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Tutu e Jolie apoiam campanha da ONU para apátridas

Uma criança apátrida nasce a cada 10 minutos, disse a agência da ONU para refugiados, o Acnur


	António Guterres: "não ter uma pátria faz as pessoas sentirem que sua própria existência é um crime”, disse o chefe do Acnur
 (Alia Haju/Reuters)

António Guterres: "não ter uma pátria faz as pessoas sentirem que sua própria existência é um crime”, disse o chefe do Acnur (Alia Haju/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2014 às 10h01.

Londres - O ganhador do prêmio Nobel arcebispo Desmond Tutu e a atriz Angelina Jolie apoiaram uma ambiciosa campanha global, nesta terça-feira, para encerrar a condição de pelo menos 10 milhões de pessoas apátridas, que não têm um país para chamar de lar.

Uma criança apátrida nasce a cada 10 minutos, disse a agência da ONU para refugiados, o Acnur, no lançamento da campanha “Eu Pertenço”. Sem nenhuma nacionalidade, elas crescerão para se tornar as pessoas mais invisíveis e desamparadas do planeta.

“Não ter uma pátria faz as pessoas sentirem que sua própria existência é um crime”, disse o chefe do Acnur, António Guterres. “Temos uma oportunidade histórica de encerrar o problema dos sem pátria dentro de 10 anos, e devolver a esperança a milhões de pessoas.”

Apátridas têm negados direitos e benefícios que a maioria das pessoas nem consideram no dia a dia. Estes "fantasmas legais” frequentemente vivem destituídos de direitos e correm altos riscos de serem presos e explorados, inclusive escravisados.  “Isso é absolutamente inaceitável. É... uma anomalia no século 21”, disse Guterres.  Guterres, Jolie e Tutu estão entre uma série de líderes de opinião e celebridades que assinaram uma carta aberta pedindo por “10 milhões de assinaturas para mudar 10 milhões de vidas”.

Outros que assinaram incluem a iraniana ganhadora do prêmio Nobel, Shirin Ebadi, a cantora de ópera Barbara Hendricks, o músico sul-africano Hugh Masekela, o escritor afegão Khaled Hosseini e a modelo Alek Wek. 

“Apatridia pode significar uma vida sem educação, sem tratamento médico ou emprego legal… uma vida sem a capacidade de se mover livremente, sem possibilidades ou esperança. Apatridia é desumano”, diz a carta.

"Acreditamos que é hora de encerrar essa injustiça.” A questão de apátridas exacerba a pobreza, cria tensões sociais, separa famílias e pode até mesmo alimentar conflitos. 

As pessoas perdem sua nacionalidade por uma série de motivos. Algumas se encontram nesse estado quando países se desmancham e novos são criados. Outras são apátridas devido à discriminação étnica ou religiosa por leis em 27 países que evitam que as mulheres transfiram sua nacionalidade para seus filhos. 

A maior população apátrida está em Mianmar, onde mais de 1 milhão de pessoas da etnia rohingya tiveram sua nacionalidade negada.  Outros países com altos números de apátridas incluem Costa do Marfim, Tailândia, Nepal, Letônia e República Dominicana.  A ONU alertou que o conflito na Síria pode aumentar o número de novos apátridas.

Mais de 50 mil bebês nasceram de refugiadas sírias que foram para países vizinhos. Muitos não têm certidões de nascimento, o que pode ser um problema para eles mais pra frente. 

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