Ancara - A Turquia negou nesta segunda-feira ter autorizado o uso de suas bases aéreas pelos Estados Unidos para a campanha contra o grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, onde os combatentes curdos lançaram nesta segunda-feira uma contraofensiva na cidade de Kobane.
"Não há nenhum novo acordo com os Estados Unidos sobre Incirlik", disse um funcionário do governo à AFP, em alusão a uma base aérea do sul da Turquia. "As negociações prosseguem", acrescentou.
Um funcionário americano da Defesa afirmou no domingo, sob condição de anonimato, que o governo de Ancara havia autorizado o exército americano a utilizar suas bases.
O chefe do Pentágono, Chuck Hagel, também informou no domingo que membros da oposição síria serão acolhidos e treinados na Turquia, acrescentando que Ancara receberá um grupo de especialistas americanos para "desenvolver um programa de treinamento".
Na cidade curda de Kobane, no norte da Síria, intensos combates eram travados nesta segunda-feira entre jihadistas e forças curdas, perto da fronteira com a Turquia.
Tiros de armas automáticas e de morteiros eram registrados em um bairro do norte de Kobane, a menos de um quilômetro da cerca que separa a Turquia da Síria, constatou um jornalista da AFP.
Esta zona é cruzada por civis curdos que fogem dos combates em direção à Turquia e por combatentes evacuados para ingressar nos hospitais turcos.
Aviões de combate americanos e sauditas realizaram no domingo e nesta segunda-feira oito ataques na Síria contra alvos do grupo Estado Islâmico, informaram militares dos Estados Unidos.
Os bombardeios atingiram sete alvos nos arredores de Kobane, segundo o comando central americano (Centcom). Os alvos incluíram unidades do EI, zonas de concentração, posições com armamento pesado e cinco edifícios tomados pelo EI.
Na noite de domingo, os curdos iniciaram uma contraofensiva e conseguiram retomar duas posições do EI no sul de Kobane, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Treze jihadistas morreram nestes confrontos, de acordo com a mesma fonte.
Kobane se converteu no símbolo da resistência contra os jihadistas, e sua queda daria o controle de uma ampla faixa de território na fronteira entre os dois países.
Com o avanço do EI às portas da Turquia, Ancara enfrentava uma pressão cada vez maior para participar da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra os jihadistas na Síria e no Iraque.
Um funcionário americano da Defesa anunciou que a Turquia permitirá que os Estados Unidos utilizem suas bases aéreas, incluindo sua grande base de Incirlik (sul), próxima à fronteira com a Turquia.
O secretário americano da Defesa, Chuck Hagel, também agradeceu a Turquia por estar disposta a treinar membros da oposição síria, segundo seu porta-voz.
Militares americanos garantiram, em diversas ocasiões, que ataques aéreos não serão suficientes para derrotar os jihadistas, que proclamaram em junho um califado em amplas zonas da Síria e do Iraque sob seu controle.
O primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu, convocou no domingo o apoio militar à oposição armada síria para criar uma terceira força no país vizinho capaz de derrotar os jihadistas e o regime de Damasco.
Mais de 180.000 pessoas morreram na Síria desde o início das revoltas contra o regime de Bashar al-Assad. O conflito se converteu em uma guerra civil que levou milhares de jihadistas estrangeiros ao país.
Iraquianos devem recuperar o Iraque
Ao mesmo tempo cresce a preocupação sobre o Iraque, onde os jihadistas ameaçam conquistar mais territórios.
As forças iraquianas enfrentam uma pressão crescente na província de Al-Anbar, situada entre Bagdá e a fronteira síria, onde um atentado matou no domingo o chefe da polícia local.
Nesta segunda-feira, as tropas governamentais posicionadas perto da cidade de Heet, nesta província, se retiraram a outra base, deixando a localidade sob o controle dos jihadistas.
O exército também travou confrontos com o EI ao redor da refinaria de Baiji (norte), onde a aviação americana entregou no domingo alimentos, água e munições aos soldados iraquianos.
Washington insistiu que não enviará tropas terrestres ao Iraque e o secretario de Estado, John Kerry, disse no domingo que os iraquianos terão que lutar para recuperar o país.
"São os iraquianos os que têm que recuperar o Iraque. São os iraquianos do Al-Anbar os que têm que lutar por Al-Anbar", declarou no Cairo.
Nas zonas sob seu controle, o EI cometeu atrocidades que indignaram a comunidade internacional, em particular as execuções por decapitação de quatro reféns ocidentais.
No último número de seu folheto de propaganda, publicado neste domingo, o EI se gaba de ter retomado a escravidão, ao entregar mulheres e crianças yazidis a seus combatentes como despojos de guerra.
Os jihadistas pensam que os yazidis, uma minoria considerada etnicamente parte dos curdos e com uma religião própria, têm crenças heréticas e afirmam que a lei islâmica permitem escravizá-los.
