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Turquia nega ter autorizado uso de bases pelos americanos

Turquia não concluiu nenhum acordo com os EUA para autorizar acesso a bases, segundo fonte do governo

Porta-aviões americano: "as negociações continuam", segundo fonte turca (Brian Stephens/AFP)

Porta-aviões americano: "as negociações continuam", segundo fonte turca (Brian Stephens/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2014 às 13h38.

Ancara - A Turquia negou nesta segunda-feira ter autorizado o uso de suas bases aéreas pelos Estados Unidos para a campanha contra o grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, onde os combatentes curdos lançaram nesta segunda-feira uma contraofensiva na cidade de Kobane.

"Não há nenhum novo acordo com os Estados Unidos sobre Incirlik", disse um funcionário do governo à AFP, em alusão a uma base aérea do sul da Turquia. "As negociações prosseguem", acrescentou.

Um funcionário americano da Defesa afirmou no domingo, sob condição de anonimato, que o governo de Ancara havia autorizado o exército americano a utilizar suas bases.

O chefe do Pentágono, Chuck Hagel, também informou no domingo que membros da oposição síria serão acolhidos e treinados na Turquia, acrescentando que Ancara receberá um grupo de especialistas americanos para "desenvolver um programa de treinamento".

Na cidade curda de Kobane, no norte da Síria, intensos combates eram travados nesta segunda-feira entre jihadistas e forças curdas, perto da fronteira com a Turquia.

Tiros de armas automáticas e de morteiros eram registrados em um bairro do norte de Kobane, a menos de um quilômetro da cerca que separa a Turquia da Síria, constatou um jornalista da AFP.

Esta zona é cruzada por civis curdos que fogem dos combates em direção à Turquia e por combatentes evacuados para ingressar nos hospitais turcos.

Aviões de combate americanos e sauditas realizaram no domingo e nesta segunda-feira oito ataques na Síria contra alvos do grupo Estado Islâmico, informaram militares dos Estados Unidos.

Os bombardeios atingiram sete alvos nos arredores de Kobane, segundo o comando central americano (Centcom). Os alvos incluíram unidades do EI, zonas de concentração, posições com armamento pesado e cinco edifícios tomados pelo EI.

Na noite de domingo, os curdos iniciaram uma contraofensiva e conseguiram retomar duas posições do EI no sul de Kobane, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Treze jihadistas morreram nestes confrontos, de acordo com a mesma fonte.

Kobane se converteu no símbolo da resistência contra os jihadistas, e sua queda daria o controle de uma ampla faixa de território na fronteira entre os dois países.

Com o avanço do EI às portas da Turquia, Ancara enfrentava uma pressão cada vez maior para participar da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra os jihadistas na Síria e no Iraque.

Um funcionário americano da Defesa anunciou que a Turquia permitirá que os Estados Unidos utilizem suas bases aéreas, incluindo sua grande base de Incirlik (sul), próxima à fronteira com a Turquia.

O secretário americano da Defesa, Chuck Hagel, também agradeceu a Turquia por estar disposta a treinar membros da oposição síria, segundo seu porta-voz.

Militares americanos garantiram, em diversas ocasiões, que ataques aéreos não serão suficientes para derrotar os jihadistas, que proclamaram em junho um califado em amplas zonas da Síria e do Iraque sob seu controle.

O primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu, convocou no domingo o apoio militar à oposição armada síria para criar uma terceira força no país vizinho capaz de derrotar os jihadistas e o regime de Damasco.

Mais de 180.000 pessoas morreram na Síria desde o início das revoltas contra o regime de Bashar al-Assad. O conflito se converteu em uma guerra civil que levou milhares de jihadistas estrangeiros ao país.

 

Iraquianos devem recuperar o Iraque

 

Ao mesmo tempo cresce a preocupação sobre o Iraque, onde os jihadistas ameaçam conquistar mais territórios.

As forças iraquianas enfrentam uma pressão crescente na província de Al-Anbar, situada entre Bagdá e a fronteira síria, onde um atentado matou no domingo o chefe da polícia local.

Nesta segunda-feira, as tropas governamentais posicionadas perto da cidade de Heet, nesta província, se retiraram a outra base, deixando a localidade sob o controle dos jihadistas.

O exército também travou confrontos com o EI ao redor da refinaria de Baiji (norte), onde a aviação americana entregou no domingo alimentos, água e munições aos soldados iraquianos.

Washington insistiu que não enviará tropas terrestres ao Iraque e o secretario de Estado, John Kerry, disse no domingo que os iraquianos terão que lutar para recuperar o país.

"São os iraquianos os que têm que recuperar o Iraque. São os iraquianos do Al-Anbar os que têm que lutar por Al-Anbar", declarou no Cairo.

Nas zonas sob seu controle, o EI cometeu atrocidades que indignaram a comunidade internacional, em particular as execuções por decapitação de quatro reféns ocidentais.

No último número de seu folheto de propaganda, publicado neste domingo, o EI se gaba de ter retomado a escravidão, ao entregar mulheres e crianças yazidis a seus combatentes como despojos de guerra.

Os jihadistas pensam que os yazidis, uma minoria considerada etnicamente parte dos curdos e com uma religião própria, têm crenças heréticas e afirmam que a lei islâmica permitem escravizá-los.

"Depois de sua captura, as mulheres e as crianças yazidis são repartidos, segundo a sharia, entre os combatentes do Estado Islâmico", afirma o artigo.

*Atualizada às 13h37 do dia 13/10/2014

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