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Tunísia realiza primeiras eleições municipais livres

Cinco milhões de tunisianos elegem, neste domingo (6), os conselhos municipais do país, durante a primeira votação local livre

Protestante segura bandeira da Tunísia (ANIS MILI/Divulgação)
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AFP

Publicado em 6 de maio de 2018 às 10h46.

Cinco milhões de tunisianos elegem, neste domingo (6), os conselhos municipais do país, durante a primeira votação local livre, há muito esperada para fortalecer a democracia no único país que sobreviveu à chamada "Primavera Árabe".

As assembleias de voto abriram às 8h (4h de Brasília) e vão encerrar as atividades às 18h0 (14h de Brasília).

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Os resultados são esperados para os próximos dias.

"É um direito, mas também um dever", afirmou à AFP um eleitor, Ridha Kouki, de 58 anos. "Mesmo sem muita esperança, e se os projetos são vazios, vim cumprir com o meu dever", acrescentou.

"Nunca houve eleições municipais livres e competitivas", recorda Michael Ayari, pesquisador do International Crisis Group (ICG).

As eleições municipais anteriores foram realizadas sob o regime de um único partido.

Os observadores esperam, porém, uma grande abstenção, uma vez que, sete anos após a revolução, muitos tunisianos se dizem desmotivados diante da inflação, do desemprego persistente e dos acordos entre partidos que têm dificultado o debate democrático.

No início do ano, a Tunísia também foi afetada por um movimento de protesto impulsionado pela entrada em vigor de um orçamento de austeridade.

De acordo com observadores, os dois pesos pesados ​​da política, o Ennahda, uma formação islamita, e o Nidaa Tounes, o partido fundado pelo presidente Beji Caid Essebsi, os únicos a apresentarem listas em todas as cidades, poderiam conquistar boa parte dos municípios.

Adiada quatro vezes, esta eleição diz respeito a 350 municípios e envolve 57.000 candidatos.

Cerca de 30.000 membros das forças de segurança foram mobilizados, enquanto o país permanece em estado de emergência desde os ataques extremistas em 2015.

A votação marca o primeiro passo tangível da descentralização prevista na Constituição, que era uma das reivindicações da revolução lançada nas regiões marginalizadas por um poder hipercentralizado.

Na era do partido único, os municípios administravam apenas uma parte de seu território e tinham pouco poder de decisão, sujeitos à boa vontade de uma administração central que muitas vezes era clientelista.

Desde a queda do ditador Zine Abidine Ben Ali em 2011, as cidades são administradas por delegações especiais nomeadas pelo governo que muitas vezes não conseguem atender às demandas dos tunisianos.

Mas o país é dotado agora de um Código do Governo Local, votado in extremis no final de abril, que pela primeira vez torna entidades independentes, administradas livremente.

Nesse contexto, os eleitores ainda estão lutando para medir a importância desta eleição, já que a incerteza jurídica em torno das novas prerrogativas dos municípios foi levantada apenas durante a campanha, dificultando qualquer esforço para aumentar a conscientização.

Outro sinal de pouco interesse pela eleição, a votação antecipada de policiais e militares no final de abril registrou uma participação de apenas 12%.

Os observadores não excluem uma surpresa nesta eleição, com a participação de muitas listas independentes, o que poderia perturbar os complexos equilíbrios de poder em nível nacional.

As municipais serão seguidas pelas eleições legislativas e presidencial em 2019.

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