"Depois de sua captura, as mulheres e as crianças yazidis são repartidos, segundo a sharia, entre os combatentes do Estado Islâmico", afirma o artigo.
*Atualizada às 13h37 do dia 13/10/2014
-
1. O poder dos radicais
zoom_out_map
1/22 (Reuters)
São Paulo -- Os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (
EIIL) vêm exibindo uma variedade impressionante de armas. Muitas foram capturadas do próprio exército iraquiano, que os extremistas derrotaram em diversas batalhas no norte do país. Veja alguns equipamentos bélicos que já foram vistos em poder do EIIL.
-
2. Tanques T-55
zoom_out_map
2/22 (John Harwood / Wikimedia Commons)
Os T-55 são tanques russos que os extremistas teriam capturado das forças iraquianas. Seguem o desenho básico do T-54, tanque soviético desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. Há variantes do T-55 com mira a laser, controle de tiro computadorizado, sistemas avançados de radiocomunicação e armadura explosiva, que repele projéteis antitanques.
-
3. Tanque M-1 Abrams
zoom_out_map
3/22 (D. W. Holmes II / US Navy / Wikimedia Commons)
Os americanos já enviaram centenas de tanques M1 Abrams ao Iraque. Segundo
relatos, o EIIL teria capturado alguns deles. O Abrams pesa quase 70 toneladas e é movido por uma potente turbina a gás. É um tanque avançado, com uma rede de sensores que alimentam um computador de bordo capaz de calibrar os disparos com precisão.
-
4. Canhão 59-1
zoom_out_map
4/22 (Lance Lanham / US Army / Wikimedia Commons)
Há relatos de EIIL teria canhões do tipo 59-1, capturados do exército iraquiano. Trata-se da cópia chinesa de um canhão russo desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. O original tinha alcance superior a 27 quilômetros. Durante muitos anos, foi o canhão rebocável com maior alcance no mundo.
-
5. Canhão antiaéreo ZU-23-2
zoom_out_map
5/22 (Serge Serebro / Vitebsk Popular News / Wikimedia Commons)
O ZU-23-2 é um canhão antiaéreo duplo projetado no final da década de 1950 na União Soviética. Dispara balas de 23 milímetros de diâmetro a até 2,5 km de distância. Pode derrubar aviões e helicópteros ou atingir alvos terrestres. O exército iraquiano tem unidades fabricadas na Bulgária e na Polônia. Segundo relatos, algumas delas foram parar nas mãos do EIIL.
-
6. Canhão antiaéreo tipo 65/74
zoom_out_map
6/22 (Joe Mabel / Wikimedia Commons)
Um vídeo de propaganda do EIIL mostra um canhão antiaéreo que especialistas dizem ser uma arma chinesa tipo 65 ou 74 (o 74 é uma versão aperfeiçoada do 65). É um canhão de 37 milímetros com dois canos, derivado de um antigo projeto soviético. A versão original disparava 60 balas por minuto a até 8,5 km de distância.
-
7. Mísseis terra-ar
zoom_out_map
7/22 (US Army / Wikimedia Commons)
Combatentes do EIIL foram vistos com pequenos mísseis terra-ar conhecidos como MANPADS. Eles são disparados de um lançador tubular portátil, que é apoiado no ombro do soldado, e podem derrubar helicópteros voando baixo. Há inúmeras variantes dessas armas. Muitas não são guiadas, mas as mais avançadas são orientadas por raios infravermelhos ou por laser.
-
8. Míssil antitanque Hongjian-8
zoom_out_map
8/22 (Kizilsungur / Wikimedia Commons)
O míssil Hongjian-8 (ou HJ-8) é um projeto chinês dos anos 80. É fabricado na China e no Paquistão. O míssil é disparado de um lançador tubular e guiado por um fio até o alvo. É capaz de destruir as blindagens ativas de tanques, que usam explosivos para defletir projéteis. Tem sido usado ocasionalmente na guerra civil Síria.
-
9. Lança-foguetes RPG-7
zoom_out_map
9/22 (Kenneth Lane / US Marine Corps / Wikimedia Commons)
O lança-foguetes russo RPG-7 é uma das armas antitanque mais usadas no mundo. É apreciado no campo de batalha por ser confiável e relativamente fácil de usar. É disparado apoiado sobre o ombro do soldado. A munição é uma granada-foguete não guiada, capaz de atingir alvos a até 200 metros de distância.
-
10. Metralhadora DShK
zoom_out_map
10/22 (Erwin Franzen / Wikimedia Commons)
A DShK é uma peça de museu, mas é mortal. Foi desenvolvida pela União Soviética no final da década de 1930 e chegou a ser usada na Segunda Guerra Mundial. Essa metralhadora pesada dispara 600 balas de 12,7 mm de diâmetro por minuto. Segundo relatos, o EIIL teria algumas delas montadas em caminhões.
