Volodymyr Zelensky e Mateusz Morawiecki: Polônia é um dos aliados do país em guerra (Omar Marques/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 5 de abril de 2023 às 14h29.
A Polônia defenderá a adesão da Ucrânia na Otan na próxima cúpula da Aliança Atlântica em julho, anunciou o presidente polonês, Andrzej Duda, nesta quarta-feira, 5, ao receber seu colega ucraniano, Volodimir Zelensky.
Zelensky viajou para a Polônia para agradecer a um dos mais leais aliados de seu país pelo apoio na luta contra a invasão russa.
"Estamos tentando obter para a Ucrânia (...) garantias adicionais de segurança que reforcem seu potencial militar, que também reforcem o sentimento de segurança do povo ucraniano", disse Duda à imprensa após se encontrar com Zelensky.
"Acredito firmemente que poderíamos receber essas garantias para a Ucrânia como uma introdução e, repito, como uma introdução à sua adesão plena à Otan", frisou Duda, acrescentando que a Polônia apoia "firmemente" a candidatura de Kiev à aliança militar transatlântica.
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 exigindo, entre outras coisas, garantias de que a ex-república soviética nunca entraria na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Zelensky agradeceu à Polônia por seu apoio aos esforços da Ucrânia para ingressar na União Europeia (UE) e na Otan.
"Gostaria de dizer aos nossos parceiros, que estão constantemente buscando compromissos em nosso caminho para a Otan, que a Ucrânia será inflexível neste ponto", declarou Zelensky.
"Agradeço à Polônia por nos acompanhar nesta caminhada", acrescentou.
A Polônia, membro da UE, da Otan e vizinha da Ucrânia, é um importante centro logístico para enviar a ajuda militar e humanitária do Ocidente para a ex-república soviética. Também acolheu muitos refugiados ucranianos que fugiram da guerra.
"Nunca me cansarei de agradecer aos poloneses que ajudaram os ucranianos desde o início da invasão russa", disse Zelensky em entrevista coletiva em Varsóvia.
"A Ucrânia nunca se esquecerá da humanidade que mostraram aos ucranianos", acrescentou.
Duda afirmou que a Polônia está pronta para entregar a Kiev "no futuro" toda a sua frota remanescente de caças MiG-29 de fabricação soviética, ou seja, cerca de trinta aeronaves.
Esta eventual entrega deve ter a aprovação dos demais países da Otan, especificou o presidente polonês.
A Polônia já entregou oito MiG-29 para a Ucrânia e enviará outros seis em breve. Também forneceu 14 tanques Leopard 2A4 para a Ucrânia em fevereiro e março, além de outros equipamentos.
Zelensky destacou que, durante a visita, foi definido "um importante programa de ajuda que fortalecerá o nosso povo".
Referindo-se à situação no terreno, o presidente ucraniano assegurou que "o inimigo não assumiu o controle" da cidade de Bakhmut (leste), atacada há meses pelas tropas russas.
"Para mim, o mais importante é não perder nossos homens. Se houver o risco de perder pessoal devido ao cerco (a Bakhmut), é claro que o general (Oleksander) Syrskyi tomará as decisões corretas e adequadas no terreno", declarou.
O presidente russo, Vladimir Putin, culpou os países ocidentais nesta quarta-feira pelo conflito na Ucrânia e por estarem envolvidos na preparação de "ataques terroristas" na Rússia.
"Não posso deixar de dizer que o apoio dos Estados Unidos [...] ao golpe de Estado em Kiev em 2014 acabou levando à atual crise ucraniana", disse Putin ao receber as credenciais da embaixadora americana em Moscou, Lynne Tracy.
O presidente referiu-se à revolução de 2014 que derrubou um governo ucraniano pró-Moscou.
Putin também acusou a UE de ter iniciado um "confronto geopolítico" com a Rússia.