Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky: Desde o início, o desejo da Ucrânia era entrar na Otan, essas são garantias reais de segurança. Alguns parceiros dos EUA e da Europa não apoiaram essa direção (Spencer Platt/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 14 de dezembro de 2025 às 12h56.
A Ucrânia decidiu abrir mão de sua intenção de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em troca de garantias de segurança oferecidas por países ocidentais, como parte de um possível acordo para pôr fim à guerra com a Rússia, afirmou o presidente do país, Volodymyr Zelensky.
Segundo informações da Reuters, divulgadas neste domingo, 14, a declaração foi feita antes de encontros previstos com representantes dos Estados Unidos, em Berlim, na Alemanha.
A decisão marca uma mudança relevante na posição ucraniana. Desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, Kiev vinha defendendo a entrada na Otan como forma de assegurar proteção contra novos ataques russos, objetivo que, inclusive, está previsto na Constituição do país.
Neste domingo, Zelensky afirmou que as garantias de segurança oferecidas pelos Estados Unidos, por aliados europeus e por outros parceiros internacionais substituiriam a adesão à aliança militar e já representam uma concessão feita pela Ucrânia.
"Desde o início, o desejo da Ucrânia era entrar na Otan, essas são garantias reais de segurança. Alguns parceiros dos EUA e da Europa não apoiaram essa direção", afirmou, em resposta a perguntas de jornalistas em um chat no WhatsApp, segundo a agência.
Segundo o líder ucraniano, acordos bilaterais de segurança com os americanos, semelhantes às garantias previstas no Artigo 5º da Otan, além de compromissos assumidos por países europeus e por outras nações, como Canadá e Japão, podem funcionar como um mecanismo para impedir uma nova ofensiva russa.
"Isso já representa um compromisso da nossa parte", disse Zelensky, acrescentando que essas garantias precisam ter caráter juridicamente vinculante.
Em outubro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, criticou o que chamou de "crescente militarização da Europa". Na ocasião, Putin afirmou que as nações da Otan "travavam uma guerra" com seu país.
Em um longo discurso em Sochi, o líder russo fez uma defesa de sua capacidade militar e negou ter planos para invadir outros países.
A Rússia vem exigindo da Ucrânia, para a resolução definitiva do conflito, o reconhecimento da anexação russa da península da Crimeia e de outras quatro de suas regiões, além da renúncia ao ingresso em blocos militares como a Otan, segundo consta no memorando divulgado em junho pela imprensa russa.
A delegação russa também exigiu que Kiev estabeleça limites para o número de tropas em suas Forças Armadas durante as negociações realizadas hoje em Istambul.
Na parte do memorando intitulada "Principais parâmetros para a solução definitiva", a Rússia insistiu no reconhecimento "internacional e legal" da soberania russa sobre a península da Crimeia e as quatro regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporizhia e Kherson, anexadas em 2022.
Além disso, enfatizou que a Ucrânia deve permanecer neutra e não serão permitidas "atividades militares estrangeiras, bases ou infraestrutura militar" de terceiros países.