimeia em 2014.
"Esta informação é muito confiável", declarou o diplomata, antes de destacar que Moscou tem planos similares para Kherson, onde já determinou o uso de sua moeda, o rublo.
"Estes simulacros de referendos, votos orquestrados, não serão considerados legítimos, nem qualquer outra tentativa de anexar territórios ucranianos", acrescentou.
A invasão russa deixou milhares de mortos e mais de 13 milhões de deslocados.
Sem uma intervenção direta na guerra, as potências ocidentais responderam com sanções sem precedentes contra a Rússia e o envio de armamento e fundos a Kiev.
Em um gesto inédito, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson discursou nesta terça-feira por videoconferência ao Parlamento ucraniano. Ele anunciou uma ajuda militar de 300 milhões de libras (376 milhões de dólares) para Kiev.
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Ao mesmo tempo, a União Europeia trabalha em um sexto pacote de sanções que inclui um calendário para acabar progressivamente com as importações de petróleo russo e advertiu que os países membros devem estar preparados para o fim do fornecimento de gás russo.
As novas sanções devem afetar o setor financeiro, com mais bancos russos excluídos do Swift, o sistema de transações internacionais, afirmou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
O papa Francisco disse em uma entrevista ao jornal italiano Il Corriere della Sera que está disposto a viajar a Moscou para conversar com Putin e tentar acabar com a guerra.