-
11. Metralhadora M240
zoom_out_map
11/22 (Eric Powell / US Navy / Wikimedia Commons)
A M240 é uma metralhadora de médio porte projetada na Bélgica e usada pelas forças armadas americanas desde o final dos anos 70. Dispara entre 750 e 950 balas por minuto e tem alcance de até 1,8 km. É comum vê-la montada em tanques e outros veículos de combate.
-
12. Metralhadora M60
zoom_out_map
12/22 (US Department of Defense / Wikimedia Commons)
A M60 é usada desde 1957 pelas forças armadas americanas. Mas é capaz de fazer estragos. Ela dispara mais de 500 balas (de 7,62 mm de diâmetro) por minuto e atinge alvos a mais de 1 quilômetro de distância. Em geral, é operada por dois ou três soldados. Enquanto um puxa o gatilho, os outros vigiam os alvos e municiam a arma.
-
13. Fuzil M16
zoom_out_map
13/22 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)
O M16, fuzil automático leve do exército americano, é uma das armas vistas nas mãos dos combatentes do EIIL. É derivado do AR-15, projetado em 1956. Estima-se que 8 milhões de unidades do M16 já tenham sido fabricadas. Dessas, 90% seguem em uso em mais de 80 países. Com 1 metro de comprimento, o fuzil pesa 4 kg e é capaz de matar alguém a mais de 500 metros de distância.
-
14. Carabina M4
zoom_out_map
14/22 (James Harper Jr. / US Army / Wikimedia Commons)
A carabina M4 é a versão mais curta (84 cm) e mais leve (3,4 kg quando carregada com 30 balas) do fuzil M16. Foi adotada pelo exército americano em 1994 e é muito usada para combate em áreas urbanas. Tem coronha telescópica, o que permite encolhê-la para 76 cm.
-
15. Lança-granadas M203
zoom_out_map
15/22 (Exército da Austrália / Wikimedia Commons)
O M203 é um lança-granadas que funciona acoplado sob o cano de um fuzil ou carabina. Ao invadir uma casa, por exemplo, o soldado pode disparar a granada para explodir a porta ou a parede e, depois, matar as pessoas com o fuzil. O acessório pesa1,36 kg.
-
16. Caminhões MRAP
zoom_out_map
16/22 (US Marine Corps / Wikimedia Commons)
Os chamados MRAPs (sigla de “mine-resistant ambush protected”, resistente a minas e emboscadas) são caminhões capazes de suportar explosões de minas e artefatos improvisados. Também resistem a tiros de armas leves. Foram extensamente usados para transporte de tropas durante a Guerra do Iraque. E parece que o EIIL conseguiu obter alguns.
-
17. Carro blindado M113
zoom_out_map
17/22 (Jason McCree / USAF / Wikimedia Commons)
O carro blindado M113 é outro projeto antigo. Foi muito usado em combates no Vietnã. Em conflitos mais recentes, como a Guerra do Iraque, foi empregado para transporte de soldados e feridos. É um veículo anfíbio com blindagem leve, capaz de resistir a tiros de armas de mão. Alguns são equipados com uma ou mais metralhadoras na parte superior.
-
18. Humvees
zoom_out_map
18/22 (Eric Harris / US Air Force / Wikimedia Commons)
O Humvee é a versão moderna do jipão militar. Pode carregar uma variedade de armas, como metralhadoras e lança-granadas. O exército iraquiano possui muitos desses veículos que também foram usados pelos americanos na região. O EIIL divulgou fotos de Humvees que o grupo teria apreendido e enviado à Síria.
-
19. Uniformes high tech
zoom_out_map
19/22 (Brandon Aird / U.S. Army / Wikimedia Commons)
O EIIL divulgou vídeos de soldados usando uniformes e coletes à prova de balas americanos. São roupas com proteções feitas de Kevlar KM2, um compósito extremamente resistente. Não se sabe quantas unidades os jihadistas possuem.
-
20. Visão noturna
zoom_out_map
20/22 (US Department of Defense / Wikimedia Commons)
Vídeos do EIIL também mostram soldados com dispositivos de visão noturna AN/PVS-7. Esses equipamentos, desenvolvidos nos Estados Unidos nos anos 80, amplificam a luz entre 30 mil e 50 mil vezes, permitindo que o soldado enxergue no escuro. Não se sabe quantas unidades estão nas mãos dos extremistas e nem se elas estão em condições de uso.
-
21. UH-60 Black Hawk
zoom_out_map
21/22 (Suzanne Jenkins / USAF / Wikimedia Commons)
Segundo alguns relatos, quando os extremistas tomaram o aeroporto de Mossul, no Iraque, havia helicópteros americanos Black Hawk lá. Nenhum foi visto voando depois da captura. É possível que tenham sido danificados. Mas alguns especialistas afirmam que eles não voam porque o EIIL não tem pessoas treinadas para pilotá-los.
-
22. Agora veja uma amostra do poderio bélico americano:
zoom_out_map
22/22 (US Air Force)