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Tunísia tenta conter avalanche de refugiados da Líbia

Fluxo de refugiados é tão alto que fronteira entre os países foi fechada provisoriamente para melhorar a organização; mais de 30 mil pessoas devem deixar a Líbia nos próximos dias

Refugiados líbios na Tunísia: 6 mil pessoas cruzaram a fronteira (Spencer Platt/Getty Images)

Refugiados líbios na Tunísia: 6 mil pessoas cruzaram a fronteira (Spencer Platt/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2011 às 19h34.

Ras el Jedir, Tunísia - As autoridades tunisianas tentam conter, cada vez com maior dificuldade, a avalanche de milhares de refugiados, em sua maioria egípcios, fugidos da Líbia e que estão parados na passagem de fronteira de Ras el Jedir, que nesta terça-feira ficou virtualmente fechada.

Embora as autoridades tunisianas informem oficialmente que a fronteira não foi fechada, mas simplesmente "interrompida para definir a melhor forma de evitar aglomeração nos controles de passaporte, o certo é que nesta terça-feira milhares de pessoas estão no local sem poder passar pelas cercas e os muros que separam a Líbia da Tunísia.

Agentes da Polícia e soldados do Exército tunisiano estão impotentes tentando acalmar os ânimos dos refugiados que tentam passar para Tunísia, muitos dos quais esperando por horas e visivelmente nervosos, sentimento que cresce também entre as forças de segurança tunisianas.

De fato, os soldados e os agentes muitas vezes se alteram porque as pessoas que já conseguiram entrar na Tunísia ficam em tamanho estado de excitação que exigem deixar imediatamente Ras el Jedir, o que é impossível, pois é preciso esperar transporte para levá-los até os acampamentos provisórios instalados a 8 quilômetros da fronteira.

As forças de segurança, inclusive, fizeram disparos para o alto para intimidar os refugiados.

Grupos de voluntários tunisianos, compostos por meninos jovens munidos de bastões tentam apoiar os policiais e os soldados.

"A situação está controlada e é controlável", declarou à agência Efe o porta-voz do Exército tunisiano no acampamento de Choucha, coronel médico Mohammed Esussi.

"Nas últimas 24 horas, 6 mil pessoas cruzaram e esperamos que nos próximos dias entre 30 mil e 40 mil façam o mesmo", disse Essusi.

Ao ser perguntado sobre a insistente exigência dos egípcios, o grupo mais numeroso de refugiados, sobre a presença de representantes diplomáticos a Ras el Jedir, o coronel Essusi revelou que havia entrado em contado com a embaixada do Egito e esperava algum funcionário na fronteira em breve, "mas, por enquanto, isso ainda não ocorreu".

Perguntado se a fronteira está fechada, um membro da Cruz Vermelha Internacional se limitou a dizer à Efe: "Veja você mesmo: muita gente não é autorizada a passar. Ou seja, a fronteira está fechada, embora não esteja oficialmente".

O representante revelou que a Cruz Vermelha tem de prontidão uma equipe médica especializada em cirurgia de urgência para enviar à Líbia assim que for possível.

O tumulto, o empurra-empurra e a correria provocam desmaios, luxações e torções entre os refugiados que são içados pelos ombros de seus companheiros e assim passados para o lado tunisiano, onde as equipes médicas os aguardam para fazer os primeiros curativos.

"O importante é manter a situação controlada, embora não sabemos o que ocorre do lado líbio", revela à Agência Efe uma porta-voz da missão da Comissão Europeia deslocada para Ras el Jedir.

"As pessoas estão esperando no outro lado porque tivemos de estabelecer filtros, turnos. Corríamos riscos se todas as pessoas quiserem entrar ao mesmo tempo", manifestou um voluntário tunisiano que colabora estreitamente com o Exército.

"A fronteira não está fechada. Simplesmente habilitamos um sistema para que as pessoas passem aos poucos e que nós tenhamos o controle", ressaltou o voluntário.

Pode ser que a ideia seja boa no papel, mas vendo o panorama em Ras el Jedir e o que se observa a partir do outro lado da cerca a percepção é de que a decisão não está acertada.

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